COP 28: Lula convoca entidades à luta para evitar avanço da extrema
direta
“Ou a gente
participa ou a extrema direita vai voltar com muita força, não apenas no
Brasil, mas em muitos outros países”, disse o presidente em tom de convocação
por Iram Alfaia
Publicado 02/12/2023 15:01 | Editado 02/12/2023 15:03
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva se reuniu neste sábado (2) com representantes de 135 organizações socais
brasileiras que participam da conferência do clima da Organização das Nações
Unidas (ONU), a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes.
Lula pediu que participação mais
ativa delas na construção de uma nova sociedade. “Ou a gente participa ou a
extrema direita vai voltar com muita força, não apenas no Brasil, mas em muitos
outros países”, disse o presidente em tom de convocação.
Para ele, as organizações, de agentes
reivindicadores, têm que ser formuladores e participativos. “É mais que
reivindicar. É participar. É mais que reivindicar. É ajudar a fazer”, afirmou.
O evento, organizado pelo ministro da
Secretária-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, contou a presença
de mais três ministros: Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima),
Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Leia mais: Lula conversa com secretário da ONU sobre papel do país
na Presidência do G20
“É um momento histórico. Eu já
participo da minha quinta COP e não tive nenhum momento parecido como esse, de
sentar com um chefe de Estado do Brasil para dialogar e construir uma política
ambiental de forma conjunta”, afirmou Dinaman Tuxá, coordenador da Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
O coordenador da Apib afirmou que as
entidades estão conscientes das demandas. “Sabemos do desafio que o Brasil está
tendo, não só do compromisso ambiental que foi firmado em nível internacional,
mas principalmente de cumprir com esse compromisso dentro do cenário nacional.
Saímos daqui com mais um comprometimento do presidente Lula em fazer essa
agenda verde e principalmente em garantir que os povos indígenas tenham acesso
aos seus territórios”, continuou.
Além de Tuxá, foram porta-vozes das
entidades Kátia Penha, ativista ambiental quilombola; Marcele Oliveira, que
representou a juventude brasileira; e Márcio Astrini, secretário-executivo do
Observatório do Clima.
Lula ouviu os anseios e preocupações
referentes à proteção dos territórios indígenas e quilombolas, conheceu uma
proposta do Conselho de Juventudes pela Ação Climática e Meio Ambiente
(Conjuclima) para a criação do Conselho Nacional pela Ação Climática e Meio
Ambiente, e foi alertado pelo representante do Observatório do Clima de que o
agravamento das mudanças climáticas resultará na perda de milhares de vidas,
principalmente das comunidades mais vulneráveis em todo o planeta.
Já Kátia Penha destacou o sentimento
de pertencimento que todos sentiram ao longo do evento. “O presidente Lula faz
esse acolhimento da sociedade civil brasileira. Depois de três COPs de um
governo não-inclusivo, a gente pode estar aqui com o governo brasileiro,
colocando as pautas coletivamente dos movimentos sociais organizados no
Brasil”, elogiou.
“E tratar a questão climática
emergencial para o Brasil é prioridade. Não só do governo brasileiro, mas de
toda a sociedade, de todas as pessoas que estão no campo, de todas as pessoas
que estão nas florestas e nas comunidades quilombolas”, prosseguiu.
Para Marcele Oliveira, integrante da
Coalisão O Clima de Mudança, do Rio de Janeiro, e representante na COP 28 da
Conjuclima, o evento trouxe ânimo por saber que o governo federal está atento à
crise climática e envolvido em encontrar soluções efetivas a médio e longo
prazo.
“Eu saio daqui com muita esperança de
que a gente consiga pensar esse futuro possível de forma organizada. Hoje a
gente veio não só para dar essa fala enquanto juventude, mas também para fazer
uma proposição. Quando a gente fala na proposição de um conselho a gente está
propondo um caminho de diálogo onde seja possível pautar assuntos delicados,
como combustíveis fósseis, como racismo ambiental, como justiça climática junto
com a periferia, com a juventude, com as comunidades quilombolas, comunidades
indígenas, com a população LGBTQIA+”, afirmou Marcele.
Referindo-se ao papel dos movimentos
sociais no fortalecimento do ambiente democrático, o presidente fez um alerta:
“Vocês aprenderam nos últimos tempos a compreender que muitas das coisas que
vocês reivindicam, que vocês brigam o dia inteiro, dependem de uma coisa
chamada: Fortalecimento da democracia no nosso país”, afirmou.
“Se a gente não leva isso em conta, a
cada eleição a gente vai reclamar que o poder legislativo está mais
conservador. E se ele estiver mais conservador, mais dificuldade nós teremos de
aprovar grande parte daquilo que vocês passam o ano inteiro reivindicando”,
concluiu Lula.
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