Clubes destinam menos de 1% de seus orçamentos para o futebol feminino
As dificuldades enfrentadas pela seleção feminina antes e ao longo da Copa do Mundo da França apontam para um diagnóstico claro: renovar o grupo é um desafio. Se formar novos talentos é um papel dos clubes, o cenário a curto prazo se apresenta desanimador. Os 20 times participantes da Série A investem no máximo 1% de seus orçamentos no futebol feminino.
Corinthians, atual campeão brasileiro, é um dos clubes da Série A que sequer revelam valores investidos no futebol feminino
As finanças revelam a dificuldade do assunto nos clubes, conforme levantamento do jornal O Globo. Nenhuma das instituições discrimina em seus balanços os investimentos no futebol feminino, que geralmente aparece em meio a outras modalidades, sob o guarda-chuva de “esportes olímpicos” ou denominação similar.
Procurados, apenas 13 dos 20 clubes indicaram quanto pretendem investir na modalidade este ano. Quatro disseram que não revelariam valores: Goiás, Athletico-PR, Corinthians (atual campeão brasileiro) e Fortaleza. E três não responderam até o fechamento da pesquisa: Botafogo, Chapecoense e Fluminense.
O Santos é quem reserva a maior parte de seu orçamento à modalidade e foi o único a detalhar o investimento. Em 2018, o clube gastou R$ 3.929.545 com o departamento, entre salários, viagens, alimentação e outras despesas. Para este ano, o valor será parecido. Ainda assim, o aporte feito pelo campeão brasileiro de mulheres em 2017 representa pouco mais de 1% da receita prevista para o ano.
Nos outros clubes, a fração é ainda menor. O Flamengo, cuja equipe funciona em parceria com a Marinha, investe apenas R$ 1 milhão por ano para custear a modalidade – o valor equivale a um mês do salário de Gabigol.
Times feitos às pressas
Além da quantia gasta, o modo como os clubes estruturam seus departamentos revela o caráter incipiente da relação com o futebol feminino. Doze deles montaram equipes ou firmaram parcerias entre 2018 e 2019, a fim de atender às cobranças da CBF e da Conmebol. A partir desta temporada, os clubes precisam manter uma equipe feminina (em qualquer categoria) para disputar torneios masculinos organizados pelas entidades.
Antony Menezes, treinador do time do Vasco, acredita que essa regra estimulará o comprometimento dos clubes com a modalidade: “Devido a essa obrigatoriedade para os clubes, tudo aumentou: competições estão surgindo, e a procura por atletas está em alta”, diz.
No entanto, há inconstância mesmo entre projetos mais consolidados. O Santos montou seu primeiro time feminino em 1997, mas o departamento foi desativado em 2012, para ser retomado em 2015. No mesmo ano, o Flamengo se aliou à Marinha para voltar a ter uma equipe feminina, o que já havia acontecido durante a gestão Patrícia Amorim (2010-2012). O Vasco, que já teve Marta, e Grêmio são exemplos de clubes que voltaram a apostar no futebol feminino depois de hiato.
“O investimento é pequeno porque não existe arrecadação para este produto, e o mercado não está acostumado a associar suas marcas à modalidade”, avalia Nina de Abreu, coordenadora de futebol feminino do Atlético-MG. “Os departamentos comercial e de marketing dos clubes brasileiros devem tratar o futebol feminino como um produto diferenciado.”
Gerar receitas exclusivas para o futebol feminino é mesmo um desafio. Nesta temporada, o São Paulo firmou, com uma floricultura, o primeiro contrato exclusivo para o time delas – uma barreira que o Cruzeiro, por exemplo, não conseguiu quebrar. A equipe feminina celeste joga com o uniforme “limpo”.
Duda Luizelli, gerente de futebol feminino do Internacional, cita os recordes de público nas ligas europeias (Atlético de Madrid x Barcelona teve mais de 60 mil pessoas nesta temporada) para afirmar que há uma demanda reprimida pela modalidade. Para ela, os clubes brasileiros estão despertando para essa realidade: “Os grandes clubes do País já perceberam que o futebol feminino pode ser rentável. Muita gente vai ganhar com isso no futuro.”
Procurados, apenas 13 dos 20 clubes indicaram quanto pretendem investir na modalidade este ano. Quatro disseram que não revelariam valores: Goiás, Athletico-PR, Corinthians (atual campeão brasileiro) e Fortaleza. E três não responderam até o fechamento da pesquisa: Botafogo, Chapecoense e Fluminense.
O Santos é quem reserva a maior parte de seu orçamento à modalidade e foi o único a detalhar o investimento. Em 2018, o clube gastou R$ 3.929.545 com o departamento, entre salários, viagens, alimentação e outras despesas. Para este ano, o valor será parecido. Ainda assim, o aporte feito pelo campeão brasileiro de mulheres em 2017 representa pouco mais de 1% da receita prevista para o ano.
Nos outros clubes, a fração é ainda menor. O Flamengo, cuja equipe funciona em parceria com a Marinha, investe apenas R$ 1 milhão por ano para custear a modalidade – o valor equivale a um mês do salário de Gabigol.
Times feitos às pressas
Além da quantia gasta, o modo como os clubes estruturam seus departamentos revela o caráter incipiente da relação com o futebol feminino. Doze deles montaram equipes ou firmaram parcerias entre 2018 e 2019, a fim de atender às cobranças da CBF e da Conmebol. A partir desta temporada, os clubes precisam manter uma equipe feminina (em qualquer categoria) para disputar torneios masculinos organizados pelas entidades.
Antony Menezes, treinador do time do Vasco, acredita que essa regra estimulará o comprometimento dos clubes com a modalidade: “Devido a essa obrigatoriedade para os clubes, tudo aumentou: competições estão surgindo, e a procura por atletas está em alta”, diz.
No entanto, há inconstância mesmo entre projetos mais consolidados. O Santos montou seu primeiro time feminino em 1997, mas o departamento foi desativado em 2012, para ser retomado em 2015. No mesmo ano, o Flamengo se aliou à Marinha para voltar a ter uma equipe feminina, o que já havia acontecido durante a gestão Patrícia Amorim (2010-2012). O Vasco, que já teve Marta, e Grêmio são exemplos de clubes que voltaram a apostar no futebol feminino depois de hiato.
“O investimento é pequeno porque não existe arrecadação para este produto, e o mercado não está acostumado a associar suas marcas à modalidade”, avalia Nina de Abreu, coordenadora de futebol feminino do Atlético-MG. “Os departamentos comercial e de marketing dos clubes brasileiros devem tratar o futebol feminino como um produto diferenciado.”
Gerar receitas exclusivas para o futebol feminino é mesmo um desafio. Nesta temporada, o São Paulo firmou, com uma floricultura, o primeiro contrato exclusivo para o time delas – uma barreira que o Cruzeiro, por exemplo, não conseguiu quebrar. A equipe feminina celeste joga com o uniforme “limpo”.
Duda Luizelli, gerente de futebol feminino do Internacional, cita os recordes de público nas ligas europeias (Atlético de Madrid x Barcelona teve mais de 60 mil pessoas nesta temporada) para afirmar que há uma demanda reprimida pela modalidade. Para ela, os clubes brasileiros estão despertando para essa realidade: “Os grandes clubes do País já perceberam que o futebol feminino pode ser rentável. Muita gente vai ganhar com isso no futuro.”
Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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