sexta-feira, 12 de junho de 2009

Movimento participa da abertura da Semana do Meio Ambiente do Recife | 2009

SEMANA DO MEIO AMBIENTE

Usina de lixo ameaça reserva - Publicado em 02.06.2009 - Jornal do Comercio

Moradores do Barro e do Ibura, vizinhos à área onde central deve ser instalada, farão abaixo-assinado contra iniciativa, alegando prejuízos ao ambienteMoradores do Barro e do Ibura, bairros da Zona Sul do Recife, aproveitam a Semana do Meio Ambiente no Estado para, mais uma vez, sair em defesa da Mata do Engenho Uchôa, terreno de 192 hectares às margens da BR-101, considerado Área de Proteção Ambiental (APA) pelo município. Desta vez, eles questionam a proposta da prefeitura de implantar, no local, uma usina para tratamento de resíduos sólidos. O grupo pretende recolher 15 mil assinaturas, para ratificar a insatisfação da comunidade com o projeto.
“Fomos surpreendidos pela notícia, semana passada, quando nos convocaram para uma reunião no Ministério Público de Pernambuco, na qual se discutiu a conveniência ou não construção da usina na APA”, diz Arlindo da Costa Lima, um dos integrantes do Comitê de Proteção Ambiental e Construção do Parque Municipal Ecológico Engenho Uchôa. Segundo ele, o abaixo-assinado já conta com apoio de quase sete mil pessoas.
Arlindo Lima esclarece que a comunidade não é contrária à construção da central de tratamento de lixo no Recife. “Discordamos, apenas, da localização. Lutamos pela preservação da Mata do Engenho Uchôa há 30 anos e esse tipo de atividade pode trazer prejuízos, como a contaminação do lençol freático. Se isso acontece, a bica milagrosa da BR, que abastece muitas pessoas, será atingida”, destaca.
Na última sexta-feira, os moradores levaram o assunto ao Segundo Comando Aéreo Regional (Comar). “A mata fica no cone de aproximação do Aeroporto Internacional do Recife e a presença de urubus nessa região é um perigo para as aeronaves. Lixo atrai urubus e outras aves”, pontua. Arlindo Lima acrescenta que em Miami (EUA) há uma usina semelhante à projetada para o Recife, mas com uma diferença fundamental. “A usina de Miami fica a 80 quilômetros do Centro da cidade. Engenho Uchôa está distante apenas oito quilômetros do Centro do Recife.”
Cerca de 270 mil pessoas vivem no entorno da APA e o comitê reivindica a implantação de um parque no lugar. “Discutimos esse assunto com João Paulo, quando ele era prefeito do Recife. Inclusive sugerimos a denominação Parque Municipal Ecológico Rousinete Taveira Falcão, em homenagem a uma companheira da nossa luta que morreu três anos atrás e ele aceitou. Porém, o parque nunca foi efetivado”, lamenta.
Ontem pela manhã, durante a abertura da Semana do Meio Ambiente do Recife, no Terminal de Marítimo de Passageiros (Praça do Marco Zero), o grupo distribuiu panfletos alertando para o projeto da central de tratamento de lixo. Uma cópia do abaixo-assinado encontra-se na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na Rua Dom Manoel Bandeira, 183, Santo Amaro, área central do Recife.

Município tem planos para melhorar serviçoPublicado em 02.06.2009

O diretor de Meio Ambiente do Recife, Mauro Buarque, informa que a central de lixo sugerida para a APA Engenho Uchôa faz parte do projeto de tratamento de resíduos sólidos da cidade. A proposta prevê ampliação da coleta seletiva (para reduzir o volume de detritos logo na origem), implantação de um novo aterro sanitário público, além da geração de energia, água gelada e ar comprimido a partir do lixo, para uso de indústrias.
Segundo ele, o aterro sanitário na APA – chamado Estação de Transbordo – consiste num grande galpão fechado, com pressão negativa, que só permite a entrada do ar. “Não haverá saída, porque um compressor suga o ar para dentro”, explica. No local, uma cooperativa de catadores de material reciclável fará a última triagem, antes de os resíduos serem levados para um triturador. A sobra deverá ser incinerada.
“O consórcio espera receber 1.200 toneladas de lixo por dia, levando em consideração a ampliação da coleta seletiva. Hoje, o Recife produz 2.500 toneladas de resíduos por dia”, declara. Mauro Buarque esclarece que, de acordo com o projeto de tratamento de resíduos sólidos, a Estação de Transbordo deve ser construída na capital. “O município vai arrecadar ISS (Imposto sobre Serviços) de todo o material tratado na estação”, diz.
No entendimento da prefeitura, o aterro sanitário público é importante para eventuais problemas com o aterro particular. “É a garantia de que teremos um lugar para levar o lixo, havendo qualquer problema.” Caberá à prefeitura entregar o lixo na porta da empresa.
Sobre a escolha da Mata do Engenho Uchôa para abrigar a Estação de Transbordo, ele disse que a proposta é usar dois hectares da APA, onde não há vegetação, no trecho próximo da BR-101. Outros dois hectares, que completam a área total de quatro hectares da usina, ficariam fora dos limites da APA. “O engenho tem 192 hectares”, destaca Mauro Buarque.
“O orçamento da gestão resíduos sólidos é estimado em US$ 20 milhões. Teríamos direito a um percentual desse valor, de 0,5% ou 1%, a ser definido no licenciamento, como compensação. A verba pode viabilizar a implantação da Unidade de Conservação Engenho Uchôa”, afirma. Ele acrescenta que o projeto da Estação de Transbordo será discutido com a sociedade.
“Estamos abertos a críticas”, declara. Os riscos do empreendimento serão levantados no Estudo de Impacto Ambiental que o Consórcio Recife Energia terá de contratar. A prefeitura analisava outras duas áreas: uma perto da Ceasa, descartada porque o Estado tem projeto para um hospital metropolitano na região, e outra na Zona Norte, descartada por ser uma Unidade de Conservação florestada.

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