Alckmin entrega convite de Lula ao papa Leão XIV para participar da
COP30
Vice-presidente entregou carta de
Lula ao papa durante primeira missa do novo pontificado no Vaticano; convite
oficial visa ampliar presença da Igreja na COP30
por Lucas Toth
Publicado 18/05/2025 10:48 | Editado 18/05/2025 11:05
Vice-presidente
Geraldo Alckmin entrega ao papa Leão XIV carta do presidente Lula com convite
para a COP30, durante cerimônia no Vaticano. Foto: Vatican Media
O vice-presidente da República,
Geraldo Alckmin (PSB), entregou neste domingo (18) ao papa Leão XIV uma carta
oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidando o pontífice a
participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30),
marcada para novembro em Belém (PA).
A entrega foi feita durante a
cerimônia de inauguração do pontificado de Leão XIV, realizada na Praça São
Pedro, no Vaticano, com a presença de dezenas de chefes de Estado e lideranças
globais.
Conhecido pela devoção católica,
Alckmin beijou a mão do papa ao saudá-lo, gesto que reforça o tom simbólico da
aproximação entre o governo brasileiro e a Santa Sé.
O convite entregue em mãos tem como
objetivo consolidar a presença de Leão XIV na cúpula do clima, que será
realizada pela primeira vez na história em uma cidade da Amazônia.
COP30 já está no radar do Vaticano e
da CNBB
Dois dias antes do encontro com
Alckmin, o papa Leão XIV já havia tratado da COP30 com o cardeal dom Jaime
Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O encontro abordou a articulação
entre o episcopado brasileiro e o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam)
para promover uma presença ativa da Igreja na conferência do clima. A
expectativa de que Leão XIV se envolva diretamente com a agenda ambiental é
alta.
Cidadão dos Estados Unidos e do Peru,
o novo papa atuou por mais de 20 anos na América Latina e é apontado como
sucessor espiritual do legado do papa Francisco, autor da encíclica Laudato
Si’, que consolidou a ecologia como tema central do Vaticano.
Francisco, inclusive, havia
confirmado presença na COP28, em Dubai, mas não compareceu por motivos de
saúde.
Amazônia e espiritualidade:
simbolismo de uma eventual visita
O convite do governo Lula à Santa Sé
não se restringe a protocolos diplomáticos. A eventual presença do papa na
Amazônia, palco da COP30, seria carregada de significado político, ambiental e
espiritual.
Além de reforçar o compromisso da
Igreja com a justiça climática e os povos originários, funcionaria como
contraponto simbólico ao negacionismo climático representado pelo governo de
Donald Trump, que retomou ofensivas contra acordos ambientais internacionais.
A visita também fortaleceria a
estratégia do governo brasileiro de reposicionar o país como liderança do Sul
Global na diplomacia climática, valorizando a pluralidade de atores e o papel
das religiões na construção de alternativas ao colapso ambiental.
Cenário internacional confere peso ao
gesto brasileiro
A missa inaugural do pontificado
contou com presença de diversas lideranças internacionais, incluindo JD Vance
(vice-presidente dos EUA), Marco Rubio (secretário de Estado norte-americano),
Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia), Giorgia Meloni (Itália), Gustavo
Petro (Colômbia), Dina Boluarte (Peru), Ursula von der Leyen (União Europeia),
e o rei Felipe VI (Espanha).
Na ocasião, Leão XIV também lembrou
dos povos que sofrem com guerras em Gaza, Mianmar e Ucrânia, em mensagem que
reforça seu perfil pacifista e humanitário.
Alckmin, que representou o Brasil na
cerimônia, também se encontrou com o arcebispo Paul Gallagher, responsável
pelas relações internacionais da Santa Sé, e com cardeais brasileiros.
Como gesto de cortesia, entregou ao
papa uma camisa do Santos, “o time do Pelé”, como destacou nas redes sociais.
A articulação diplomática do Brasil
no Vaticano integra a estratégia do governo Lula de fortalecer alianças morais,
religiosas e ambientais para que a COP30 tenha impacto político internacional
equivalente à urgência climática que a inspira.
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