COP 28: acordo fala de transição, mas não de
eliminar combustíveis fósseis
Documento final
propõe que a capacidade de energia renovável seja triplicada até 2030 e
que em 2050 seja alcançada a “neutralidade carbônica”
Publicado 13/12/2023 17:05 | Editado 13/12/2023 17:18
Lula faz discurso durante COP 28.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
A 28ª Conferência do Clima da ONU
(COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes, terminou, nesta quarta-feira (13), com
a aprovação de um acordo, negociado entre 195 países, que destaca a promoção da
transição energética sem, no entanto, estabelecer a erradicação dos
combustíveis fósseis.
A decisão, frustrante para
ambientalistas e cientistas é, por outro lado, vista por alguns setores como
histórica por ser a primeira, desde 1994 — quando a Convenção do Clima da ONU
passou a vigorar — que reflete uma convergência no que diz respeito à mudança
da matriz energética.
Além da transição para o
enfrentamento do aquecimento global, o texto propõe que a capacidade de energia
renovável seja triplicada até 2030 e que em 2050 seja alcançada a
“neutralidade carbônica”. Ao mesmo tempo, defende que essa mudança nos sistemas
energéticos seja feita de forma “justa, ordenada e equitativa”.
Conforme noticiado, um rascunho do
documento tratava da “eliminação gradual” de petróleo, carvão e gás natural, o
que não foi acatado na versão final aprovada.
Leia também: Confira na íntegra o discurso de Lula na abertura da COP
28
Pelas redes sociais, Antonio
Guterres, secretário-geral da ONU, declarou: “Àqueles que se opuseram a uma
referência clara à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis durante a
COP 28, quero dizer: Quer você goste ou não, a eliminação dos combustíveis
fósseis é inevitável. Esperemos que não chegue tarde demais”. Ele também
afirmou que “a era dos combustíveis fósseis deve terminar – e deve terminar com
justiça e equidade”.
Outro ponto anunciado no acordo foi a
criação de um fundo de US$ 420 milhões para apoiar países afetados pelo
aquecimento global. O valor, no entanto, é considerado aquém do
necessário.
Também recebeu críticas o fato de o
documento não estipular metas gerais, deixando a questão a critério de cada
país, nem fechar compromissos concretos de financiamento para a mitigação da
crise climática. Porém, reiterou que os recursos precisam ser disponibilizados
às nações mais afetadas.
Leia também: Lula critica lucro com venda de armas enquanto planeta
derrete
Em seu discurso na plenária final na
COP 28, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva,
ressaltou: “aprovamos aqui um acordo basilar, que dá concretude aos
compromissos que assumimos no âmbito do Acordo de Paris. O compromisso que
acabamos de assumir redireciona nossas ambições, mas também nossas responsabilidades”.
Marina também chamou atenção para a
necessidade de os países ricos se dedicarem ao trabalho de realizar a transição
energética e estancar as mudanças climáticas. “A nossa próxima tarefa é alinhar
as medidas de implementação necessárias, assegurando uma posição fundamental da
transição justa. Assim, é fundamental que os países desenvolvidos tomem a
frente da transição rumo ao fim dos combustíveis fósseis e assegurem os meios
necessários para que os países em desenvolvimento possam implementar suas ações
de mitigação e adaptação”
Nenhum comentário:
Postar um comentário