domingo, 8 de janeiro de 2012

Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa a luta continua

Engenho Uchoa: uma luta de 20 anos

Postado às 10:46 em 04 de janeiro de 2012

Publicado no Jornal do Commercio, em 4 de janeiro de 2012.

Uma contestação na Justiça impede, há dez anos, que a mais abrangente unidade de conservação do Recife saia do papel. Decretada de utilidade pública em 2002, a área da Mata do Engenho Uchoa nunca foi desapropriada porque os proprietários contestaram o valor da indenização.

Refúgio de vida silvestre com 20 hectares, no nível estadual, e Área de Proteção Ambiental de 192 hectares, no municipal, a Mata do Engenho Uchoa inclui 11 bairros e tem no entorno mais de 270 mil moradores.

"A gente luta há mais de 20 anos pela transformação disso tudo num parque público, que todos os recifenses possam usufruir”, diz o professor Augusto Semente, 55 anos, morador do Barro, na Zona Oeste, e integrante do Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa.

Como não houve a desapropriação, o decreto perdeu a validade. Na época, o valor do terreno era estimado em R$ 6 milhões. “Hoje, os herdeiros da propriedade que entraram na Justiça pedem R$ 200 milhões”, diz o secretário de Meio Ambiente do Recife, Marcelo Rodrigues.

A prefeitura do Recife garante que implantará a APA até 2014. Dos 192 hectares, 60 são de manguezal, que pertencem à União. Dessa forma, apenas 132 hectares deverão ser desapropriados.

Séries parques de papel - 4

Os pulmões do Recife

POSTADO ÀS 10:48 EM 04 DE Janeiro DE 2012
Publicado no Jornal do Commercio, em 4 de janeiro de 2012. Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem, 22/12/2011.
Na capital há cinco áreas protegidas por lei estadual. Apenas uma - o Parque Dois Irmãos – está delimitada e, mesmo assim, sofre pressão urbana. No último dia da série de reportagens de Verônica Falcão, conheça a importância dessas florestas urbanas para a cidade.
As unidades de conservação estaduais do Recife – três refúgios de vida silvestre, uma reserva de floresta urbana e um parque – somam 2,76% do território da cidade, que ocupa 22 mil hectares distribuídos em 94 bairros.
Das cinco, todas criadas há 25 anos, apenas uma foi implantada: o Parque Dois Irmãos, que abriga o zoológico da cidade. As outras, embora nunca tenham saído do papel, ainda cumprem uma função hidrológica e climática, segundo os especialistas, e precisam urgentemente de proteção.
Entre os serviços ambientais oferecidos gratuitamente pelas florestas urbanas, explica o biólogo Felipe Alcântara, está a purificação do ar e da água, além da manutenção do clima. “As cidades apresentam temperatura média maior que a das zonas rurais de mesma latitude. Dentro delas, as temperaturas aumentam das periferias em direção ao centro. As florestas urbanas amenizam o efeito desse fenômeno, chamado Ilha Urbana de Calor”, justifica Felipe Alcântara, integrante da equipe técnica do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan).
Outro serviço prestado pela mata atlântica do Recife é na amenização das cheias. “A ausência de florestas ciliares, por se tratar de uma barreira física contra o aumento da vazão dos leitos dos rios, impossibilita a retenção de enchentes”, esclarece o biólogo. Matas ciliares são aquelas que margeiam os rios.
As cinco criadas por lei em 1987 totalizam 609,2 hectares. Havia uma sexta – o Jardim Botânico do Curado, de 10,74 hectares – que em 2011 perdeu o título de unidade de conservação estadual, a pedido da prefeitura do Recife.
Três são na Zona Oeste da cidade: São João da Várzea (64,52 hectares), Engenho Uchoa (20 hectares), e Matas do Curado (102,96 hectares). As outras duas se localizam na Zona Norte da capital: Dois Unidos (37,72 hectares) e Dois Irmãos (384 hectares).
Manual sobre pagamentos por serviços ambientais publicado recentemente informa que “ecossistemas em bom funcionamento fornecem fluxos de água limpa e segura, solo produtivo, condições meteorológicas relativamente previsíveis, e muitos outros serviços essenciais para o bem-estar humano.” Além, claro, do sequestro de carbono, um dos gases do efeito estufa, da atmosfera.
Elaborado por ONGs e Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o Pagamento por Serviços Ambientais: Um Manual Sobre Como Iniciar cita ainda a desintoxicação e decomposição de resíduos, a manutenção da biodiversidade e o eriquecimento da estética e da beleza paisagística.
Parque de papel - terceiro dia 
Parques de papel - segundo dia
Parque de papel - primeiro dia

Nenhum comentário: