sexta-feira, 4 de junho de 2010
Patrimônio histórico e cultural do povo de Pernambuco, o Hospital Ulysses Pernambucano, construído com recursos públicos e inaugurado em 1883, hoje especializado no atendimento a pacientes portadores de transtorno mental grave; o CPTRA, Centro de Prevenção e Tratamento do Alcoolismo; e o Hospital Helena Moura, bem como toda a exuberante área verde de quase 80 000 metros quadrados do Sítio da Tamarineira, vinha sendo alvo do interesse da iniciativa privada desde o final da década de 80.
De imediato, surgiu uma grande mobilização da sociedade, formada por entidades da área de saúde, de defesa do meio ambiente, da área cultural, bem como por cidadãos de todas as classes sociais e das mais diversas atividades profissionais, na defesa da manutenção dos serviços aqui prestados, todos de elevado alcance social e de toda a área verde em torno das edificações.
Estava criado assim o Movimento Amigos da Tamarineira.
Numa primeira grande e importante iniciativa a mobilização conseguiu o tombamento do “edifício principal, bem como seu respectivo entorno e demais benfeitorias”, mediante aprovação pelo Conselho Estadual de Cultura e posterior assinatura, pelo governador do Estado, do Decreto 15.650, de 20 de março de 1992.
Em 2004 uma nova conquista do Movimento, a transformação da área em Imóvel de Proteção de Área Verde, em iniciativa do ex-vereador Luiz Helvecio aprovada pela Câmara e sancionada pelo então prefeito.
No entanto, apesar dos impedimentos legais para a descaracterização do chamado Sítio da Tamarineira, continuaram as investidas dos grupos empresariais interessados na privatização do espaço, que contaram, durante todos os momentos, e de forma lamentável, com o apoio da Santa Casa de Misericórdia. É importante ressaltar que lances importantes de suas estratégias foram realizados nas caladas da noite, como foi o caso da assinatura do contrato entre a Santa Casa e o grupo Realesis, em 2008, e que somente veio a tona em fevereiro desse ano de 2010.
A sociedade estava disposta à luta, mesmo sabendo que o enfrentamento exigiria de todos sangue, suor e lágrimas. Nesse espaço várias mobilizações foram realizadas, sempre com importante participação popular, que para aqui vinha com o objetivo de defender o interesse coletivo. Muitos se expressaram na forma de artigos publicados nos meios de comunicação, ora denunciando a ilegalidade do negócio, mas sempre defendendo a manutenção do uso público de todo o espaço.
O anúncio que V. Exa. fez no dia de ontem, prefeito João da Costa, da desapropriação do Sítio da Tamarineira, com o objetivo de serem mantidas as atividades das três unidades de saúde e de ser criado um parque, com o pressuposto básico de manutenção de toda a sua área verde, tem algumas características que precisam ser ressaltadas.
Em primeiro lugar, V. Exa. agiu em perfeita sintonia com a vontade da esmagadora maioria da população; em segundo lugar, V. Exa. decidiu levando em conta a necessidade do Recife em oferecer melhor qualidade de vida à seus moradores; e, por fim, V. Exa. teve visão de futuro, uma vez que todos temos conhecimento das inúmeras ameaças que pairam sobre o mundo, e, em particular, para a nossa cidade, decorrentes do desequilíbrio ambiental.
Temos a certeza, prefeito João da Costa, que a decisão do seu governo significa o início de um novo período para a cidade onde as decisões do gestor público são tomadas em função do bem-estar da população e não do bolso de grupos econômicos.
Nós, que fazemos o Movimento Amigos da Tamarineira, sabemos da importância de nossa luta, bem como da luta de todos, que sempre estiveram a postos, sofrendo e torcendo para que acontecesse o que acontece aqui hoje.
O Movimento Amigos da Tamarineira será mantido. Convocamos todos a se manterem mobilizados. Precisamos garantir que tudo acontecerá conforme anunciado por V. Exa. e conforme o desejo de todos que lutaram em defesa desse espaço.
05 de junho de 2010
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