terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Imperatriz e a crítica ao agronegócio são destaque no carnaval carioca

Imperatriz e a crítica ao agronegócio são destaque no carnaval carioca


Rodrigo Gorosito/G1
  
Em meio críticas, reclamações, campanhas de difamação e até ameaças, como do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), de abrir CPI para apurar irregularidades na escola, não faltou apoio à agremiação, vinda de organizações indigenistas, ambientalistas, de combate aos agrotóxicos e transgênicos e em defesa da agroecologia e da reforma agrária.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi a última a se manifestar. Na última quarta-feira (22), divulgou nota assinada em conjunto com o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e o Serviço Pastoral do Migrante (SPM) destacando que os ruralistas estão se sentindo agredidos pela temática da escola, sobretudo com a ala "Os fazendeiros e seus agrotóxicos".

Confira a íntegra da carta de apoio do CPT:

Diante da celeuma provocada pela reação de diversas entidades ligadas ao agronegócio e empresas de comunicação a ele subservientes, ao tomarem conhecimento da homenagem aos povos indígenas do Xingu, que vai ser tema da escola de samba no carnaval carioca deste ano, os ruralistas estão se sentindo agredidos pela temática da escola, sobretudo com a ala “os fazendeiros e seus agrotóxicos”. Diversas entidades em que se organizam, desfecharam violentas críticas à escola acusando-a de atacar os produtores rurais que se afirmam responsáveis por expressiva porcentagem do PIB nacional. Órgãos da grande imprensa, alinhados ao agronegócio, também estamparam em seus meios sua indignação contra a escola e seu samba enredo. O senador Ronaldo Caiado até chegou a sugerir uma sessão temática no parlamento para discutir o assunto.

O carnavalesco Cahê Rodrigues, ao responder às críticas, diz que o samba quer simplesmente defender o indígena, dar voz a ele, por isso“ tudo que agride a floresta, o meio ambiente e, diretamente o índio, nós precisamos citar. Porque o enredo não é um conto de fadas. É uma história real”.

Como se pode entender tamanha celeuma em torno a um tema de escola de samba?

O fenômeno encontra na história suas raízes mais profundas. Desde a invasão portuguesa o território brasileiro tem sido considerado propriedade exclusiva dos invasores.

Os povos indígenas e, posteriormente, os descendentes de escravos libertos, os quilombolas, e outras comunidades de pobres no campo, que ocupam parcelas do território nacional, têm sido até hoje sistematicamente invisibilizados, como se não existissem. E no decorrer da história foram arrancados de seus territórios por diversos mecanismos de espoliação.

Os que tentam resistir são tratados como empecilhos ao desenvolvimento e progresso de nosso país, sofrem perseguições e violências e, muitas vezes, perdem a própria vida, como as 61 pessoas que foram assassinadas devido aos conflitos no campo em 2016, segundo dados parciais da CPT, o maior número de assassinatos desde o ano 2003. Deste total, 12 são indígenas.

Somente com muita luta e determinação é que os indígenas e quilombolas conseguiram introduzir na Constituição Federal de 1988 dispositivos que reconhecem sua existência e os direitos sobre seus territórios, sua cultura e seus modos de viver.

As entidades que reagiram contra o enredo da escola de samba defendem um agronegócio apresentado como pop pela grande mídia. Mas, um pop que mata! Mata a terra e os demais seres que dela vivem. Inúmeras situações no Brasil denunciam os impactos nocivos das atividades do agronegócio sobre o meio ambiente, a saúde humana e a violação aos direitos básicos das pessoas.

A escola de samba Imperatriz Leopoldinense já se pode considerar vencedora do carnaval carioca de 2017, por estar resgatando da invisibilidade histórica os povos indígenas do Brasil e denunciando as agressões constantes que sofrem em seus territórios, em seus modos de vida e cultura.

As pastorais do campo, que buscam através de suas ações valorizar as comunidades com as quais trabalham, escutando suas histórias, seus apelos, seus sonhos, querem parabenizar a Escola e o carnavalesco Cahê Rodrigues por esta escolha histórica.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Alckmin alterou áreas de proteção ambiental a pedido da Fiesp

Alckmin alterou áreas de proteção ambiental a pedido da Fiesp


  
A Fiesp requereu as modificações para que unidades indústrias localizadas na várzea do Tietê pudessem avançar sobre áreas de proteção. E-mails trocados entre funcionários da Federação e integrantes da Pasta indicam que o secretário de Meio Ambiente, Ricardo Salles, não só sabia dos pedidos como pressionou para que as alterações fossem realizadas. As mensagens foram obtidas pela CBN.

Caso


As alterações diziam respeito ao Plano de Manejo – espécie de zoneamento – a Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê.

O Plano foi votado pelo Conselho de Meio Ambiente estadual. A intenção é que as modificações não fossem percebidas.

Antes da votação, entretanto, o Ministério Público detectou as mudanças, apontando discordar da alteração dos termos do plano. “O Ministério Público encontrou seis alterações que mudam o zoneamento. Obviamente essas alterações tornam a área menos protegida. Até por uma medida de precaução, para que não haja questionamentos judiciais, é que o Ministério Público pleiteia então que essas alterações sejam desconsideradas”, afirmou na ocasião Leandro Lema, promotor de Meio Ambiente.

Salles respondeu afirmando que as alterações haviam sido discutidas internamentes, sem mencionar a Fiesp: “Não há ilegalidade procedimental nenhuma. Obviamente é uma prerrogativa do Ministério Público ajuizada nas ações que entender cabíveis, e o Judiciário decidirá. Todos os temas alterados e todos os pontos tratados nessa nova versão foram escrutinados um a um”.

O Ministério Público abriu inquérito. Salles, duas servidoras da Secretaria e duas funcionárias da Fiesp são investigadas por improbidade administrativa.

A Pasta negou irregularidades no processo, afirmando que as decisões cabem à direção da Secretaria. Além disso, reconheceu que as mudanças atenderam a pedidos de outras secretarias estaduais, demandas da sociedade civil e da própria Fiesp, ressalvando que poucos pontos propostos pela entidade foram assimilados.
 

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Arrebenta Sapucaia! no Conversa Afiada

Carnaval com protesto em Recife

Crítica política dá o tom das festas
Recife.jpg
O bloco "Eu Acho é Pouco". (Bobby Fabisak/JC Imagem)
Por Rodrigo Barradas e Ana Cristina Santos:

Na mistura colorida da massa...


Historicamente o carnaval é um ato político, ainda mais quando se pensa em Pernambuco. Do passo do frevo como dança de luta vinda da capoeira, aos cocos, maracatus e caboclinhos, como cultura marginalizada que ganha visibilidade na festa. E ainda mais hoje, numa realidade social em que a arena pública é vista como descartável — os que podem pagar, se isolam em pequenas áreas privadas para fugir de uma violência que aumenta com essa lógica higienista —, a festa se torna ainda mais transgressora ao conclamar que as pessoas ocupem as ruas das cidades e que façam delas, lugares vivos de coexistência pacífica de nossas diferenças.

Em Olinda, onde a defesa das tradições locais tem uma história viva de resistência cultural, os sons dos clarins e trompetes já são ouvidos entre as batidas nervosas de um caixa percussivo. Uma multidão abre caminho no meio de outra, quase provando que dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. E se tem algo que pode definir esse espírito coletivo do carnaval é a exaltação da vida e da liberdade em sua plenitude, mesmo nos contextos de repressão.

Foi assim que num clima de liberdade cerceada, ainda em 1977, o bloco “Eu Acho é Pouco” era fundado por militantes de esquerda, entre eles, ex-presos políticos e várias pessoas que sentiram na pele a violência e as restrições, como consequências diretas de um regime opressor como foi a Ditadura Militar.

Nesses 40 anos, como explica Joana Chaves, uma das organizadoras do bloco, o Eu Acho é Pouco sempre se manteve em defesa da democracia e, o mais importante segundo ela, da liberdade de poder brincar da maneira que se quiser no carnaval. “Fizemos camisas alusivas ao confisco das poupanças do governo Collor, assim como camisas que celebravam a eleição de Lula em 2002, da mesma forma que fizemos camisas que criticavam o que considerávamos equívocos dos governos de esquerda”, lembra.

“A camisa desse ano foi pensada pela designer e artista Lin Diniz como um espelho de todos os valores e batalhas que o bloco sempre encampou, tendo a frase ‘Fora Temer’ como lema principal. As outras frases ‘Nenhum direito a menos’, ‘Por uma mídia democrática’, ‘Amar sem temer’, ‘Ocupa tudo’, também representam os valores pelos quais o bloco sempre se pautou, em especial o respeito aos direitos de cada um de poder fazer o que quiser de si e do seu corpo”, afirma.

Frevar sem Temer

O emblemático Fora Temer não será exclusividade do Eu Acho é Pouco no Carnaval 2017. Do recifense Eu me vingo de tu no carnaval à sátira do Quanta Ladeira — Bloco carnavalesco conhecido por reunir renomados músicos pernambucanos como Lenine, Lula Queiroga, Luck Luciano, Silvério Pessoa e Zé da Flauta — a crítica ao governo ilegítimo é uma constante.

O Bloco Sai na Marra é mais um que une folia e crítica política. São 31 anos da troça fundada pelo pessoal do PCdoB, em Pernambuco. Nesse carnaval o tema é o “Não me Venha com Indiretas. Sai na Marra, Temer”. A ideia é a de fazer sempre uma festa democrática e política, proporcionando um carnaval público, criativo e irreverente.

O pessoal do Sai na Marra acredita na junção das palavras carnaval e revolução, como diz parte da letra do hino do bloco: “Sai na marra chegou, chegou com garra total / Subindo e descendo as ladeiras de Olinda / Pra revolucionar o carnaval”. Uma revolução com alegria, em plena Festa de Momo? E por que, não?

Criada em 2007 por ativistas que lutam pela preservação da Mata do Engenho Uchoa, a Troça Carnavalesca Mista Arrebenta Sapucaia! associa a luta pelo meio ambiente com a denúncia do golpe parlamentar no Brasil: “Arrebenta Sapucaia! Vamos brincar sem Temer!” é o tema escolhido pelo grupo do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa, hoje constituído de mais de cem entidades entre personalidades, parlamentares e instituições públicas e religiosas como sindicatos, escolas, universidades, centrais, LGBT, movimento popular e cultural.

“Conseguimos ao longo dos anos extinguir projetos de construção de privês de alto luxo; casas populares; redução da área da Mata; incêndios criminosos; o projeto de instalação de uma Usina de lixo e conquistamos ainda o plano de Manejo para a área da Mata do Engenho Uchoa, denominada Refúgio de Vida Silvestre; o aumento da área protegida de 20 para 171 hectares e a constituição do Conselho Gestor”, disse Augusto Semente, um dos organizadores do bloco e membro do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa.

Nem com uma flor

A luta pelos direitos das mulheres também ganha força nos festejos pernambucanos. O bloco Nem com uma Flor, organizado pela Secretaria da Mulher do Recife, levará cerca de cem batuqueiras, sob o comando da mestra Joana, do Maracatu Baque Mulher, para a Praça do Arsenal, no dia 23/02. O bloco ampara a campanha contra a violência contra a mulher que envolve distribuição de materiais de conscientização e um espaço de acolhimento para mulheres em situação de violação de direitos.

Nas ladeiras de Olinda os direitos da mulher também viraram tema de bloco. O Não Agressive Não!, em seu primeiro ano, busca reunir mulheres e homens que defendem a bandeira emancipacionista e os direitos femininos. “A ideia do bloco é apoiar as causas das mulheres, da luta pela igualdade de direitos, reforçando bandeiras importantes e homenageando mulheres que se destacaram nessas lutas”, explicam Luana Rocha e Raíssa Barros, idealizadoras da troça. Em 2017 sairão lembrando a luta histórica contra o beijo forçado no carnaval olindense.

Outros blocos como o Vaca Profana, também trazem para as ruas a temática feminista. O grupo estende as atividades para além do período carnavalesco, realizando oficinas e palestras sobre emancipação feminina e contra o assédio. A crítica ao governo ilegítimo de Temer, também está presente na sua camisa. Fora Temer; Ocupa Tudo; Nossa Escolha; Sem Assédio e Tire seu Terço do meu Ovário, são temas para o carnaval desse ano, que mostram que a luta pelo empoderamento feminino também é uma luta por um estado laico e democrático.

Apaixonada por carnaval a deputada federal Luciana Santos avalia como positiva a organização de blocos com temáticas relacionadas às causas progressistas. “O carnaval é uma das expressões populares mais legítimas do nosso povo. Estamos acostumados à irreverência entre os brincantes e sempre a política faz parte da festa”, comenta a pernambucana. “Esse é um espaço legítimo para que a gente possa, de um jeito descontraído e alegre, que são características dos brasileiros, continuar discutindo assuntos importantes e elevando a consciência do nosso povo”.

Fonte: Conversa Afiada
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Governo cogita reduzir florestas na Amazônia, sem consultar ministério



Governo cogita reduzir florestas na Amazônia, sem consultar ministério



Divulgação.
Áreas protegidas seriam reduzidas de 2,697 milhões de hectares para 1,772 milhão de hectaresÁreas protegidas seriam reduzidas de 2,697 milhões de hectares para 1,772 milhão de hectares
O texto do projeto foi entregue na última terça-feira (7) por parlamentares amazonenses para Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as áreas protegidas seriam reduzidas de 2,697 milhões de hectares para 1,772 milhão de hectares.

O projeto abre espaço para exploração na região sul do Amazonas, na fronteira com o Mato Grosso e Rondônia. De acordo com a Casa Civil, o texto ainda será analisado para ser enviado ao Congresso como uma proposta do próprio governo.

O Ministério do Meio Ambiente disse que "ainda não foi convidado para reuniões", e, em nota, explicou que qualquer alteração de área em unidades de conservação depende de análise técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)"

Os decretos de Dilma foram assinados em seu último dia de mandato, e parlamentares do Amazonas pressionam para o cancelamento das unidades de preservação. Eles reclamam que as unidades, que formam um cinturão que tenta impedir o desmatamento, a extração ilegal de madeira e grilagem de terras, causaram a paralisação de investimentos do agronegócio e da indústria na região.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem InformadaGoverno cogita reduzir florestas na Amazônia
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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Caia na gandaia venha para Manhã de Sol Arrebenta Sapucaia!




























VALOR UNITÁRIO DA CAMISA 
R$ 20,00 (VINTE REAIS)































Coordenação:
Luci Machado - 98599.1442
Edmar Neto - 98719.6071
José Semente - 98595;8666
Augusto Semente - 99258.7195


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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Vamos comemorar o 11 de fevereiro! - Arrebenta Sapucaia! Ano 10


Vamos comemorar o 11 de fevereiro! 
Arrebenta Sapucaia! Ano 10


No dia 11 de fevereiro de 2007, quando o Frevo completava 100 anos, A Troça que se originou do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa, organizada em 20 dias, desfila pela primeira vez pelas ruas do Barro. Era a T.C.M. Arrebenta Sapucaia!

No próximo dia 11 / 02 / 2017 ( sábado ), às 20h, a Coordenação da Agremiação estará comemorando essa data no Escritória Bar & Restaurante, junto com todo mundo que encontrar espaço nesse tempo de tantas prévias.

Este ano a Troça está homenageando os Caboclinhos de Pernambuco, recebedores do título Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, e apresentando o tema Arrebenta Sapucaia! Vamos brincar sem temer!

Endereço: Av. Dr. José Rufino, nº 2.153. Em frente ao Colégio da Imaculada Conceição, Barro - Recife/PE..

Obs.: COMANDA INDIVIDUAL.

Coordenação:
Luci Machado - 98599.1442
Edmar Neto - 98719.6071
José Semente - 98595;8666
Augusto Semente - 99258.7195

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Agrotóxicos - Os venenos genéricos do Ministério da Agricultura

Os venenos genéricos do Ministério da Agricultura


  
Um recorde! Avanço de 374% em relação aos registros ocorridos em 2015, que foram largamente influenciados pela administração anterior, a qual aprovou – contra nossos interesses – 43 “equivalentes genéricos”. Os novos registros de 2017 foram publicados no Ato nº 3 do Diário Oficial da União de 9 de janeiro de 2017.

Tenta-se passar com isso uma ideia positiva de agregação de eficiência nos avanços regulatórios trabalhados pelo governo golpista. Mas, possivelmente, estamos agora diante de novas ameaças, talvez crimes, contra a sociedade e a natureza.

Vejamos:

1 – Como se “acelera” um processo de análise de riscos para a saúde e o meio ambiente?


Contratando servidores, qualificando laboratórios, sofisticando os processos analíticos e estendendo o escopo das avaliações. O governo fez isso? Infelizmente, não.

Evidentemente também se poderia economizar tempo fazendo vista grossa ou simplesmente deixando de lado a avaliação de alguns tipos de problemas, que poderiam decorrer de situações de baixa exposição aos venenos ou a alguns de seus componentes, em longo prazo. Ou, simplesmente, deixando de avaliar os possíveis impactos de alguns componentes químicos, ou das combinações de venenos, sobre o solo, a água, a microvida do solo, os trabalhadores, os consumidores em geral. Ou ainda, em especial, deixando de avaliar riscos afetos a indivíduos com quadro de deficiência renal, ou em fase de formação, gestação, senescência. Em outras palavras, deixando de lado públicos especiais, bebês e velhos, esquecendo de fazer algumas perguntas e atribuindo escassa relevância ao ciclo de vida completo dos indivíduos. O agronegócio não se preocupa com isso. Para nós é que é importante saber implicações dos venenos usados nas lavouras sobre a fertilidade sexual dos nossos netos. Mas porque isso preocuparia um criador de suínos alimentados com o mesmo milho que usamos na nossa polenta?


O governo adotou este mecanismo torpe para acelerar as análises? Não sabemos. Esperamos que não. Sabemos apenas que com o golpe de estado foram alterados os gestores públicos e que o governo golpista, com isso, entre tantas coisas que já fez, também acelerou a aprovação de venenos a serem usados em nossa agricultura.


2 – O que seriam estes produtos genéricos, aprovados “por semelhança”?


No caso dos remédios entendemos bem. Quando um princípio ativo combate a pressão alta e outro impede a multiplicação de determinadas bactérias, cada um deles se destina a controlar problemas específicos. E ambos podem ser vendidos em formatos diferentes, com nomes diferentes, em embalagens distintas. As “marcas” diferentes terão o mesmo “sentido médico” e poderão ser comercializadas a preços diferentes. Nestes “remédios” distintos não haverão “venenos” ocultos, escamoteados aos processos de análise de risco. Enfim, o conhecimento de um princípio ativo, sua utilidade e funcionamento, permite aprovação por analogia de vários remédios “similares”. Os “genéricos”, sem o peso das marcas, das propagandas, serão mais baratos e não causarão problemas porque ali não se escondem elementos perigosos. Coisa boa e barata.

Mas e nos agrotóxicos? Remédios “genéricos” seriam equivalentes aos venenos “genéricos”? O mesmo raciocínio utilizado para o controle da pressão alta se aplicaria a um herbicida ou a um inseticida?

Não. No caso dos agrotóxicos estamos sempre diante de um coquetel. Ali existe, além do princípio ativo, destinado a matar insetos ou plantas, outros produtos químicos não menos perigosos. São substancias úteis para eliminar a cerosidade das folhas ou da pele dos insetos, para facilitar a absorção dos venenos, para romper a tensão superficial das gotas e assim por diante. Existem as impurezas e os resíduos do processo de fabricação ou da transformação natural dos químicos, por ação do tempo, da presença do oxigênio, da ação metabólica realizada pelas próprias plantas e animais.

Como exemplo, considere as dioxinas presentes em algumas formulações de herbicidas a base de 2,4 D. Ou o AMPA, resultante da metabolização do glifosato, pelas plantas. Nestes dois casos estamos diante de venenos mais perigosos do que no caso do princípio ativo original.

Portanto, no caso dos agrotóxicos, analisamos o princípio ativo, um veneno, e deixamos de lado todo um vasto leque de outros venenos. Que segurança a análise do princípio ativo oferece para decisão de segurança de outros agrotóxicos, que utilizam o mesmo princípio ativo, se deixamos de considerar os demais venenos?

Não parece óbvio que um veneno genérico, com mais impurezas, tenderá a ser mais barato, mas também mais perigoso?

Cabe aqui um comentário final: as análises de risco para a saúde e o ambiente que aprovam os agrotóxicos para uso na agricultura não levam em conta todos os componentes dos produtos comerciais. Também não levam em conta a mistura desses componentes. E estudos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já mostraram alimentos contendo resíduos de até 11 produtos distintos.

Portanto, mesmo no caso dos agrotóxicos estudados e aprovados com base em análise caso a caso, os riscos são grandes. O que podemos esperar no caso dos genéricos? Aqui, a morte não é o pior cenário.

Enfim, recomendamos a todos: desconfiem das comemorações do governo golpista, fujam dos venenos, comprem apenas produtos orgânicos, estimulem a agroecologia e ajudem a desconstruir as campanhas de marketing criadas em favor de negócios que comprometem a vida.


*Associação Brasileira de Agroecologia e Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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