segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

NEM COM UMA FLOR HOMENAGEIA LUCI MACHADO.


NEM COM UMA FLOR HOMENAGEIA LUCI MACHADO.

     
Este ano o Bloco NEM COM UMA FLOR, da Secretaria da Mulher do Recife, que tem à frente a poetisa Cida Pedrosa, está homenageando a intrépida doce Luci. Justa homenagem.

Quem é Luci?

Estudante aplicada, professora de Língua Portuguesa e de Francês, que fez das salas de aula laboratórios para a vida.

Passou pela Ação pastoral católica, sindicalista, participou da resistência ao regime de exceção gerado pelo golpe de 64, por isso seu nome consta nos arquivos do DOPS.

Já foi homenageada por ex-alunos ( as ) e pelo SINTEPE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco  por sua atuação no Movimento de Resistência ao regime militar.

Atualmente contribui sistematicamente com o Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa da qual é coordenadora, e também é fundadora e coordenadora da T.C.M. Arrebenta Sapucaia! Sem negligenciar as lutas gerais,

Um ser humano bonito de fino trato mas saia da frente quem se apresentar nos caminhos do obscurantismo.

Parabéns para o Bloco NEM COM UMA FLOR e bom carnaval.


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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Gilson Reis: CPI da Mineração mostra que Vale precisa ser reestatizada

Gilson Reis: CPI da Mineração mostra que Vale precisa ser reestatizada

A tragédia da Vale em Brumadinho (MG) vai completar um mês, na próxima segunda-feira (25), sem que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais tenha instalado Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso. Enquanto isso, na capital Belo Horizonte, a Câmara Municipal concluiu com êxito, nesta terça-feira (19), a CPI da Mineração, presidida pelo vereador Gilson Reis (PCdoB). O relatório da comissão foi aprovado por unanimidade.

CPI foi concluída nesta terça, sob a presidência de Gilson Reis (de camisa branca, sem terno)CPI foi concluída nesta terça, sob a presidência de Gilson Reis (de camisa branca, sem terno)
Gilson está preocupado com os impactos que a Vale causou em seu estado, principalmente após o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. Com a tragédia, 169 pessoas morreram e outras 155 estão desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.

A CPI da Mineração de BH investigou as irregularidades da mineração predatória na Mina Corumi, na Serra do Curral – exemplo de como as grandes empresas, em nome do lucrativo comércio da extração do minério, cometem arbitrariedades e esquemas escusos. A CPI, de acordo com Gilson, fortalece a luta para que a Vale seja reestatizada. 

Iniciada em julho de 2018, a CPI da Mineração jogou luzes sobre uma região, a Serra do Curral, que é considerada patrimônio histórico de Minas. Depois de uma denúncia de ambientalistas, a Empresa de Mineração Pau Branco (Empabra) teve atividades suspensas pela Secretaria de Meio Ambiente.

“A companhia estava destruindo parte da serra de Belo Horizonte, explorando minério sem respeitar a legislação”, afirma Gilson. “A área explorada pela Empabra, equivalente a 550 piscinas olímpicas, é quatro vezes maior que a autorizada pela prefeitura de Belo Horizonte.”

Assim como a Empabra conseguiu explorar de forma indiscriminada, outras mineradoras também “se sentiram no direito de usar as mesmas prerrogativas para explorar o minério no estado”. Segundo Gilson, “o que acontece em Minas Gerais é a flexibilização das leis e protocolos para que ocorra a exploração em sua plenitude, sem respeitar o impacto ambiental ou a população local”.

Gilson Reis, também biólogo, denuncia os impactos da mineração desde seu primeiro mandato como vereador (2013-2016). Ele pôs em pauta os aspectos da população, ambientais e trabalhistas que envolvem a investigação. A CPI da Mineração realizou 32 reuniões e ouviu mais de 30 pessoas, entre ambientalistas, professores, moradores, ONGs, órgãos municipais, estaduais e federais e representantes da Empabra.

O parlamentar do PCdoB reconhece que, no Brasil, a mineração “é uma realidade, com relevância para o PIB brasileiro”. Porém, “as práticas criminosas exercidas pelas empresas mineradoras precisam ser eliminadas”, diz Gilson. “Com o resultado da CPI, criaremos algumas legislações e reforçaremos outras. Vamos proibir o uso de bacia de rejeitos, além de indicar técnicas de exploração avançadas, como a operação a seco. Exigiremos também uma relação ambiental forte”. 

Na visão de Gilson Reis, é hora de ampliar o debate sobre o papel estratégico do Estado no setor da mineração. “A reestatização da Vale precisa estar na pauta política do Brasil. O País precisa sair de uma condição colonial e retomar seu desenvolvimento. Enquanto a Vale esteve nas mãos do Estado brasileiro, não ocorreu nenhuma explosão de barragem de rejeitos.”

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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Zema, o governador do "Novo", barra CPI da Vale em Minas Gerais

Zema, o governador do "Novo", barra CPI da Vale em Minas Gerais

Nos corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputados reclamam de uma interferência de  Romeu Zema, o governador, do "Novo". Tudo porque Zema, empossado em 1º de janeiro, se empenha para barrar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

  
No último dia 4, o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) protocolou um requerimento pedindo uma CPI para investigar a tragédia. O documento conta com assinatura de 74 dos 77 membros da Casa. Mas, desde então, o colegiado não foi criado. 

Parlamentares se queixam que o chefe do Executivo – que já tratou o tema publicamente como “incidente” – está pressionando o Legislativo por conta da sua proximidade com diretores de mineradoras. A incumbência de dar prosseguimento à abertura de comissão cabe ao presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), e não foi feito até o momento. 

Outros dois requerimentos para instauração de CPI para apurar o caso de Brumadinho foram protocolados por Beatriz Cerqueira (PT) e Doutor Wilson Batista (PSD) na mesma data. Mas, durante reunião da Comissão de Administração Pública, Rodrigues declarou que obteve informações de que o governador não quer a abertura da CPI das barragens. 

“As informações que estão chegando lá do Palácio (Tiradentes) – e não são de quaisquer pessoas – é que o governador não quer a CPI. Mas é um governador que ganhou a eleição com o discurso de absoluta transparência e de defesa da sociedade”, diz Rodrigues. “Defender a sociedade é defender a CPI da tragédia criminosa de Brumadinho. Ele está com medo de quê? Onde esta a transparência? Ou será que as poderosas mineradoras continuam cercando o Parlamento e o governo do estado?”

De acordo com um deputado governista, o que se tem visto é que há interferência direta do Executivo no Legislativo. “Ele tem feito pressão para que não se abra essa CPI, que tem um poder de investigação grande e que, justamente por ser independente, foge do poder de interferência do governo ou da própria Mesa da Assembleia”, criticou. 

Outro político ouvido afirma que o entendimento é que Zema procura não se indispor com essas empresas porque elas geram empregos no estado. “Ele é empresário, conhece todos desse setor e sabe com quem não quer se indispor”, afirmou a fonte do bloco de governo.

Respostas

Questionado, o governo de Minas desmentiu que haja qualquer tipo pressão ao presidente da Assembleia e aos deputados, seja qual for o tema. Sobre o desastre da Vale, em Brumadinho, a assessoria informou que todas as ações do estado são para que os responsáveis sejam devidamente punidos – e que os esforços são para auxiliar toda e qualquer ação investigativa.

Conforme a nota, no dia seguinte à tragédia a Advocacia Geral do Estado, seguindo a solicitação do governador, moveu ação e conseguiu o bloqueio preventivamente de R$ 1 bilhão das contas bancárias da empresa mineradora. Por fim, o governo se pôs à disposição pelos canais da Ouvidoria Geral do Estado para receber manifestações quanto ao caso de Brumadinho.

Reunião

Nesta quarta-feira, Zema se reuniu em Brasília com o secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal de Oliveira. O encontro não apareceu na agenda oficial do governador de Minas, apenas na do secretário. Outro fato curioso é que, após a reunião com Zema, o responsável pela pasta terá encontro com os advogados da Vale que tratam da tragédia de Brumadinho. 

Na segunda-feira, na agenda com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Zema afirmou que se encontraria hoje com o ministro de Minas e Energia para discutir a tragédia de Brumadinho. O governador afirmou que as empresas e o governo estão tendo dificuldades para encontrar profissionais para atuarem na fiscalização das barragens. “Depois dessa tragédia de Brumadinho, nenhum técnico e nenhuma auditoria verifica mais barragem alguma. Ninguém quer ficar com a batata quente na mão”, declarou Zema. 

O governador declarou que é preciso encontrar uma solução que “concilie segurança e a viabilização da atividade mineradora no estado”. Segundo ele, caso a situação continue como está, Minas terá uma desestruturação total no setor. “Não é fácil lidar com um problema desses. Não podemos expor ninguém a riscos, mas também não podemos parar uma atividade tão relevante para o estado.”

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Vista a camisa da Arrebenta Sapucaia! 2019 e caia na gandaia

Vista a camisa da Arrebenta Sapucaia! 2019 e caia na gandaia

Valor unitário da camisa R$ 20,00 ( vinte reais )




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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Líder seringueiro - Galeano explica Chico Mendes: militância ecológica com luta social

Líder seringueiro

Galeano explica Chico Mendes: militância ecológica com luta social 

No artigo “Quatro frases que aumentam o nariz do Pinóquio”, publicado em 2011, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) desmascarou as mentiras mais contadas por falsos “especialistas” em meio ambiente: 1) “Somos todos culpados pela ruína do planeta”; 2) “É verde aquilo que se pinta de verde”; 3) “Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra”; e 4) “A natureza está fora de nós”.

O líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes (1944-1988): defesa da reforma agráriaO líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes (1944-1988): defesa da reforma agrária
Segundo Galeano, as quatro sentenças são meros pretextos para relativizar a necessidade da preservação ambiental e justificar os ataques mais ferozes das indústrias inimigas da natureza. Para piorar, o cinismo dessas indústrias vinha disfarçado por campanhas publicitárias voltadas a manipular a opinião pública.

Mas a ecologia não é neutra, afirmava o autor de Veias Abertas da América Latina. E poucos lutadores exemplificaram essa lógica melhor do que o líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes (1944-1988) – aquele mesmo que, segundo Ricardo Salles, ministro “predador” do Meio Ambiente no governo Bolsonaro, é “irrelevante”.

A opinião de Galeano é outra: “Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil”.

Nesta semana em que a memória de Chico Mendes foi tão torturada, o site Outras Palavras fez bem em republicar o artigo de Galeano. O trecho em que o autor cita Chico Mendes – ao descrever a terceira mentira que se conta sobre o meio ambiente – segue abaixo:

3- Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.
Por Eduardo Galeano

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco-92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. 

E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. 

Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das dez maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos – mas, sim, privilégios dos poucos que podem pagar por eles. 

Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil.

Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de cem trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que 4 milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. 

As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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Intolerância fascista - Ativista de causas ambientais é torturada e assassinada na Bahia

Intolerância fascista

Ativista de causas ambientais é torturada e assassinada na Bahia

Rosane Santiago Silveira, lutadora de causas ambientais, culturais e de direitos humanos foi brutalmente torturada e assassinada na cidade de Nova Viçosa, Sul da Bahia, no dia 29 de janeiro.Rosane é mais uma vítima do fascismo apadrinhado por Bolsonaro, para o qual é preciso acabar com o “ativismo ambiental xiita”.

Por Phillipe Pessoa, especial para os Jornalistas Livres

  
Ela foi encontrada morta dentro de sua casa, com pés e mãos atados e feridos, pano em volta do pescoço (indicando estrangulamento), duas perfurações por arma branca (possivelmente faca) e uma perfuração por arma de fogo na cabeça (possivelmente por trás). O caso foi inicialmente tratado como suposto latrocínio, embora objetos de valor, entre eles o notebook da vítima, não tenham sido levados, e dos claros indícios de tortura. O delegado Marco Antônio Neves, que chefia as investigações, alterou a hipótese para feminicídio, tortura e extermínio. A bancada do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) baiano está em contato com os responsáveis por desvendar o caso e trazer os autores do crime à justiça.

Rosane, conhecida carinhosamente por Rô Conceição, vivia há 18 anos em Nova Viçosa, onde vinha lutando para criar uma associação de proteção da ilha de Barra Velha (área de reserva ambiental extrativista) e denunciando exploração predatória nos conselhos locais e regionais. Integrava o Conselho da Reserva Extrativista de Cassurubá.

Rô nasceu em Vitória em 1960, tendo passado a maior parte da vida em Belo Horizonte, onde teve três filhos. Participou do movimento pela ocupação da moradia Borges da Costa, movimentos culturais, dos direitos humanos e sindicais. Foi criadora da cantina natural do Diretório Acadêmico do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde eram promovidos eventos artísticos, produção de alimentos conscientes e ponto de encontro de gerações de amigos e militantes. Foi sepultada no dia 31, no Bosque da Esperança em Belo Horizonte (MG).

O crime brutal reflete o início de um governo que vem extinguindo departamentos ministeriais responsáveis por questões ambientais e sinalizando flexibilização e enfraquecimento da fiscalização e penalização de crimes ambientais. Somam-se a isso as declarações dantescas do presidente eleito, de que pretende acabar com o que chamou de “ativismo ambiental xiita” e acabar com a “indústria de demarcação de terras indígenas”.

Rô Conceição junta-se às dezenas de ativistas ambientais assassinatos a cada ano no Brasil. O País liderou, em 2016 e 2017, ranking de assassinatos de ativistas ambientais segundo a ONG britânica Global Witness, que relatou 57 execuções em 2017. Sua família, amigos e todos aqueles que lutam por justiça social, clamam por respostas 

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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sábado, 9 de fevereiro de 2019

GRANDE MANHÃ DE SOL 2019 com Bingo



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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Brumadinho - Vale foi advertida sobre sensores 2 dias antes da tragédia, diz PF

Brumadinho

Vale foi advertida sobre sensores 2 dias antes da tragédia, diz PF

E-mails trocados entre profissionais da Vale e de duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho mostram que, dois dias antes do rompimento, a mineradora já havia identificado problemas nos dados de sensores responsáveis por monitorar a estrutura. A Polícia Federal (PF), que investiga o caso, identificou os e-mails. De acordo com o último levantamento, 150 pessoas morreram na tragédia e 182 estão desaparecidas.

Delegado da Polícia Federal referiu-se à existência de e-mails trocados entre os funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tec WiseDelegado da Polícia Federal referiu-se à existência de e-mails trocados entre os funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tec Wise
A TV Globo teve acesso aos depoimentos prestados por dois engenheiros da empresa TÜV SÜD, André Jum Yassuda e Makoto Namba, responsáveis por laudos de estabilidade da barragem. Eles haviam sido presos em dia 29 de janeiro, mas por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça) foram soltos na terça-feira (5). Os advogados Augusto de Arruda Botelho e Brian Alves Prado, que defendem os engenheiros, disseram que não comentarão o conteúdo do depoimento.

Já o delegado Luiz Augusto Nogueira, da Polícia Federal, referiu-se, no depoimento, à existência dos e-mails trocados entre os funcionários da Vale, da TÜV SÜD e da Tec Wise, outra empresa contratada pela Vale. Segundo Nogueira, as mensagens começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38, e se prolongaram até as 15h05 do dia seguinte. A barragem se rompeu em 25 de janeiro, às12h28min25s.

Nas perguntas, Nogueira afirma que o assunto das mensagens “diz respeito a dados discrepantes obtidos através da leitura dos instrumentos automatizados (piezômetros) no dia 10 de janeiro de 2019, instalados na barragem B1 do CCF, bem como acerca do não funcionamento de 5 piezômetros automatizados”. No depoimento não constam, no entanto, detalhes sobre as mensagens.

O engenheiro Makoto Namba afirma que só ficou sabendo das alterações dos dados fornecidos pelos sensores após o rompimento da barragem. Depois de ler as mensagens para Namba, o delegado o questionou: “qual seria sua providência caso seu filho estivesse trabalhando no local da barragem?”.

Namba respondeu, segundo o relatório da PF, que “após a confirmação das leituras, ligaria imediatamente para seu filho para que evacuasse do local bem como ligaria para o setor de emergência da Vale responsável pelo acionamento do PAEBM [Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração] para as providências cabíveis”.

No depoimento, Makoto Namba também falou sobre uma reunião com funcionários da Vale sobre o laudo de estabilidade assinado por ele. Segundo o engenheiro, um funcionário da Vale chamado Alexandre Campanha o perguntou: “A TÜV SÜD vai assinar ou não a declaração de estabilidade?”. À PF, Namba disse à PF ter respondido que a empresa assinaria o laudo se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018. No entanto, ainda assim, assinou o documento.

Segundo ele, “apesar de ter dado esta resposta para Alexandre Campanha, o declarante sentiu a frase proferida pelo mesmo e descrita neste termo como uma maneira de pressionar o declarante e a TÜV SÜD a assinar a declaração de condição de estabilidade sob o risco de perderem o contrato”. A TÜV SÜD informou que não comentaria o assunto por estar sob sigilo.

Fonte: Portal Vermelho A esquerda Bem Informada
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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB: por que a privatização está por trás do rompimento das barragens

Movimento dos Atingidos por Barragens

MAB: por que a privatização está por trás do rompimento das barragens 

Daiane Hohn, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), participou do último programa No Jardim da Política para avaliar as causas e desdobramentos do rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG).

Para Daiane Hohn, há descaso das mineradoras com os atingidos pela barragemPara Daiane Hohn, há descaso das mineradoras com os atingidos pela barragem
Nos estúdios da Rádio Brasil de Fato, Hohn ressaltou que moradores de diversas outros municípios, além de Brumadinho, serão atingidos, já que a lama tóxica deve atingir outras 19 cidades ao longo do rio Paraopeba e as comunidades banhadas pelo rio São Francisco também podem sofrer com a contaminação.

A entrevistada avalia que a privatização da Vale é um dos principais fatores que explica o rompimento da barragem. "A Vale foi privatizada em 1997, foi entregue para a iniciativa privada que busca o lucro máximo em detrimento do meio ambiente e das pessoas. Se precisar, vai intensificar a exploração do meio ambiente para garantir os lucros", afirmou Hohn.

Leia a entrevista completa:

Depois do rompimento da barragem em Mariana, a Vale prometeu ao país e ao mundo que aquilo não iria acontecer novamente. No entanto, agora vemos o rompimento da barragem em Brumadinho com mais de 100 pessoas mortas e mais de 200 desaparecidas. Qual sua análise?Além de todas essas pessoas que já foram identificadas, sabemos que a lista tende a aumentar. O número de desaparecidos, na nossa avaliação, ainda é maior do que este. Muitas famílias não vão conseguir enterrar seus mortos. Além disso, a lama vai passar pelo rio Paraopeba, atingindo mais 19 municípios, e vai chegar até Três Marias, na divisa com a bacia do rio São Francisco.

Essa lama vai impactar ainda aproximadamente um milhão de pessoas em Minas Gerais. Sem falar em 18 milhões de pessoas que moram nos 500 municípios da bacia do rio São Francisco que provavelmente serão contaminados com os resíduos da mineração. A expectativa é que a lama seja contida na barragem de Retiro Baixo, mas a contaminação desse rejeito provavelmente vai atingir mais pessoas. Como o que aconteceu no caso de Mariana: a água contaminada chegou ao Espírito Santo e chegou ao oceano. Nos preocupa a contaminação de toda essa bacia. É um crime grandioso, porque afeta milhões e milhões de pessoas na bacia do rio São Francisco. O Brasil é atingido pelo rompimento da barragem em Brumadinho, não só Minas Gerais.

Você deu a perspectiva do tamanho da tragédia e do número de pessoas que ainda serão atingidas. Sobre a questão da indenização, como foi para os atingidos em Mariana e qual a perspectiva para os atingidos em Brumadinho?Em Brumadinho, precisamos do afastamento imediato da Vale. Afinal, é a criminosa lidando com o crime. Não podemos deixar que a empresa esteja na cena do crime, porque em Mariana eles cadastraram as pessoas, formularam um acordo, criaram uma fundação para gerenciar recurso, pensaram quais ações reparatórias seriam dadas, de forma individual, de forma isolada – eles e parte do governo, não houve participação popular e os atingidos não participaram em momento algum das decisões sobre os rumos de suas vidas.

Em virtude disso, três anos depois da lama, nós temos Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e várias outras comunidades que ainda não foram reconstruídas. A negação dos direitos continua. Em virtude do que já aconteceu em Mariana, de como a empresa trata os atingidos, nós estamos dizendo: a Vale não pode estar em Brumadinho neste momento, não pode querer assumir a tarefa de cadastrar as pessoas.

Esta semana conseguimos fazer uma reunião, e foi uma vitória dos atingidos de Brumadinho, com o Ministério Público estadual e com a defensoria pública, porque eles [Vale] estavam fazendo cadastro dos atingidos por meio de uma empresa chamada Sinergia. O que os atingidos estão dizendo é que não pode ser feito um cadastro, porque neste momento as pessoas não têm condições emocionais de dizer o que perderam, não conseguem ainda dimensionar. Então, o que conseguimos fazer foi afastar a Vale e a Sinergia deste processo.

Está sendo construído um formulário emergencial para que, minimamente, haja uma lista de quais são as famílias atingidas, porque ainda estamos tentando entender quem são, quantas são, o que tinham. Tudo muito superficial ainda, para que daqui uns dias de fato se possa construir esse cadastro em elaboração coletiva com os atingidos e se identifique o que foram essas perdas, sob vários aspectos, ambiental, social, de renda, enfim. Por isso nós insistimos para que o formulário seja feito por uma empresa pública, que o Estado faça esse cadastramento.

O número de pessoas atingidas pode crescer, certo? As pessoas que vivem ao longo do rio Paraopeba e do rio São Francisco, caso os rejeitos cheguem até lá, também entrariam no cadastro de atingidos?É neste sentido que buscamos a política nacional dos atingidos por barragens, para ampliar e poder contabilizar tudo o que é levado em consideração quando uma localidade é atingida. Não necessariamente pela lama, mas pela renda, por exemplo. Muitos pescadores na bacia do Rio Doce foram atingidos depois [do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana] e até hoje estão com a renda comprometida. Muitas comunidades indígenas, após a lama passar, sentiram os impactos. Então, comunidades inteiras de ribeirinhos e de pescadores, no Espírito Santo, perceberam o impacto depois de muito tempo. É neste sentido que pensamos a política de atendimento das populações atingidas pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Não pode ser a empresa determinando quem é ou não é atingido.

As reparações ainda estão longe de serem feitas com os atingidos em Mariana e acontece este novo caso em Brumadinho. O que está por trás do rompimento dessas barragens?Acreditamos que o que está por trás do rompimento da barragem em Mariana e em Brumadinho é a privatização. A Vale foi privatizada em 1997, foi entregue para a iniciativa privada que busca o lucro incessante em detrimento do meio ambiente e das pessoas. Se precisar intensificar a exploração do meio ambiente para garantir os lucros, vai ser feito. O que aconteceu em Brumadinho tem essa causa de fundo, isso aconteceu pelo modelo de privatização da empresa.

A falta de fiscalização dos órgãos competentes – seja a secretaria estadual, seja o governo federal – é consequência deste modelo de mineração. De acordo com o relatório da ANA [Agência Nacional de Águas], existem 24 mil barragens no Brasil e só 3% são fiscalizadas. E mais do que isso, 45 dessas barragens estão com problema, estão em alto risco de rompimento. Brumadinho nem estava nesta lista.

Isso significa que tem uma deficiência nesta lista, não dá para confiar nela. O banco de informações que alimenta a ANA vem das próprias empresas que repassam as informações que lhes interessam. Não são os órgãos públicos que fazem essa fiscalização. Em parte sim, mas quem também acaba fazendo são as próprias empresas.

A população não é avisada do que está acontecendo. Não existe plano de alerta ou de evacuação desta população. Não temos informação atualizada da quantidade de pessoas que vivem em torno destes projetos. Não tem plano de resgate destas vítimas. Temos centenas de mortos e desaparecidos em Brumadinho. Quantos poderiam ser salvos se tivesse um plano de resgate dessas vítimas?

Não tem política de reparação de quem já perdeu. Mariana não tem política de reparação, os atingidos por barragens no Brasil não tem política de reparação, e Brumadinho, infelizmente, vai ser mais um caso. Se a sociedade não cobrar, nós não vamos ter política de reparação aos atingidos e vamos ver recorrentemente o que está acontecendo.

Você falou sobre a questão do lucro das empresas e apontou a privatização como problema. Nós estamos em um momento em que se anuncia uma série de privatizações, com mais empresas privadas cuidando de bens públicos. Como você avalia essas perspectivas de privatização e esses desastres que estão acontecendo?
Essa é uma grande preocupação: como lidar com a ganância das empresas que querem explorar sem cuidar das pessoas e do meio ambiente. É mais barato indenizar as famílias do que reestruturar as instalações das barragens para que se adequem à padrões de segurança atuais. Um grupo dos atingidos esteve com a [procuradora-geral da República] Raquel Dodge cobrando para que mudanças estruturais sejam feitas diante do que aconteceu em Brumadinho. Uma das questões que se apresentava para Dodge é a mudança do modelo de mineração.

Não pode continuar do jeito que está. Essa tecnologia está obsoleta e precisamos desativar as barragens que estão à montante de populações. Por outro lado, a Vale tem que ser responsabilizada. O Estado não tem que puxar para si uma responsabilidade que não é sua, é uma responsabilidade exclusiva da Vale. A Vale tem que reparar os atingidos. Que essa mediação seja feita e que os atingidos e a sociedade civil estejam acompanhando as decisões permanentemente. A participação dos atingidos em todo o processo e a sociedade junto, definindo essas grandes políticas, é fundamental para evitar a repetição de crimes desta natureza.

Quais as consequências dessa lama tóxica para a saúde da população de Mariana e também, agora, para a população de Brumadinho?Vemos com muita preocupação a questão da saúde dos atingidos de Brumadinho e dos municípios da bacia do rio São Francisco em virtude do que aconteceu em Mariana. O que temos visto é que a empresa se nega a reconhecer que casos de saúde, de alergia, de problemas estomacais e problemas emocionais, como depressão, sejam causados pelo rompimento da barragem em Mariana.

Inclusive foi feita uma pesquisa no ano passado, ainda com pequena amostra em Mariana, que revelou altos índices de lama no organismo das pessoas, até nas crianças. Algumas dessas pessoas vieram até São Paulo para fazer exames e diagnosticar que tipos de elementos químicos constam em seu corpo. Mas a empresa se negou o tempo todo a pagar os custos desses exames e, inclusive, disse que não era verdade que o que estava sendo levantado pelos profissionais da Rede de Médicas e Médicos Populares, que acompanharam o caso, e dos médicos que estavam atendendo.

Estamos preocupados com o que vai acontecer na vida dos atingidos pela contaminação da água, dos resíduos, da lama, dos alimentos, dos peixes, enfim, é uma série e vasta possibilidade de contaminação que está colocada hoje para o Brasil. São Paulo, por exemplo, é alimentado pelas frutas e pelo pescado do rio São Francisco. Quem está em São Paulo também é atingido pelo rompimento da barragem em Brumadinho. A população brasileira é atingida por mais este crime e temos que responsabilizar os acionistas e a empresa para que isto não volte a acontecer.

Como você avalia essa disputa de narrativa com a Vale querendo emplacar que foi um "acidente" e falando em "doações" para as famílias atingidas?A Vale está preocupada com sua reputação pública, sua imagem diante dos investidores, por isso vai dizer que foi acidente e não vai se responsabilizar. A tarefa da sociedade brasileira é a reafirmação que isso tem sim um responsável: é a empresa Vale. É nessa perspectiva que a sociedade precisa cobrar do Estado por leis que tragam justiça e cuidem do meio ambiente e das pessoas.

Estamos construindo uma rede de solidariedade em Brumadinho com distintas organizações que estão ajudando as famílias neste momento difícil. Desde a busca dos corpos, a identificação, o apoio psicossocial das famílias que estão fortemente abaladas, garantindo que possam participar para poder escolher e definir os rumos do seu futuro e das próximas gerações. Por isso, o Movimento dos Atingidos por Barragens está lá, mas contamos com uma rede enorme de solidariedade e precisamos continuar contando. Já temos uma imensidão de pessoas e organizações que se colocam à disposição para contribuir de diversas formas em Brumadinho e vamos precisar por um longo período. O que aconteceu em Mariana nos dá esse legado: três anos de luta, de lama e de impunidade.

No decorrer dos dias, a tendência é que a sociedade esqueça o que está acontecendo e por isso precisamos estar juntos, construindo essa rede de solidariedade, para cobrar dos responsáveis, para evitar novos crimes desta natureza que tendem a acontecer se não mudar a forma como é aplicada a mineração e as barragens no Brasil.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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Brumadinho - Lama tóxica da Vale espalha doenças e agrava tragédia em Brumadinho

Brumadinho

Lama tóxica da Vale espalha doenças e agrava tragédia em Brumadinho

Os moradores de Brumadinho e região, em Minas Gerais, continuam a sofrer com a tragédia da Vale, iniciada em 25 de janeiro, com o rompimento de uma barragem da mina Córrego do Feijão. O mar de lama que se formou, potencialmente rico em metais pesados perigosos à saúde, já começa a oferecer riscos à saúde dos moradores na região.

Contato com a lama eleva o risco de doenças de pele, infecções, febre amarela, dengue e leishmanioseContato com a lama eleva o risco de doenças de pele, infecções, febre amarela, dengue e leishmaniose
Rejeitos de mineração são resultado do processo de separar o minério de ferro bruto de impurezas sem valor. É essa sobra que contém restos de minério, sílica e derivados de amônia. A Vale afirma que a lama não é tóxica. Mas especialistas garantem que há danos ambientais graves, como a contaminação do solo e da água por minério fino proveniente da sobra dos rejeitos.

A extensão do impacto ainda é difícil de ser medida. As primeiras medições, feitas no domingo (3) pela Fundação SOS Mata Atlântica, surpreenderam: desde o “marco zero” da tragédia, em Brumadinho, até a hidrelétrica de Três Marias, em Felixlândia, o rio Paraopeba pode ser considerado morto.

“Mesmo os que não tiveram contato com a lama poderão se contaminar por meio do consumo de água que esteve em contato com a lama e, ainda, pela inalação da poeira gerada pela grande área exposta com essa lama”, adverte a química Claudia Carvalhinho Windmoller, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que coordenou uma das primeiras pesquisas sobre a contaminação após o desastre de Mariana.

A composição dos rejeitos ainda não foi divulgada pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais. Mas, segundo Claudia, a lama de Brumadinho deve ser semelhante à que inundou o distrito de Bento Rodrigues em 2015. “Estamos falando de uma lama possivelmente fonte de metais como ferro, alumínio e manganês em quantidades muito grandes, além de metais mais tóxicos, em menor quantidade, como cromo, chumbo, arsênio e níquel”, explica a química.

Em nota, a Secretaria de Saúde orientou a população a não consumir alimentos que tiveram contato com a lama, nem mesmo os que estavam embalados e enlatados, e não ingerir água ou comer peixes do rio Paraopeba, assim como não nadar ou pescar no rio. O texto esclarece que quem apresentar sintomas como vômitos, coceira, tontura e diarreia após entrar em contato com a lama ou com alimentos contaminados deve procurar imediatamente uma unidade de saúde.

“É preciso lembrar também que os animais da região possivelmente foram contaminados e ajudarão que as doenças se espalhem para a população”, completa Claudia. No mesmo sentido, a Fundação Oswaldo Cruz diz haver a possibilidade imediata de surtos de doenças infecciosas, como dengue, febre amarela e esquistossomose, além de mudanças no bioma e agravamento de problemas crônicos de saúde, como hipertensão, diabetes e doenças mentais (depressão e ansiedade, por exemplo). 

Possíveis enfermidades
Se confirmadas as semelhanças entre os rejeitos das barragens de Fundão e do Córrego do Feijão, Claudia diz já ser possível prever as doenças que devem acometer a região de Brumadinho, uma vez que existem muitos estudos sobre os atingidos em Mariana. Com base nesse e outros estudos que vêm sendo desenvolvidos desde 2016, espera-se, para este momento, riscos de doenças de pele, infecções, febre amarela, dengue e leishmaniose.

O maior risco à saúde da população de Brumadinho, contudo, poderá não ser percebido agora, mas com o tempo: a exposição prolongada a metais pesados leva a uma acumulação desses elementos no organismo dos seres vivos. “A ingestão contínua de água ou alimentos contaminados com os metais pesados, assim como a irrigação do solo com água do rio Paraopeba, levará a uma exposição prolongada, o que provocará várias doenças, entre elas neurológicas e câncer”, adverte Claudia. “O mesmo pode acontecer no caso da inalação da poeira por tempos prolongados.”

Contaminações por metais pesados podem levar ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de pele e o pulmonar. O arsênio, por exemplo, é capaz de atingir os sistemas respiratório, cardiovascular e nervoso, levando ao desenvolvimento de tosse crônica e até insuficiência pulmonar. O chumbo pode afetar funções da memória e do aprendizado, ocasionando tremor muscular, alucinações e perda da capacidade de concentração. Já o mercúrio se acumula, principalmente, nos sistemas digestivo e reprodutor, levando a perdas das funções nesses sistemas.

Sobre doenças autoimunes, a contaminação por metais pesados pode estar relacionada com a esclerose múltipla. No que diz respeito a doenças neurológicas, a ingestão prolongada por alumínio, por exemplo, pode levar ao desenvolvimento de Alzheimer.

Em 2016, o Instituto Saúde e Sustentabilidade realizou uma pesquisa chamada “Avaliação dos riscos em saúde da população afetada pelo desastre de Mariana”. Resultados mostraram que 60% das crianças de até 13 anos da região atingida pela barragem de Fundão, da Samarco, apresentavam alergias de pele e doenças respiratórias. Entre os adultos, os problemas respiratórios foram relatados em 40% dos entrevistados. Também foram registrados transtornos mentais e comportamentais (11%), doenças infecciosas (6,8%) e doenças de olho (6,3%). Entre os sintomas relatados, os mais comuns foram ansiedade e dor de cabeça. 

Segundo relatório do Ibama de 2015, as áreas afetadas pelo desastre de Mariana estavam mais propensas à reprodução de vetores de doenças como dengue, chikungunya, zika vírus, esquistossomose, chagas, leishmaniose e problemas com animais peçonhentos. De fato, dois meses após o rompimento da barragem, localidades próximas apresentaram surtos de dengue. No distrito de Barra Longa, a 60 quilômetros do local do acidente, casos de dengue aumentaram em 3.000% um ano e meio após o desastre em Mariana.

Desde 2017, o governo federal passou a admitir que o rompimento da barragem da Samarco em 2015 pode ter relação com o surto de febre amarela vivido pelo sudeste brasileiro entre 2016 e 2018, que deixou pelo menos 650 mortos no período. A barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, rompeu em pleno verão, época de maior risco de transmissão de febre amarela, chikungunya, zika vírus e dengue.

“Minha maior preocupação em Brumadinho, no que diz respeito às doenças infecciosas, é com a dengue, principalmente nesse período do ano, com as chuvas. A água não pode se acumular e ficar parada ali, em garrafas, tampinhas, demais lixo e casas abandonadas. A situação se agrava porque não terá como fazermos a profilaxia da dengue – a que fazemos nos quintais das casas - naquela lama contaminada”, diz o vice-presidente regional da Sociedade Brasileira de Imunizações, em Minas Gerais, José Geraldo Leite Ribeiro. 

Para minimizar os efeitos a longo prazo, será preciso retirar os rejeitos vazados na região, evitando a exposição continuada, seja pela contaminação do solo, das águas ou por meio na inalação da poeira, afirma, Claudia. “As autoridades devem cobrar dos responsáveis pelo desastre a retirada da lama, pelo menos de locais estratégicos que podem impactar mais a saúde humana e o meio ambiente”, apela a professora. Segundo ela, outra medida essencial, tanto para a população quanto para o meio ambiente, é a realização de monitoramentos periódicos.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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domingo, 3 de fevereiro de 2019

Brumadinho - Manifestantes protestam em frente à Vale; número de mortos chega a 115

Brumadinho

Manifestantes protestam em frente à Vale; número de mortos chega a 115

 Um grupo de 80 pessoas protestou nesta sexta-feira (1/2) em frente à sede da mineradora Vale, na Praia de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro (RJ). Foi o segundo ato apenas nesta semana.

 Manifestantes caracterizados de mineradores e sujos de lama levaram faixas e cartazes
Agência Brasil
 Manifestantes caracterizados de mineradores e sujos de lama levaram faixas e cartazes
 Os manifestantes reclamam do desastre com o rompimento na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte (MG). Eles protestam contra o número de mortos, que chega a 115, e de desaparecidos, que atinge 248.

Os manifestantes desceram na Estação Flamengo do Metrô e seguiram em passeata até o edifício-sede da empresa, interditando uma das faixas da Praia de Botafogo. Caracterizados de mineradores, com o uniforme e capacete da Vale, e sujos de lama, eles levaram faixas e cartazes.

Os manifestantes acenderam velas em frente à sede da mineradora em homenagem às vítimas. Em uma das faixas se lia: “Quanto Vale a vida? Vale nada”. Outros carregavam quadros emoldurados com as notícias da última semana, que descreviam a tragédia.

Um padre e dois pastores evangélicos também compareceram à manifestação. Foram chamados também líderes de religiões de matriz africana, que não puderam comparecer.

Mortes
Também nesta sexta-feira, a Defesa Civil de Minas Gerais informou que aumentou o número de mortos e desaparecidos entre as vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte. O balanço revelou 115 mortos, 248 desaparecidos e 395 localizados. Dos mortos, 71 foram identificados.

Segundo a Defesa Civil, aumentou o número de desaparecidos a partir de informações transmitidas ao serviço de ouvidoria da empresa Vale. Por isso, foram incluídos mais dez nomes na relação de desaparecidos.

O porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, avaliou que o ritmo de identificação dos corpos deve diminuir. Segundo ele, o trabalho fica mais complexo por se tratar de vestígios de mais difícil acesso abaixo da lama. “Agora os trabalhos são mais delicados, de escavação. É necessário fazer toda a nivelação do solo. E mesmo com o corpo encontrado, por conta da decomposição é necessário um trabalho minucioso”, explicou.

Ele comentou que os bombeiros não podem eliminar a chance de encontrar pessoas com vida, mas que, diante das dimensões do desastre, a possibilidade de isso ocorrer é “pequena”. Aihara não deu previsão de até quando os trabalhos de busca devem continuar. No caso de vítimas posicionadas dentro de estruturas, exemplificou, o raio de procura seria menor. Já aquelas pessoas que estavam no campo aberto podem ter sido projetadas para distâncias maiores.
Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Brumadinho - Corrigir o descalabro


João Guilherme Vargas Netto

Corrigir o descalabro


 É muito difícil pensar ou escrever sobre a catástrofe de Brumadinho sem indignação.

Para aonde se olha o que se vê é desleixo, descuido, irresponsabilidade, conivência, egoísmo, impunidade e avidez de lucro. A lama emporcalha tudo.

É o processo do capitalismo, selvagem e “civilizado”.

Os sofrimentos do povo mineiro, dos trabalhadores da Vale – empregados diretos e terceirizados -, dos familiares e dos moradores são minorados pela imensa corrente de solidariedade e de abnegação dos bombeiros, dos militares envolvidos nas buscas e dos voluntários e doadores de gêneros de toda ordem. A própria cobertura midiática tem sido dramaticamente solidária às vítimas e denunciadora dos malfeitos.

No processo do capitalismo e na indignação cresce e avulta a condição humana, sofredora e solidária.

Mas não é hora só de lágrimas. É hora de extrair lições que, infelizmente, não foram aprendidas com a tragédia de Mariana, até hoje sem responsáveis condenados, sem indenizações às vítimas, sem pagamento de multas e sem correção efetiva dos danos.

A apuração rigorosa dos fatos e a criminalização dos responsáveis são imperiosas. Isto deve ser feito sem o amargo sentimento de condenação injusta, de linchamento.

A Vale, uma das maiores empresas do Brasil e do mundo, foi irresponsável. As suas atividades, corrigidos os erros, devem ser preservadas porque a alternativa seria, como dizem os mineiros, queda e coice.

O movimento sindical manifestou-se solidário e compassivo. Manifestou-se também preocupado com os aspectos trabalhistas da catástrofe, exigindo, por exemplo, que se altere a famigerada lei trabalhista celerada no que diz respeito às indenizações por acidentes de trabalho. O artigo da lei que trata do assunto foi desmascarado na sua intenção malévola.

Razão tem o deputado federal recentemente eleito, Motta, do PR e dos comerciários de São Paulo, em propor uma emenda supressiva de tal artigo no corpo da lei. A indignação com a tragédia reforça o pleito do deputado entre seus colegas de vários partidos (até mesmo alguns reeleitos que haviam votado o texto da lei).

Junto com a indignação, com a tristeza e a solidariedade, é preciso manter a chama da resistência e o empenho de corrigir o descalabro.
* É consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo
Fonte: Portal Vermelho A esquerda Bem Informada

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