terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Adilson Araújo critica violações à segurança do trabalho em Brumadinho

Adilson Araújo critica violações à segurança do trabalho em Brumadinho

Em artigo, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, comenta a tragédia em Brumadinho sob o ponto de vista da legislação trabalhista. O texto cita nota do procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, para quem "a tragédia representa um dos mais graves eventos de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil"

Bombeiros resgatam funcionário da Vale soterrado pela lama em BrumadinhoBombeiros resgatam funcionário da Vale soterrado pela lama em Brumadinho
Brumadinho: um dos mais graves eventos de violação à segurança do trabalho
A ganância privatista vai dando conta de que o lucro e ganho farto estão acima de tudo e de todos e de qualquer preocupação com a proteção do meio ambiente, a flora e fauna e a vida dos seres humanos. Já somam 60 mortos e cerca de 292 pessoas desaparecidas, segundo dados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em seu último boletim.

Em nota oficial, o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, afirmou que a tragédia representa um dos mais graves eventos de violação às normas de segurança do trabalho na história da mineração no Brasil. Uma "tragédia demonstra a precariedade das condições de trabalho a que estão expostos os trabalhadores no Brasil", denunciou a nota do Ministério Público do Trabalho (MPT) ao afirmar que irá realizar um diagnóstico do crime socioambiental de Brumadinho, com vistas à apuração de responsabilidades criminal, civil e trabalhista.

A Vale, antes chamada de Companhia Vale do rio Doce (CVRD), foi fundada em 1942 pelo então presidente Getúlio Vargas, sob de que a Vale dava prejuízo ao país, em 1997, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, privatizou a estatal que hoje está entre as maiores mineradoras do mundo e abocanha lucros da 17 bilhões de reais, a coloca entre as maiores mineradoras do mundo.

Descaso

Os números de Brumadinho não são apenas os maiores, eles revelam descaso total com a população e os trabalhadores e trabalhadoras que trabalhavam no momento do rompimento da barragem. Esse crime comprova que estamos diante de um sistema faligo que não tem compromisso com o nosso povo e que, desde Mariana, não foi enfrentado e muito menos julgado e condenado pelas vidas perdidas e os severos danos ambientais.

Uma tragédia anunciada, sobretudo após Mariana, Brumadinho é fruto de um modelo de exploração colonial latino-americana liderado por uma parcela da sociedade que tem como expressões mais conhecidas as privatizações, o lucro e a exploração predatória, que coloca os interesses privados e os lucros das mineradoras acima da vida, do meio ambiente e do bem comum. Tudo isso com a cumplicidade do poder público que está a serviço do poder econômico.

Resistir a todo custo!
A hora deve ser de mudança pelos mortos, pelos que resistem e pelos que ainda sofrem com as consequências de crimes como o que foi cometido em Brumadinho. A impunidade do crime de Mariana dá mais espaço e oportunidade para outros crimes. Queremos Justiça e punição por Brumadinho, Mariana, Marielle e muitos outros!

Entendemos que uma sociedade se constrói para cidadãos, não contra eles. Lutaremos, porque está claro que impunidade é o custo da irracionalidade.

São Paulo, 27 de janeiro de 2019

Adilson Araújo
Presidente Nacional da CTB

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