A praga dos transgênicos
Jaime Sautchuk *O uso generalizado de sementes geneticamente modificadas, especialmente de soja e milho, está provocando nova mutação perversa, dentre as tantas já comprovadas. As lavouras desses dois produtos, que se revezam nas mesmas áreas de plantio, estão virando pragas delas mesmas, em quase todo o território nacional.
O fenômeno era previsível, quase óbvio, de simples explicação. Quando colhidos, os pés de grãos transgênicos deixam suas raízes e sementes que caíram na terra, mas elas não morrem quando é aplicado o veneno (herbicida) que mata as outras vegetações que brotam, consideradas pragas.
Assim, por exemplo, a soja colhida na última safra rebrota no meio do milho recém-plantado na chamada safrinha de outono e inverno, causando uma série de problemas, com redução na produtividade da lavoura. E quem mais perde é o produtor adepto desse tipo de agricultura.
No entanto, até agora as multinacionais produtoras dessas sementes, com a ianque Monsanto na dianteira, não têm solução a oferecer, e sugerem que a Embrapa se encarregue do assunto. De modo que a estatal brasileira de pesquisas é chamada a corrigir um erro que tentou evitar quando da introdução da transgenia no país, duas décadas atrás.
Vale lembrar que a empresa criou a soja tropical, que permitiu o cultivo deste feijão nas demais regiões, além do Sul, onde as condições climáticas eram apropriadas. Hoje, é plantada inclusive em Rondônia, Mato Grosso e Pará, em áreas onde havia floresta amazônica.
Mas isto sem a aplicação da engenharia genética, de uso bastante restrito na Europa e completamente proibido no Japão, por seus efeitos danosos à natureza e à saúde humana. A FAO e a OMS, organismos das Nações Unidas (ONU) ligados à agricultura, alimentação e saúde têm severas restrições ao seu emprego.
Uma coisa é a adaptação de vegetais e animais a novos ambientes, com climas, solos e regimes de águas diferentes, como ocorre com frequência. Outra, muito outra, é sua modificação por meio de organismos geneticamente modificados (OGMs), os transgênicos, que transportam genes de um lugar pra outro, com cargas de bactérias e vírus em seu interior.
Os efeitos dessa transferência, especialmente no organismo humano, ainda são pouco conhecidos da ciência. Porém, quando mais se conhece, mais se constata que são provocados mais danos do que benefícios. Por isso, as restrições impostas.
O caso da batata transgênica na Europa é exemplar. Após uma década de proibição, alguns países, como a Alemanha, permitiram seu cultivo, mas não como alimento, nem mesmo de animais. É usada apenas na produção de papel, celulose e produtos têxteis.
O fato é que as plantas modificadas têm a capacidade de produzir substâncias em tese mais resistentes a insetos e larvas, por exemplo. O problema é que essas lavouras contaminam com seus genes, de diversas formas, os ambientes das proximidades, matando muito do que houver por ali, inclusive abelhas, borboletas e outras plantas que não são daninhas.
Até recentemente, os “fabricantes” das sementes transgênicas diziam que os genes introduzidos agiam apenas sobre uma parte das plantas. Agora, no entanto, já se comprova que afetam a planta toda, inclusive os talos que ficam após a colheita e rebrotam como ervas daninhas super-resistentes aos próprios herbicidas.
Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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