domingo, 22 de maio de 2016

Blogueiros debatem a atuação da mídia alternativa contra o golpe

Blogueiros debatem a atuação da mídia alternativa contra o golpe



Foto: Eder Bronson
  
Na avaliação de Paulo Moreira Leite, nada na política está 'dado'. "O debate jurídico do impeachment, que sem crime de responsabilidade é golpe, é correto, mas parece que isso pouco importa", lamenta. "Porém, a mobilização é fundamental". Para ele, a pedra no sapato dos golpistas é o fato de que o Brasil avançou muito em termos de cidadania. "Os super-explorados, as domésticas, não aceitam mais ser tratados como antes. As formas de luta popular também avançaram. A concepção de Brasil dos golpistas erra ao ignorar as transformações pelas quais passou o país nos últimos 13 anos".

O jornalista, autor de livros emblemáticos na disputa de narrativa com a mídia hegemonizada como A outra história do mensalão e A outra história da Lava-Jato(ambos publicados pela Geração Editorial), avalia que Dilma comparecer a um Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais e prometer resistir não é pouca coisa. "Colocar 30 mil nas ruas em diversas capitais do país após um golpe é algo incrível. Perde-se as contas dos atos de rechaço ao golpismo", comenta. 

O processo de denúncia do golpismo e da ilegitimidade do governo Temer, na opinião de Laura Capriglione, tem nas mídias alternativas e nos coletivos de comunicação um grande trunfo: "A grande mídia faz esforço gigantesco para invisibilizar ou desqualificar nossa ampla e massiva resistência, mas somos os loucos que produzem contra-informação e compartilhamos tudo o que é produzido por nossos amigos".

Com passagem por grandes redações de São Paulo, Laura Capriglione integra o Jornalistas Livres, um dos muitos coletivos de comunicação que, com 'trabalho de formiguinha', deflagraram um novo cenário informativo no país. "Criamos uma espécie de jornalismo colaborativo, horizontal e viral, algo inédito", sublinha. "O que fazemos é reinventar, de certa forma, a imprensa, pois somos o repórter, a gráfica, o jornaleiro, o transportador, os câmeras, toda a cadeia produtiva do jornalismo. Somos tudo ao mesmo tempo, e a partir da produção e compartilhamento, temos tido sucesso em disseminar nossas mensagens".

O desafio dos midiativistas e dos veículos contra-hegemônicos, segundo ela, é não pisar nas 'cascas de banana' pelo caminho, a fim de preservar a credibilidade. "Nosso desafio é o da credibilidade. Por isso, não podemos errar", defende. "Quanto mais credibilidade tivermos, mais imprescindíveis seremos", diz, chamando a atenção para a tarefa da vez: "ganhar a classe média com generosidade e didatismo".

O alvo das mídias alternativas, na opinião de Capriglione, tem de ser as ampla fatias da população que não têm necessariamente a compreensão do processo de golpe, mas que são sensíveis às causas sociais. "Há, até mesmo na classe média, uma ficha caindo de que se bateu panela para, no final, colocarem uma trupe de corruptos no governo", diz, "e essas pessoas já não dão mais tanta credibilidade à Globo".

Marco Weissheimer, por sua vez, alertou para o risco de as tentativas de 'judicialização da censura' contra blogueiros e ativistas digitais aumentar vertiginosamente com a ascenção de um governo ilegítimo. "Blogueiros e mídias independentes sofrem, com frequência, uma ofensiva jurídica, com objetivos claros: asfixia-los financeiramente com a finalidade de calar vozes dissonantes".


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

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