Obras em barragem da Samarco-Vale foi causa de rompimento, diz MP
Relatório final do Ministério Público do Estado de Minas Gerais sobre o rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana (MG), aponta que o desastre teria sido motivado por obras na barragem. O rompimento ocorreu no dia 5 de novembro de 2015 espalhando lama e rejeitos de mineração e deixou 19 pessoas mortas, causou destruição da vegetação nativa e poluiu a bacia do Rio Doce.
“Como consequência da mudança no eixo e a criação do recuo, a nova seção da barragem acima da elevação 864 metros passou a ter na sua fundação zonas ou camadas onde os rejeitos eram menos resistentes e menos permeáveis do que o previsto no projeto original”, registra o relatório. “A barragem continuou a ser alteada ao longo do recuo até novembro de 2015”.
Em outro ponto, o relatório registra que “a ruptura da barragem teve início no chamado recuo, na região próxima à ombreira esquerda, de forma abrupta, sem qualquer sinalização e rapidamente se expandiu para todo o corpo da barragem”.
O relatório descarta que o rompimento possa ter sido causado por terremoto, vibrações de explosivos utilizados na operação da mina e vibrações produzidas pelos equipamentos operando sobre ou próximos a barragem.
Avaliação
O relatório é feito pelas empresas Geomecânica e o Norwegian Geotechnical Institute, que foram contratados para fazer uma avaliação sobre as causas principais e periféricas da ruptura da barragem.
O texto registra esperar que esses resultados e conclusões devem servir de base para aprimorar as técnicas usuais, desenvolver novas técnicas, reformular normas, códigos e leis para que as barragens de rejeito, não só no Brasil, mas no mundo, sejam mais seguras e sustentáveis.
Procurada, a Samarco respondeu que “não teve acesso ao relatório do Ministério Público do Estado de Minas Gerais e, portanto, não pode comentá-lo”.
O relatório foi entregue na quinta-feira (23) à Comissão Extraordinária da Barragem da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo promotor Carlos Eduardo Ferreira. A Assembleia também deverá apresentar um relatório próprio.
Tragédia
Além das mortes, o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco arrasou os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu e levou lama para a bacia do Rio Doce. Mais de 30 municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo foram afetados e houve danos profundos ao meio ambiente, desde Mariana até o litoral capixaba.
Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada
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