Imperatriz e a crítica ao agronegócio são destaque no carnaval carioca
Terceira a desfilar neste domingo (26) na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense leva para a avenida o polêmico samba-enredo Xingu, o Clamor que vem da Floresta. O tema desperta a ira dos ruralistas desde o início de janeiro, quando foi anunciado.
Rodrigo Gorosito/G1
Em meio críticas, reclamações, campanhas de difamação e até ameaças, como do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), de abrir CPI para apurar irregularidades na escola, não faltou apoio à agremiação, vinda de organizações indigenistas, ambientalistas, de combate aos agrotóxicos e transgênicos e em defesa da agroecologia e da reforma agrária.A Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi a última a se manifestar. Na última quarta-feira (22), divulgou nota assinada em conjunto com o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) e o Serviço Pastoral do Migrante (SPM) destacando que os ruralistas estão se sentindo agredidos pela temática da escola, sobretudo com a ala "Os fazendeiros e seus agrotóxicos".
Confira a íntegra da carta de apoio do CPT:
Diante da celeuma provocada pela reação de diversas entidades ligadas ao agronegócio e empresas de comunicação a ele subservientes, ao tomarem conhecimento da homenagem aos povos indígenas do Xingu, que vai ser tema da escola de samba no carnaval carioca deste ano, os ruralistas estão se sentindo agredidos pela temática da escola, sobretudo com a ala “os fazendeiros e seus agrotóxicos”. Diversas entidades em que se organizam, desfecharam violentas críticas à escola acusando-a de atacar os produtores rurais que se afirmam responsáveis por expressiva porcentagem do PIB nacional. Órgãos da grande imprensa, alinhados ao agronegócio, também estamparam em seus meios sua indignação contra a escola e seu samba enredo. O senador Ronaldo Caiado até chegou a sugerir uma sessão temática no parlamento para discutir o assunto.
O carnavalesco Cahê Rodrigues, ao responder às críticas, diz que o samba quer simplesmente defender o indígena, dar voz a ele, por isso“ tudo que agride a floresta, o meio ambiente e, diretamente o índio, nós precisamos citar. Porque o enredo não é um conto de fadas. É uma história real”.
Como se pode entender tamanha celeuma em torno a um tema de escola de samba?
O fenômeno encontra na história suas raízes mais profundas. Desde a invasão portuguesa o território brasileiro tem sido considerado propriedade exclusiva dos invasores.
Os povos indígenas e, posteriormente, os descendentes de escravos libertos, os quilombolas, e outras comunidades de pobres no campo, que ocupam parcelas do território nacional, têm sido até hoje sistematicamente invisibilizados, como se não existissem. E no decorrer da história foram arrancados de seus territórios por diversos mecanismos de espoliação.
Os que tentam resistir são tratados como empecilhos ao desenvolvimento e progresso de nosso país, sofrem perseguições e violências e, muitas vezes, perdem a própria vida, como as 61 pessoas que foram assassinadas devido aos conflitos no campo em 2016, segundo dados parciais da CPT, o maior número de assassinatos desde o ano 2003. Deste total, 12 são indígenas.
Somente com muita luta e determinação é que os indígenas e quilombolas conseguiram introduzir na Constituição Federal de 1988 dispositivos que reconhecem sua existência e os direitos sobre seus territórios, sua cultura e seus modos de viver.
As entidades que reagiram contra o enredo da escola de samba defendem um agronegócio apresentado como pop pela grande mídia. Mas, um pop que mata! Mata a terra e os demais seres que dela vivem. Inúmeras situações no Brasil denunciam os impactos nocivos das atividades do agronegócio sobre o meio ambiente, a saúde humana e a violação aos direitos básicos das pessoas.
A escola de samba Imperatriz Leopoldinense já se pode considerar vencedora do carnaval carioca de 2017, por estar resgatando da invisibilidade histórica os povos indígenas do Brasil e denunciando as agressões constantes que sofrem em seus territórios, em seus modos de vida e cultura.
As pastorais do campo, que buscam através de suas ações valorizar as comunidades com as quais trabalham, escutando suas histórias, seus apelos, seus sonhos, querem parabenizar a Escola e o carnavalesco Cahê Rodrigues por esta escolha histórica.
O carnavalesco Cahê Rodrigues, ao responder às críticas, diz que o samba quer simplesmente defender o indígena, dar voz a ele, por isso“ tudo que agride a floresta, o meio ambiente e, diretamente o índio, nós precisamos citar. Porque o enredo não é um conto de fadas. É uma história real”.
Como se pode entender tamanha celeuma em torno a um tema de escola de samba?
O fenômeno encontra na história suas raízes mais profundas. Desde a invasão portuguesa o território brasileiro tem sido considerado propriedade exclusiva dos invasores.
Os povos indígenas e, posteriormente, os descendentes de escravos libertos, os quilombolas, e outras comunidades de pobres no campo, que ocupam parcelas do território nacional, têm sido até hoje sistematicamente invisibilizados, como se não existissem. E no decorrer da história foram arrancados de seus territórios por diversos mecanismos de espoliação.
Os que tentam resistir são tratados como empecilhos ao desenvolvimento e progresso de nosso país, sofrem perseguições e violências e, muitas vezes, perdem a própria vida, como as 61 pessoas que foram assassinadas devido aos conflitos no campo em 2016, segundo dados parciais da CPT, o maior número de assassinatos desde o ano 2003. Deste total, 12 são indígenas.
Somente com muita luta e determinação é que os indígenas e quilombolas conseguiram introduzir na Constituição Federal de 1988 dispositivos que reconhecem sua existência e os direitos sobre seus territórios, sua cultura e seus modos de viver.
As entidades que reagiram contra o enredo da escola de samba defendem um agronegócio apresentado como pop pela grande mídia. Mas, um pop que mata! Mata a terra e os demais seres que dela vivem. Inúmeras situações no Brasil denunciam os impactos nocivos das atividades do agronegócio sobre o meio ambiente, a saúde humana e a violação aos direitos básicos das pessoas.
A escola de samba Imperatriz Leopoldinense já se pode considerar vencedora do carnaval carioca de 2017, por estar resgatando da invisibilidade histórica os povos indígenas do Brasil e denunciando as agressões constantes que sofrem em seus territórios, em seus modos de vida e cultura.
As pastorais do campo, que buscam através de suas ações valorizar as comunidades com as quais trabalham, escutando suas histórias, seus apelos, seus sonhos, querem parabenizar a Escola e o carnavalesco Cahê Rodrigues por esta escolha histórica.
Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
Um comentário:
fico muito animado por saber qe tem pessoas tambem na cidade grande preocupada com a natureza e principalmente c os nossos INDIOS, basta de tanta morte,exodo e falta de apoio aos povos campesinos. Parabens pra escola Samba Imperatriz
joao de ronda é assentado da reforma agraria em Pombos/PE.
Postar um comentário