Orgânicos garantem renda e qualidade de vida para quilombolas de comunidade em Mato Grosso do Sul
Associação Negra Rural Quilombola Chácara Buriti, em Campo Grande (MS), fundada em 2006, integra 40 famílias de descendentes de escravos que trabalham com o cultivo de hortaliças orgânicas. Formada por aproximadamente 70% de jovens, a associação produz cerca de 430 cestos de alimentos diariamente. A produção garante renda e qualidade de vida aos associados que comercializam os itens, principalmente, por meio de programas de compras públicas do Governo Federal.
A comunidade, que teve início na década de 1930, ocupa 60 hectares. Em parte da área, os quilombolas produzem alface, salsa, cebolinha, coentro e berinjela, sem o uso de aditivos químicos, segundo afirma o coordenador da Associação, Antônio Borges dos Santos.
A escolha pela produção orgânica, segundo Borges, foi feita para preservar a saúde de quem produz e daqueles que consomem os produtos. “Foi o maior acerto trabalhar com produção orgânica”, destaca ao assegurar que tudo que é cultivado na comunidade é aproveitado, seja para consumo próprio ou para venda.
Os produtos da comunidade são comercializados em feiras e mercados da região e para os programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar (Pnae) do Governo Federal. “A venda das hortaliças para esses programas teve grande impacto na comunidade. A partir desse acesso, começamos a nos desenvolver”, avalia.
Outro conquista dos agricultores da comunidade, segundo ele, foi a aquisição do Selo Brasil Quilombola, criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). “Fomos uma das primeiras comunidades a receber o selo. Isso nos trouxe muito reconhecimento no município e no estado.”
A oportunidade de melhorar a qualidade de vida e ter garantia de renda foram grandes estímulos para os jovens que vivem ali. “Cada um tem um horário de trabalho e muitos já conseguiram comprar um carrinho. Eles viram que poderiam ter o próprio negócio dentro da comunidade e que isso era mais rentável”, conta Antônio Borges. Ele acrescenta que o objetivo agora é ampliar o território, mas que as conquistas adquiridas até hoje são satisfatórias. “Hoje eu posso dizer que temos uma comunidade feliz, totalmente diferente.”
Tássia Navarro
Ascom/MDA
Ascom/MDA
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