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COP29 amplia os desafios do Brasil para
liderar a COP30
Especialistas
consultados pelo Vermelho criticam resultados da conferência no Azerbaijão, mas
vêem oportunidade de liderança pelo Brasil em 2025
por Cezar Xavier
Publicado 26/11/2024 01:28 | Editado 26/11/2024 08:29
mbientalistas classificam resultado
alcançado em Baku como "desastre". Foto: RS/Fotos Públicas
A COP29, realizada em Baku, no
Azerbaijão, deixou um rastro de insatisfação e dúvidas sobre o futuro do
multilateralismo climático. Apesar de alguns avanços, o encontro foi amplamente
criticado por ambientalistas, representantes de países em desenvolvimento e
especialistas. O Portal Vermelho entrevistou três deles para
sondar sua percepção sobre os resultados e consequências.
Para Inamara Melo,
coordenadora-geral de Adaptação à Mudança do Clima do Ministério do Meio
Ambiente que acabou de retornar de Baku, o evento refletiu os desafios de um
cenário geopolítico complexo. “Foi frustrante não alcançar o valor anual de US$
1,3 trilhão para financiamento climático global, uma meta crucial para os
países em desenvolvimento. O fundo de US$ 300 bilhões anuais está longe de
atender às necessidades reais”, avaliou.
Para ela, o caminho à frente é claro.
“Não podemos esperar que soluções venham de mão beijada dos países
desenvolvidos. O esforço para salvar vidas, proteger o planeta e erradicar a
pobreza precisa ser construído por nós mesmos. O Brasil está se movendo na
direção certa, e a COP30 será um momento crucial para consolidar essa
liderança”, concluiu.
Já o professor da UFAM e especialista
em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Eron Bezerra,
foi ainda mais incisivo. Ele destacou que a conferência repetiu o padrão de
“muita pompa e poucos resultados concretos”. Segundo ele, “os países ricos
acumulam riquezas à custa da destruição ambiental, mas se recusam a adotar
mudanças estruturais e tentam terceirizar a responsabilidade para as nações
emergentes e pobres”.
“O grande objetivo das conferências
deveria ser criar mecanismos para cumprir as metas aprovadas. No entanto, o que
vemos é uma retórica que não se traduz em ação”, criticou Bezerra. “Isso [os
US$ 300 bi] não passa de uma tentativa de endividar ainda mais essas nações
pobres para corrigir os problemas criados pelos ricos. É uma solução vergonhosa
e ineficaz”, criticou.
O indigenista Gustavo
Guerreiro concorda que o financiamento aprovado está muito aquém do
necessário e critica a ausência de avanços em questões estruturais. “O acordo
sequer menciona a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis, uma lacuna
inaceitável. A presidência da COP29 foi considerada incompetente por diversas
entidades”, afirmou.
A condução do evento também foi alvo
de críticas severas. “A presidência da COP29 foi considerada incompetente por
entidades respeitadas, como o Observatório do Clima. A falta de liderança forte
comprometeu as negociações, deixando um vazio que precisa ser preenchido
urgentemente na COP30”, acrescentou.
Brasil: protagonismo em construção
Ministra Marina Silva enfrenta o
desafio de retomar na COP30 em Belém a confiança internacional no
multilateralismo. Foto: RS/Fotos Públicas
Apesar das críticas, Inamara Melo
destacou o papel relevante do Brasil. “Apresentamos uma Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC) ambiciosa, com metas de redução de emissões
entre 59% e 67% até 2035. Estamos integrando a agenda climática às políticas
públicas de forma estrutural, com instrumentos como o Fundo Clima e os Títulos
Soberanos Sustentáveis”, afirmou.
“Essas ferramentas demonstram que
estamos integrando a agenda climática às políticas públicas de forma
estrutural. É um sinal claro de que o Brasil está disposto a liderar pelo
exemplo”, afirmou.
Bezerra também reconhece o potencial
do Brasil, mas ressalta a necessidade de um alinhamento estratégico com outros
países emergentes, como a China. “Lula e Xi Jinping precisam liderar uma
cruzada por um modelo efetivamente sustentável. Nossa matriz energética limpa e
a Amazônia como ativo estratégico nos colocam em uma posição privilegiada, mas
precisamos de ações mais robustas e menos dependência de soluções paliativas
como créditos de carbono.”
“Nossa maior floresta tropical, a
Amazônia, é um ativo estratégico para o equilíbrio climático mundial. Além
disso, o Brasil já tem experiências práticas em mitigação, como transição
energética e reaproveitamento de resíduos. Agora é hora de liderar pelo
exemplo”, afirmou.
Gustavo Guerreiro, por sua vez,
acredita que a COP30, marcada para ocorrer em Belém, será uma oportunidade
única para o Brasil demonstrar liderança global. Apesar do cenário desanimador,
ele mantém a esperança de que as negociações futuras possam ser mais produtivas.
“A COP30 será um teste crucial para o Brasil e para o processo multilateral
como um todo. Precisamos acompanhar de perto como os desdobramentos de Baku vão
influenciar as articulações globais daqui para frente”, concluiu.“
Críticas ao multilateralismo e à
responsabilidade dos países ricos
Baku/ Azerbaijan – 23/11/2024 – COP29
após um dia de atraso, países concordam em US$ 300 bi para financiar combate às
mudanças climáticas. Foto: RS/Fotos Públicas
Um ponto de consenso entre os
entrevistados é a ineficácia do multilateralismo diante das tensões globais. “A
resistência dos países desenvolvidos em adotar mudanças estruturais, fica claro
que o sistema atual está falhando em resolver a crise climática”, disse
Inamara.
Além disso, lacunas em áreas
essenciais, como o Programa de Trabalho de Transição Justa e o Balanço Global
do Acordo de Paris, reforçaram o sentimento de descrédito no processo
multilateral. “Há quem questione se o multilateralismo ainda é eficaz para
resolver a crise climática, especialmente diante da volta de Trump à Casa
Branca e das tensões globais. A ameaça de abandono da conferência por países
vulneráveis quase levou ao colapso das negociações. Foi preciso um trabalho
diplomático intenso, muitas vezes madrugada adentro, para salvar a declaração
final”, disse ela.
Bezerra reforçou a crítica, apontando
que “os países ricos ainda resistem a atualizar suas matrizes energéticas e
reflorestar áreas degradadas, enquanto mascaram sua responsabilidade e criam
barreiras para produtos de países em desenvolvimento”. Bezerra aponta os países
ricos como os principais responsáveis pela crise climática e os maiores
obstáculos para uma solução efetiva.
Guerreiro destacou que o Brasil
precisa aproveitar a COP30 para reconstruir a confiança no multilateralismo ao
assumir uma postura protagonista e trabalhar pela reconstrução da credibilidade
internacional. “Será necessário articular melhor os países do Sul Global,
pressionar por acordos mais ambiciosos e buscar ampliar significativamente os
recursos destinados ao enfrentamento das mudanças climáticas”, explicou.
Expectativas para a COP30
Apesar do ceticismo em relação aos
resultados da COP29, os três entrevistados veem na COP30 um momento crucial
para redefinir os rumos da agenda climática global.
Ao refletir sobre os resultados da
COP29, Inamara reconheceu a frustração de muitos, mas optou por um olhar
pragmático. “É verdade que as metas ainda são insuficientes, mas também houve
avanços. O Brasil mostrou que é possível conciliar ação climática com
desenvolvimento. Precisamos olhar para isso como um copo meio cheio. Se
quisermos evitar um colapso climático, não temos alternativa senão agir com
urgência e responsabilidade.” Ela concluiu defendendo que o Brasil tem uma
tarefa desafiadora, “mas também uma oportunidade histórica de consolidar sua
liderança climática e garantir que a transição para um modelo sustentável seja
mais equitativa”.
Para Bezerra, o sucesso na luta
contra a crise climática depende de uma mudança de postura dos países ricos,
enquanto Guerreiro enfatiza que “é preciso transformar discursos em ações
concretas”.
Com a COP30 se aproximando, todas as
atenções estarão voltadas para Belém, onde o Brasil terá a chance de provar que
pode liderar pelo exemplo e inspirar mudanças globais.
COP29 evidenciou para os
representantes de países em desenvolvimento a falta de compromisso dos países
ricos com o enfrentamento a mudanças climáticas. Querem que os países pobres se
adaptem, mas não querem pagar por isso. Foto: RS/Fotos Públicas
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