quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O Desfile

O Desfile



































Vista a camisa e caia na gandaia!
Vamos arrebenta no desfile da Arrebenta Sapucaia! 2018
















VALOR UNITÁRIO DA CAMISA
R$ 20,00 (VINTE REAIS)



domingo, 28 de janeiro de 2018

Vista a camisa e caia na gandaia! Vamos arrebenta na Manhã de Sol Sapucaia! 2018

Vista a camisa e caia na gandaia!
Vamos arrebenta na Manhã de Sol Sapucaia! 2018
















VALOR UNITÁRIO DA CAMISA
R$ 20,00 (VINTE REAIS)






















































Coordenação:
Luci Machado - 98637.1747
José Semente - 98595.8666
Augusto Semente - 99258.7195

sábado, 27 de janeiro de 2018

Manhã de Sol Arrebenta Sapucaia! 2018


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Por todo o Brasil - Veja onde ocorrerão os atos em defesa de Lula e da democracia

Veja onde ocorrerão os atos em defesa de Lula e da democracia

 Porto Alegre começou a receber, nesta segunda-feira, caravanas de vários estados brasileiros Porto Alegre começou a receber, nesta segunda-feira, caravanas de vários estados brasileiros
Foto: Isaiana Santos

Os atos em São Paulo e na cidade de Porto Alegre (RS) serão as principais ações no país no dia em que ocorre o julgamento, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), do recurso no processo referente ao caso do tríplex do Guarujá (SP), parte da Operação Lava Jato. Mas, além dessas ações, vigílias e protestos já estão agendados em vários municípios brasileiros.

Em São Paulo as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem mais de 180 entidades e movimentos,dentre os quais a CUT, CTB, sindicatos, MTST, CMP, UNE e MST, realizam vigília em defesa de Lula e da democracia, às 17h, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, na Avenida Paulista, 1.842, na capital paulista.

Já na quarta-feira (24), os movimentos farão ato na Praça da República, a partir das 17h, e caminhada até a Avenida Paulista. A atividade contará também com a presença de artistas, intelectuais e do próprio Lula.

Para lideranças como o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o principal crime de Lula é ser líder das pesquisas de intenção de votos e o julgamento poderá condenar alguém inocente, num caso sem provas ou testemunhas que evidenciem ilegalidades, tratando-se, portanto, de uma perseguição política.

"É a disputa de um projeto para um país subordinado aos interesses do grande capital internacional - um país para poucos -, contra a de um país soberano, com indústria e agricultura nacional pujante, geração de emprego e distribuição de renda, um país para todos e todas. É disso que se trata essa perseguição."

O presidente da CTB, Adilson Araújo, também expressou todo seu apoio à campanha pelo direito do ex-presidente ser candidato nas eleições deste ano e destacou que reagir à arbitrariedade no caso Lula é resistir ao recrudescimento da direita e da ofensiva neoliberal no país.

Assim tem início o ano de 2018 que, na avaliação da presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, Nayara Souza, repete um dos maiores desafios da história do povo brasileiro, o de defender o Estado Democrático de Direito.

“É momento de mostrar ao país todo que só a força do povo pode mudar. Espalhar esperança e defender a jovem democracia que em toda a nossa história, foi tão maltratada. O direito de expressão, de opinião e de liberdade. O direito à democracia é muito caro para nós e não abriremos mão. Defender o direito de Lula ser candidato é defender a legalidade, é defender esse Brasil: justo”, afirma.

Para Matheus Gringo, da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o programa do golpe em curso no Brasil está relacionado também com a crise do capitalismo mundial. E, para a superação desta crise, avalia, o capital exige o aprofundamento da exploração da classe trabalhadora.

“A perseguição pela qual tem passado o ex-presidente Lula e a tentativa de impedi-lo de disputar as eleições presidenciais neste ano demostram que ele ainda simboliza para a população brasileira a possibilidade de construção de um projeto nacional de superação da crise do capitalismo sem o aprofundamento da retirada de direitos da classe trabalhadora”, destaca.

Veja abaixo onde ocorrerão manifestações por todo o Brasil:

Nordeste

Ceará
24/01 - Fortaleza | 8h | Ato na Praça da Justiça Federal (centro)
24/01 - Cratéus | 8h | Ato com concentração na Sede da Justiça Federal
24/01 - Sobral | 7h | Ato com Concentração na na Praça de Cuba
24/01 - Quixadá | 8h | Ato na Praça Coronel Nanan
24/01 - Limoeiro de Norte | 7h | Ato na Praça da Justiça Federal
24/01 - Cariri | 9h | Ato na Praça da Prefeitura de Juazeiro do Norte

Rio Grande do Norte
23/01 - Vale do Açu | 7h | Caminhada com Concentração na Praça do Rosário
24/01 - Natal | 7h | Caminhada com concentração no Centro de Comercialização de Agricultura Familiar

Alagoas
23/01 - Maceió | 7h | Ato na Praça Deodoro
24/01 - Maceió | 8h | Vigília na Praça Centenário
24/01 - Delmiro Gouveia | 8h | Em frente ao Fórum

Sergipe
23/01 - Glória | 20h | Ato em frente ao Fórum
23/01 - Gararu | 20h | Ato em frente ao Fórum
23/01 - Porto da Folha | 20h | Ato em frente ao Fórum
23/01 - Poço Redondo | 20h | Ato em Frente ao Fórum
23/01 - Lagarto | 8h | Ato no Sindicato dos Trabalhadores
24/01 - Própria | 6h | Ato em Frente ao Fórum
24/01 - Estância | 6h | Ato em frente da Justiça Federal
24/01 - Aracaju | 15h | Ato na Praça General Valadão
24/01 - Itabaiana | 07h | Em frente à Justiça Federal

Pernambuco
23/01 - Recife | 15h | Ato com concentração Praça Tiradentes
23/01 - Caruaru | 15h | Ato com concentração em frente ao INSS na Av. Rui Barbosa
24/01 - Recife | 08h | Vigília com concentração Praça Tiradentes

Bahia
23/01 - Salvador | 15h | Tribunal Popular no Campo Pólvora
23/01 - Vitória da Conquista | 18h | Acampamento e Vigília na Praça Vitor Brito
24/01 - Vitória da Conquista | 8h | Ato Público na Praça Vitor Brito
24/01 - Salvador | 7h | Vigília no Campo Pólvora
24/01 - Salvador | 8h30 | Caminhada e Vigília no Fórum Ruy Barbosa

Paraíba
23/01 - João Pessoa | 19h | Vigília na Praça João Pessoa
24/01 - João Pessoa | 7h | Caminhada com concentração na Praça João Pessoa


Centro Oeste

Mato Grosso
23/01 - Cáceres | 15h | Ato na Praça da Cavalhada/Benjamim Constant
23/01 - Rondonópolis | 18h30 | Vigília em frente ao prédio da Justiça Federal
24/01 - Cáceres | 7h | Vigília com concentração na Justiça Federal
24/01 - Barro do Garças | 8h30 | Ato em frente ao Banco do Brasil
24/01 - Juína | 19h30 | Ato no Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público
24/01 - Tangará da Serra | 7h | Vigília com concentração na Sede da Justiça Federal
24/01 - Cuiabá | 6h | Em frente à sede da Justiça Federal

Goiás
19/01 - Uruaçu | 9h | Ato na Avenida Tocantins
24/01 - Goiânia | 8h | TRF de Goiânia

Distrito Federal
23/01 - Brasília | 19h | Vigília em frente ao STF
24/01 - Brasília | 10h | Caminhada com concentração na CUT

Mato Grosso do Sul
23/01 - Campo Grande | 17h | Aula Pública na Av. Afonso Pena, 4.444
24/01 - Campo Grande | 06h | Ato Público na esq. da A. Afonso Pena com a Rua 14 de Julho
Sudeste

São Paulo

23/01 - São paulo l 17h l Vigília no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, na Avenida Paulista,
24/01 - São Paulo | 17h | Concentração na Praça da República

Minas Gerais
22/01 - Belo Horizonte | 19h | Ato dos Juristas Mineiros pela Democracia na Faculdade de Direito da UFMG
23/01 - Uberlândia | 8h | Porta da Justiça Federal
23/01 - Belo Horizonte | 17h | Praça Afonso Arinos 24/01 - Belo Horizonte | 8h | Assembleia Legislativa
Rio de Janeiro
22/01 - Rio de Janeiro | Ocupação na Rede Globo
24/01 - Rio de Janeiro | 10h | Av. Rio Branco
24/01 - Barra Mansa | 9h | Ato na Praça da Matriz
Espírito Santo
24/01 - Vitória | 8h | Praça Costa Pereira - Centro

Sul
Rio Grande do Sul
22/01 - Porto Alegre | 18h | Ato no auditório da FETRAFI
23/01 - Porto Alegre | 9h30 | Ato no auditório Dante Baroni
23/01 - Porto Alegre | 16h | Marcha com concentração na Esquina Democrática
24/01 - Porto Alegre | 08h | Vigília com Concentração no Acampamento da Legalidade

Paraná
23/01 - Curitiba | 19h | Vigília na Praça Santos Andrade
24/01 - Curitiba | 07h30 | Vigília na Praça Santos Andrade

Norte

Tocantins
23/01 - Palmas | 18h | Aulão Popular sobre a Lava Jato e Vigília em frente à Justiça Federal
24/01 - Palmas | 8h | Ato em frente à Justiça Federal Pará 23/01 - Belém | 17h | Domingos Marreiros, 598

Pará
23/01 - Belém | 17h | Domingos Marreiros, 598
24/01 - Altamira | 8h | Em frente ao Fórum na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes
24/01 - Parauapebas | 9h | Ato com concentração no CDC 24/01 - Belém | 08h | Domingos Marreiros, 598

Rondônia
24/01 - Porto Velho | 4h | Ato com Concentração em frente à Justiça Federal

Amazonas
23/01 - Manaus | 18h | Vigília em frente à Justiça do Trabalho 24/01 - Manaus | 9h | Ato em frente à Justiça do Trabalho


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

domingo, 21 de janeiro de 2018

Há 36 anos, movimento comunitário dava início à história da Conam

Há 36 anos, movimento comunitário dava início à história da Conam

  

Se o acesso às praças fosse bloqueado, sobressaíam as palavras de ordem, os hinos e até as pichações em muros. “Estas poesias (...) são comício e manifesto. São umas das mil formas de se chegar ao povo quando negam ao povo a praça pública”, explica Mário Lago, na introdução de “O Povo Escreve a História nas Paredes”, de 1948.   

Das “mil formas de se chegar ao povo”, poucas se mostraram mais eficientes e vitoriosas do que a formação de entidades nacionais representativas. Foi assim no movimento estudantil, com a UNE e a Ubes. Foi assim também na centenária história do sindicalismo, com suas associações, federações, confederações e centrais sindicais. Foi assim – e ainda mais – nas lutas políticas da República, a partir do nascimento e na consolidação, Brasil afora, de partidos democráticos, patrióticos e progressistas.

Com o movimento comunitário – que emergiu, de forma muito limitada e incipiente, na virada da década de 1920 para os anos 30 –, não foi diferente. Houve lutas memoráveis, sim, até os últimos anos da ditadura militar (1964-1985). O movimento encarou o arbítrio, levantou bandeiras históricas, formou lideranças de massas e viu a voz dos bairros chegar às praças centrais.

Faltava, no entanto, uma representação nacional do movimento – uma entidade máxima –, capaz de unificar as lutas comunitárias e populares, acumular forças e consolidar as conquistas. Partindo das demandas das associações de moradores e das sociedades amigos de bairro, essa entidade teria mais peso político para legitimar e fortalecer as reivindicações populares. Foi sob esse contexto que, há 36 anos, nasceu a Conam.

Do Movimento contra a Carestia à Anampos
Duramente atingido após o golpe de 1964, o movimento voltou a se fortalecer nos anos 70. Com o reforço de lideranças sindicais e partidárias – cada vez mais perseguidas pelo regime –, a luta popular se tornou mais politizada e abrangente. Seu marco principal foi o Movimento contra a Carestia, que combateu o elevado custo de vida. Numa mesma frente de lutas, uniram-se várias forças sociais, como partidos políticos (inclusive os clandestinos) e setores da Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

O Movimento contra a Carestia culminou em vários feitos, como o abaixo-assinado com 1,25 milhão de adesões pelo congelamento dos preços dos gêneros de primeira necessidade; a Assembleia Popular com 7 mil pessoas; a Passeata das Panelas Vazias; a eleição de parlamentares egressos da luta comunitária, como Aurélio Peres e Irma Passoni; a fundação e a reorganização de milhares de associações de moradores e sociedade amigos de bairro, bem como as primeiras entidades federativas municipais e estaduais. Tudo às voltas com a abertura “lenta, gradual e segura”.

A primeira tentativa de construir uma entidade nacional de moradores parecia contemplada na fundação da Anampos (Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais), criada em fevereiro de 1980, na cidade mineira de João Monlevade. Segundo Frei Betto, um dos idealizadores da Anampos, o objetivo era “congregar, em caráter suprapartidário e supraconfessional, militantes e entidades identificados com as aspirações libertárias expressas na prática pastoral das CEBs e na Carta de Princípios do PT”.

O documento final do “Encontro de João Monlevade” foi assinado por “dirigentes sindicais, líderes operários e militantes do movimento popular”, a exemplo de Luiz Inácio Lula da Silva e João Pedro Stedile. O texto enfatizava a “unidade de ação”, para “articular o movimento popular engajado na busca libertação integral do povo brasileiro”. Era fato que, até 1980, a luta contra a ditadura unia as entidades num mesmo campo. Da mesma forma, a oposição ao regime se concentrava num único partido, o MDB. Praticamente não havia correlação de forças favorável a mais alternativas.

Com a decadência do governo dos generais-presidentes e a volta do pluripartidarismo, as diferenças entre as forças progressistas vieram à tona. Em poucos meses, o MDB se dividiu em quatro partidos – PMDB, PTB, PDT e PT. As legendas clandestinas, beneficiadas com a Anistia de 1979, também começaram a se reorganizar. Foi o caso do PCdoB e do PCB.

Ao realizar o “Encontro de Vitória”, em junho de 1981, a Anampos ainda procurou afirmar-se como uma articulação “apartidária”, em busca de “pontos comuns de lutas”, respeitando a “autonomia do movimento popular e sindical frente aos partidos políticos”. Mas as divergências naturais entre as várias tendências no interior e fora da Anampos inviabilizaram a unidade.

A Comissão Pró-Conam
No segundo semestre de 1981, as iniciativas em defesa de uma entidade nacional movimento comunitário se renovaram. Associações de moradores realizaram encontros regionais em todo o Brasil e convocaram seu congresso nacional de fundação para o ano seguinte. Os rumos da entidade, autônoma e suprapartidária, foram especialmente discutidos no 2º Encontro Nacional de Entidades de Moradores de Bairros, Vilas e Favelas (no Rio de Janeiro, em 29 e 30 de agosto) e no 3º Encontro Nacional das Associações de Moradores (em São Paulo, no dia 26 de setembro).

Um dos documentos pró-Conam deixava claro: “Para que o Congresso (de fundação) se transforme numa grande vitória do povo, ele deverá permitir discussões profundas que formarão as bases de suas deliberações e resoluções”. A pauta do encontro não se resumia à atuação típica do movimento. “A luta é também por questões políticas, como a queda do regime militar, pela Constituinte livre e soberana, contra o desemprego e a carestia, e também contra estes últimos pacotões”, resumiu o gaúcho Paulo Della Zen à “Tribuna da Luta Operária”.

O 1º Congresso Nacional das Associações de Moradores (Conam) foi marcado, enfim, para 16 e 17 de janeiro de 1982, no Ginásio do Pacaembu, em São Paulo (SP). As lideranças à frente do movimento constituíram uma Comissão Pró-Conam, sob a presidência de Almir de Barros.

No dia 14 de janeiro, às vésperas do encontro, a comissão promoveu um ato para divulgar documento com os objetivos do movimento. A prioridade era criar uma confederação nacional “mais ampla”. Segundo a comissão, “os problemas de saúde, saneamento, educação, transporte, moradia, lazer, segurança e outros tornaram-se tarefas que exigem descentralização e a participação de todos para encaminhar suas soluções”.

O documento fazia também uma firme defesa das entidades de base. “As associações de moradores de bairros, vilas e favelas não são organismos artificiais. Surgiram ao longo das últimas décadas de forma espontânea e autônoma, como expressão legítima dos interesses da população na luta por seu bem-estar, reivindicando melhores condições de infraestrutura – água, luz, esgoto, asfalto, segurança, etc.”.

Prometia-se, ainda, um posicionamento político aberto pelo “cessamento do arbítrio” e pela “participação permanente e organização de todo o povo no processo de decisões”. De acordo com a comissão pró-Conam, as eleições diretas eram o “caminho para que as verdadeiras causas do desequilíbrio de renda – a dependência energética e o endividamento generalizado – desapareçam”.

Um atribulado congresso
O início do Congresso de Fundação da Conam estava previsto para as 9 horas de 16 de janeiro, um sábado. Desde sexta-feira, as delegações de fora de São Paulo já estavam acomodadas em dependências cedidas pelos governos estadual e municipal, como o próprio Pacaembu, o Ginásio do Ibirapuera e em escolas públicas.

O credenciamento começou às 7h30 de sábado. Se o movimento comunitário dispusesse de estrutura material e financeira, o encontro superlotaria o Ginásio do Pacaembu. Havia 15 mil delegados credenciados, sendo 8 mil de São Paulo e 7 mil dos outros 22 estados, do Distrito Federal e dos então territórios de Roraima e do Amapá. No final, 5 mil pessoas compareceram ao primeiro dia do congresso.

Mesmo com a considerável “quebra” na mobilização, o primeiro dia do Congresso foi atribulado. Sem experiência para um encontro de tamanha envergadura, a Comissão Pró-Conam se perdeu logo no credenciamento dos delegados. A abertura do congresso foi adiada para o início da tarde. Mesmo assim, mais de 2 mil participantes ainda estavam sem inscrição. Os problemas, sobretudo de hospedagem e alimentação, prosseguiram até o fim da atividade.

Nada, porém, ofuscou o ânimo das lideranças presentes. O ginásio foi tomado por dezenas de faixas e cartazes que saudavam o congresso. Enquanto a programação não tinha início, delegados se revezavam em batucadas e cantorias. Quando Almir de Barros abriu o Congresso, logo depois do horário de almoço, a plenária contava com representações de 18 estados.

No domingo, dia 17, o congresso chegou à sua fase mais importante: a criação da Conam entrou em discussão pela manhã. Após uma série de discursos inflamados – a maioria em defesa da nova entidade –, a mesa anunciou que 2.717 delegados estavam aptos a participar da eleição. Por 1.172 votos a 618, a plenária aprovou a fundação e o estatuto da Confederação Nacional das Associações de Moradores. Houve ainda 11 votos nulos e dois em branco, além de 914 abstenções.

O encontro se encerrou às 17h30, com a posse da primeira direção da história da Conam, composta por 29 membros e eleita para um mandato de dois anos. Uma vez fundada, a Conam passou a representar as mais de 8 mil associações de bairro que o país tinha – e que abrangiam 25 milhões de pessoas. A maioria desses brasileiros (cerca de 95%) ganhava até três salários mínimos. Na época, o déficit habitacional no país era da ordem de 8,5 milhões de moradias. Para piorar, em 11 estados não havia nem sequer federações criadas pelo movimento comunitário.

No horário de encerramento do encontro, o estádio do Pacaembu recebia o jogo Santos x Vasco da Gama. Apesar da dispersão dos delegados e da partida, a diretoria se reuniu para definir sua composição. Como já era esperado, Almir de Barros se tornou o primeiro presidente da entidade. Militante do PMDB, Almir era membro do Conselho Coordenador das Sociedades de Amigos de Bairro do Estado de São Paulo.

Irineu Guimarães, da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro, foi designado vice-presidente. Já Washington Aires, da Federação das Associações de Moradores do Rio Grande do Sul, assumiu a Tesouraria. Cada região brasileira foi representada na diretoria por um vice-presidente. Entre os dirigentes eleitos, havia lideranças que despontam hoje no Congresso Nacional, como o senador Inácio Arruda e o deputado federal Walter Feldman.

A Conam hoje
Aos 36 anos, a entidade máxima do movimento comunitário brasileiro está presente em todos os estados do País e no Distrito Federal, exercendo a representação de 23 federações estaduais, 550 uniões municipais e mais de 20 mil associações de moradores. Atua nas conferências da Saúde, Cidades, Políticas Públicas para as Mulheres, Esportes, Cultura, Segurança Alimentar e Meio Ambiente; nos Fórum Nacional de Reforma Urbana, no Fórum Brasileiro de Orçamento e na Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental.

Fundadora da Frente Brasil Popular – ao lado de partidos e outras entidades do movimento social brasileiro –, a Conam ainda é membro da Aliança Internacional de Habitantes e da Frente Continental de Organizações Comunitárias. Sua direção atual, sob a presidência do gaúcho Getúlio Vargas Júnior, é suprapartidária, com membros filiados a legendas como PCdoB, PT, PDT, PSB, PSDB e independentes.

A existência da Conam é garantia de permanente resistência popular à opressão. Sua história faz justiça aos versos de Mário Lago: “O povo não morre, é eterno./ Passam os traidores do povo,/ O povo não passa não (...)/ O povo sabe os caminhos/ pra enfrentar a reação”.


* André Cintra, jornalista, é secretário de Comunicação do PCdoB de São Paulo e assessor da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil). Este texto é baseado em um artigo de sua autoria publicado em 2012 na revista “Habitar”, da Conam.


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

sábado, 20 de janeiro de 2018

Fórum Alternativo Mundial da Água

Fórum Alternativo Mundial da Água


Esse é um fórum democrático em contraposição ao 8º Fórum Mundial da Água - chamado "fórum das corporações" (que ocorrerá em março de 2018, organizado pelo Conselho Mundial da Água), em processo de construção coletiva com diversas entidades, entre movimentos sociais urbanos e do campo, de luta socioambiental – tanto no âmbito nacional como internacional .

A organização do Fórum acredita na potencialidade deste encontro de reunir os esforços dos movimentos sociais nacionais e internacionais para afirmar o acesso à água como um direito humano fundamental, sobretudo para os/as que vivem o empobrecimento, e os conflitos por água, e para quem a água se tornou um recurso inacessível, devido a destruição ambiental, incluindo o desequilíbrio climático, que determina a quebra dos serviços ambientais, e as iniciativas das grandes corporações que privatizam e mercantilizam a água de maneira crescente.

Acredita que a abordagem das questões relativas à água devem suplantar a abordagem que só visualiza e destaca seu caráter produtivo. A água deve ser entendida a partir de um referencial que a trate como sustentáculo da vida, como elemento sagrado para diversas culturas, e ainda relacionada à gestão de valores ambientais, sociais, éticos e de equidade.

Dentro da atual conjuntura mundial e nacional, de crescentes retrocessos políticos, sociais, econômicos, contra nossa soberania, destaca-se também o violento e suicida agravamento da crise socioambiental.

Os governos no mundo, alguns mais outros menos, tem mostrado negligência, irresponsabilidade, com frequência até criminosa, na gestão dos recursos hídricos, situação em que favorecem os interesses de lucro às custas de prejudicar o interesse da população. Isto tudo se dá iniciando-se na destruição do meio ambiente, com destaque para a poluição nas mais variadas formas e, no Brasil, em especial, temos que ressaltar o criminoso desmatamento e a consequente destruição das nascentes. Tanto a poluição como o desmatamento sempre e diretamente desequilibram o clima, assim como o ciclo hidrodrológico. A disponibilidade de água é diretamente proporcional ao equilíbrio climático e sua não privatização, e colocam as mudanças climáticas e a justiça socioambiental na prioridade deste debate e centro da solução.

Os organizadores do Fórum afirmam "NÃO PERMITIREMOS privatizar a água. PRIVATIZAR A ÁGUA é privatizar um bem comum fundamental, a fonte da vida, é transformar um bem indispensável para se viver em um produto comercial, em negócio para a ACUMULAÇÃO PRIVADA".

É claro que a água para chegar potável à nossa torneira precisa de muito trabalho e de complexos sistemas da captação, reservatórios, tratamento, rede de distribuição. Mas uma coisa é fazer isto como um trabalho responsável de gestão do bem comum água e com controle social, considerando a água um direito humano básico. Outra coisa, radicalmente diferente, é fazer isto para gerar lucros, não importando em nada ser a água um bem comum para todas e todos.

A cerimônia na Assembleia Legislativa do Ceará contará com a participação de movimentos sociais, acadêmicos, juristas, trabalhador@s, socioambientalistas e povos tradicionais e toda sociedade cearense está convidada.

São objetivos principais do Forum:

1. Ser um evento democrático, transparente, participativo, descentralizado e acessível, cuja realização ocorrerá simultaneamente e em contestação ao Fórum Mundial da Água. Terá a função de discutir problemas relacionados à água e ao saneamento, nas suas mais variadas interfaces, em busca de soluções que representem sustentabilidade e segurança hídrica para os seres humanos e a manutenção da vida na Terra.

2. Sensibilizar e mobilizar a população sobre o tema e a problemática da água e do saneamento, empreendendo amplo debate público em todo o País por meio de seminários, aulas públicas, oficinas, atividades culturais, atos ecumênicos etc.

3. Desenvolver um processo de sensibilização/mobilização que deverá servir à construção e realização do FAMA, visando ainda colocar o debate de forma permanente na agenda da sociedade em nível mundial.

4. Denunciar a ilegitimidade do 8º FMA e responsabilizar governos pelo uso de recursos públicos na promoção de interesses privados.

5. Propor e cobrar ações para os governos, visando políticas públicas de pleno acesso à água e ao saneamento, como direito fundamental e com amplo reconhecimento das Nações Unidas.

6. Reforçar a luta contra a mercantilização da Água.

7. Utilizar o lema “ÁGUA É DIREITO E NÃO MERCADORIA”, visando popularizar o tema, intensificar ações e unificar os esforços de ​ cidadãos, coletivos e entidades que atuam nas mais variadas áreas ligadas à água, como abastecimento, saneamento básico, equilíbrio climático, direitos humanos, atingidos por barragens, combate aos agrotóxicos, agricultura, meio ambiente, moradia etc.

8. Tornar estas ações um processo permanente, na perspectiva inicial de criação de espaços públicos de discussão, como comitês populares, para a construção do Fórum Alternativo Mundial da Água em todos os Estados brasileiros e, em segundo momento, promover a organização permanente onde os comitês populares formados ​para a construção do Fórum​ venham a se transformar em comitês de mobilização em defesa da água e do saneamento.

9. Viabilizar esses objetivos com ampla articulação e apoio da cidadania e de organizações, que possam integrar-se ao processo e colaborar com recursos financeiros, materiais e humanos.

Mais informações:
Comitê do Fórum Alternativo Mundial da Água
falar com Cláudia Nascimento (85 - 99669 5099)
ou email comite.fama.ce@gmail.com


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

APIME: Conversa Ambiental com os Adultos e Ecoférias com as Crianças no Jardim Botânico do Recife


APIME: Conversa Ambiental com os Adultos e Ecoférias com as Crianças no Jardim Botânico do Recife


A APIME realizou mais uma bela importante atividade de educação ambiental no Jardim Botânico do Recife com a participação na Conversa Ambiental e Ecoférias, neste dia 14 de janeiro de 2018 onde foi ministrada a palestra "Vida e função das abelhas"  proferida pelos associados Thiago Melo e Walkíria Melo.

Conversa Ambiental com os Adultos e atividades na Ecoférias com as Crianças no Jardim Botânico do Recife

A atividade da Apime foi um sucesso! 

A "Conversa Ambiental" desta vez teve que conciliar dois publicos bem distintos em termo de faixa etária. Um gruoo de crianças e outro de adultos.

Inicialmente os dois publicos estiveram juntos com a palestra de Thiago. 

No segundo momento Walkíria conduzio o trabalho com as  crianças. Um espetaculo!  
Criancas inteligentes super concentradas e interagindo bastante. A dinamica foi a utilizacao de uma "árvore" cujo lado da sua copa estava uma série de figuras de frutas e sementes onde as crianças era perguntado se a  producão daqueles alimentos dependiam ou nao das abelhas para existirem, tratava-se da polinização 
Daí,   no outro lado da copa da árvore, que tinha o enxame onde os alimentos que dependiam da polinizaçao  ficavam a medida que as crianças respondiam que sim, depediam das abelhas.
A mensagem repassada  foi que sem abelhas nao há alimentos. 
Depois as criançaas foram ao meliponário. Um show!

Thiago simultaneamente ministrou sua palestra agora para o público adulto que, em seguida tambem visitaram o meliponário.

As abordagens temáticas trazidas por Thiago e Walkíria foram muito boas e adequadas aos diversos públicos, com destaques para questões ambientais.

Estiveram prestigiando os sócios da  APIME  Paulo, Cláudio Moura, Auri Ferreira e Alexandre Moura

Parabéns a Thiago.e a Walkíria!
Agardecemos ao casal pela contriubuição, como sócios, com o trabalho e os propósitos da Apime.

Clique no link abaixo e acesse a materia
https://apimeabelhanativa.blogspot.com.br/2018/01/apime-conversa-ambiental-com-os-adultos.html

Fonte: APIME - Associação Pernambucana de Apicultores e Meliponicultores

Fórum Econômico Mundial: Temer entrega o jogo... e a água

Fórum Econômico Mundial: Temer entrega o jogo... e a água

  

O artigo informa que “na programação, o Fórum Econômico Mundial colocou na agenda o debate: ‘Moldando a nova narrativa do Brasil’. No dia 24 de janeiro, mesma data do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Porto Alegre (RS), o presidente Michel Temer apresenta sua agenda para 2018 em defesa da necessidade de reformas. O debate contará ainda com o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, Candido Botelho Bracher, CEO do Itaú Unibanco, e Paul Bulcke, CEO da Nestlé” .

Esta é a única mesa redonda com a participação de Temer dentro da programação do Fórum. Chama a atenção, no entanto, que o único CEO estrangeiro a participar deste debate em que, além de Temer e Dória, os outros dois participantes são banqueiros, seja Paul Bulcke. Faria mais sentido, dentro deste contexto, ser um representante de um banco estrangeiro, o Crédit Suisse, ou o UBS, por exemplo. Mas, dentre tantas empresas e CEOs que estarão em Davos, foi justamente o CEO da Nestlé o escolhido para participar deste debate com Temer e dois grandes banqueiros privados brasileiros. Por quê?

Para responder a esta pergunta devemos lembrar, primeiro, de um importante artigo publicado pelo jornal Correio Braziliense no dia 22/8/2016 com o título: “Multinacionais querem privatizar uso da água e Temer negocia” .

O artigo informa que “segundo revelou um alto funcionário da Agência Nacional de Águas (ANA), em condição de anonimato, (...) o Aquífero Guarani , reserva de água doce com mais de 1,2 milhão de km² , deverá constar na lista de bens públicos privatizáveis (...) As negociações com os principais conglomerados transnacionais do setor, entre eles a Nestlé e a Coca-Cola, seguem ‘a passos largos’”.

É importante lembrar também que, na data deste artigo, a presidenta eleita Dilma Roussef ainda enfrentava o julgamento do processo de impeachment, mas Temer já atuava como presidente “de fato”, ou seja, mesmo antes do golpe consumado, já se negociava a privatização dos recursos naturais brasileiros, a verdadeira razão por trás do golpe. Porém, têm-se escrito e falado mais sobre o acesso ao petróleo brasileiro, privatização da Petrobras e de outras grandes empresas públicas como razões para o golpe, deixando de lado um outro recurso natural brasileiro enormemente cobiçado pelas multinacionais por trás da onda conservadora neoliberal que toma o planeta: a água.

A participação de Paul Bulcke num debate com o presidente Temer em Davos entrega o jogo: não é o CEO da Shell ou de qualquer outra grande empresa petroleira que estará sentado ao lado do presidente do Brasil na vitrine do Fórum Econômico Mundial na Suíça, mas o CEO da Nestlé. A mensagem não podia ser mais clara.

Dentro do que se poderia chamar de “divisão do trabalho” na construção da ideologia e das estratégias do capitalismo internacional, a multinacional Nestlé tem um papel fundamental. Peter Brabeck, antecessor de Paul Bulcke, tomou para si e para a Nestlé parte da tarefa de legitimar o capitalismo neoliberal através de várias iniciativas e projetos, dirigindo um poderoso lobby do big business internacional através de uma ampla rede que se estende por vários países e instituições.

O Water Resources Group (WRG), que reúne a Coca-cola, a Pepsi e o Banco Mundial com o objetivo de privatizar a água em todo o mundo através de parcerias público-privadas, para citar um exemplo, foi criado por iniciativa da Nestlé. Paul Bulcke recentemente substituiu Peter Brabeck dentro do Governance Body do WRG.

O programa da Nestlé Creating Shared Value realiza anualmente um importante evento internacional, sempre em países diferentes, com a participação de governos, altos funcionários de instituições como a ONU e o Banco Mundial, com uma visão estratégica muito bem planejada. Em 2013 o Creating Shared Value Forum aconteceu na Colômbia com o claro propósito de promover a Colômbia como país “modelo” do capitalismo latino-americano, em oposição à Venezuela e aos países da Alba.

Em 2011 o Creating Shared Value ocorreu em Washington em parceria reveladora com o Atlantic Council, uma associação do big business internacional, principalmente dos EUA, em torno da Otan, a aliança militar ocidental. Por que uma empresa multinacional produtora de comida para bebês, chocolate e água engarrafada procuraria uma parceria com o Atlantic Council e, através deste, com a Otan? Uma resposta muito simples se encontra dentro do próprio programa deste evento: oportunidades de negócios relativos à nutrição, água e desenvolvimento rural na África e América Latina.

Traduzindo a linguagem orwelliana do big business contemporâneo, este programa informa que “oportunidades de negócio”, ou seja, recursos naturais a serem tomados pelas grandes empresas, se encontram em vastas quantidades na África e na América Latina. E caso os países desses continentes não queiram disponibilizar estes recursos para o capital internacional, é sempre conveniente ter o poder militar da Otan para fazê-los mudar de ideia ou de política. E recentemente, não por coincidência, a Colômbia e a Otan entraram em um acordo de parceria.

Esta influência da Nestlé é tão grande que mesmo dentro do Fórum Econômico Mundial um dos temas escolhidos para ser discutido pelos vários participantes internacionais é justamente “Creating Shared Values in a Fractured World”, uma clara alusão ao programa da Nestlé. A conferência de imprensa que o presidente Temer realizará no Fórum no dia 24, aliás, está justamente dentro deste tema, reforçando ainda mais a ligação de Temer e das atuais políticas de privatização de seu governo com o discurso desenvolvido e promovido pela Nestlé.

Em março próximo o Brasil vai sediar o Fórum Mundial da Água em Brasília. A Nestlé e o Water Resources Group estarão lá, já que este é o Fórum das grandes empresas privadas. As empresas públicas de água brasileiras e ainda mais as águas subterrâneas e as fontes de água mineral são os “alvos” que esta proximidade entre Temer e Paul Bulcke indicam. A privatização destas empresas e recursos naturais será naturalmente apresentada como a “solução” dentro do Fórum Mundial da Água.

Espero que o Fórum Mundial ALTERNATIVO da Água que se organiza também em março, como resposta da sociedade civil às políticas neoliberais, reserve um bom tempo e espaço para trocar informações e analisar as diversas práticas da Nestlé no mundo. Trata-se de uma questão fundamental.


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

MANHÃ DE SOL ARREBENTA SAPUCAIA! 2018
"Faz escuro mas eu canto"


domingo, 14 de janeiro de 2018

Sebastião Pinheiro: A agricultura se transformou em agronegócio

Sebastião Pinheiro: A agricultura se transformou em agronegócio


Foto: Guilherme Santos/Sul21
Sebastião PinheiroSebastião Pinheiro
Ao longo das últimas décadas, em espaços como o Laboratório de Resíduos de Agrotóxicos do Meio Ambiente e do Núcleo de Economia Alternativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sebastião Pinheiro dedica sua vida a estudar as relações entre agricultura, saúde e meio ambiente e a alertar a sociedade para as graves consequências de um modelo agrícola baseado no uso intensivo de agrotóxicos, transgênicos e outros insumos químicos.

Em entrevista ao Sul21, Sebastião Pinheiro fala sobre o processo de transformação da agricultura em agronegócio que, para ele, foi progressivamente deixando de ser agricultura propriamente dita. “Agricultura é uma das palavras mais lindas que existe e não significa cultivo somente. Ela envolve uma cultura que tem uma espiritualidade, uma religiosidade, valores e a natureza associadas a ela. A agricultura passou a ser agronegócio. Isso foi um baque tremendo. Saiu a cultura e entrou o negócio. Foram retirados valores da agricultura e agronegócio passou a significar só dinheiro”, afirma. O pesquisador também avalia o crescimento da agroecologia nas últimas décadas, reconhece avanços, mas alerta para oportunidades que foram perdidas:

“A velocidade da evolução foi prejudicada pelo freio de mão puxado. Essa evolução teria que ser baseada, em primeiro lugar, em educação, não em mercado. A obrigação não é a de produzir orgânicos para uma elite. O princípio deve ser: a hortaliça orgânica tem que ser mais barata porque é melhor e é para todos. Não é para uma elite. Isso é o revolucionário”.

Sul21: Qual a avaliação que faz do cenário da agricultura hoje no Brasil, especialmente no que diz respeito à sua relação com o meio ambiente?
Sebastião Pinheiro: Aconteceram alguns fenômenos interessantes no Brasil que, na minha visão, a gente não tem ainda capacidade de analisar. A economia mudou de uma forma que assusta. O meu campo de trabalho sempre foi a agricultura no meio ambiente e o meio ambiente na agricultura. O que me interessa é só isso. Essa relação também mudou muito. Tudo passou a ser diferente. Eu não estou falando de injunções políticas, de resultado de eleições, deste ou daquele partido. Estou falando de uma ideologia que passou a dominar essas relações. Diante desse cenário eu decidi me retirar. Avisei o pessoal: pulem fora porque a coisa vai ficar pior que na época entre 68 e 73. As perseguições agora são muito maiores, mas elas não são visíveis. Você sente que elas estão acontecendo mas não as vê.

É um processo mais difuso…
Sim. Estão acontecendo coisas muito estranhas e estamos meio perdidos. A própria agricultura mudou de nome. É uma das palavras mais lindas que existe e que não significa cultivo somente. Ela envolve uma cultura que tem uma espiritualidade, uma religiosidade, valores e a natureza associadas a ela. A agricultura passou a ser agronegócio. Isso foi um baque tremendo. Saiu a cultura e entrou o negócio. O que é um negócio? Do ponto de vista etimológico, significa a negação do ócio. “Agro negação do ócio” é uma coisa meio estranha, né? Foram retirados valores da agricultura e agronegócio passou a significar só dinheiro.

No agronegócio, a alienação vai para um nível quase infinito e a consciência retrocede a zero, ou menos alguma coisa. Quando a agricultura virou agronegócio, o agrotóxico deixa de ser um problema da vítima e passa a ser a ideologia do dominador. A FIESP, em São Paulo, tem hoje um departamento de meio ambiente com cerca de 80 especialistas em agronegócio. Conheço pelo menos uns seis deles. Todos eles são especialistas em agrotóxicos.

Certamente não são especialistas no impacto dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente…
Sebastião Pinheiro: São especialistas em vendas, em comércio e em detonar aqueles que denunciam os impactos. Essa é uma luta justa, em igualdade de condições? Não é. Esse é um dos problemas mais sérios que enfrentamos.

Sul21: Essa troca de palavras (agricultura por agronegócio) e dos conceitos associados a elas ocorreram em que período exatamente?
Sebastião Pinheiro: Em meados da década de 80. A palavra “agronegócio” começou a ser usadas nos Estados Unidos como “agrobusiness”. No Brasil, o “agrobusiness” será traduzido como agronegócio. Quem trouxe essa palavra dos Estados Unidos foi Ney Bittencourt, um agrônomo paulista, que era diretor de uma multinacional criada no Brasil por cientistas norte-americanos para vender sementes de milho híbrido. Ele escreveu um livro sobre o “agribusiness”, publicado pela sucessora da Fecotrigo, aqui do Rio Grande do Sul, chamada de Fundação da Produtividade, de Carazinho. Tive a oportunidade de ler esse livro na época e pude me vacinar antes do veneno vir.

A partir daí tudo começou a mudar. Collor de Mello assume o governo no início dos anos 90 com a ordem de consolidar esse cenário, o que acabou acontecendo. Tornou-se um processo irreversível que chegou ao que temos hoje. Há uma leitura dura e difícil a ser feita sobre esse processo. Quanto o Rio Grande do Sul se desindustrializou nos últimos vinte anos? Quanto a indústria representava do PIB gaúcho há vinte anos e quanto representa hoje? Nossa economia depende hoje de um agronegócio que não é agricultura e que está concentrado nas mãos de três grandes grupos transnacionais, sendo a Monsanto o principal deles por causa da soja. Hoje, uma safra ruim significa PIB negativo, pois não temos mais industrialização. Vivemos uma realidade na agricultura tão dramática e absurda que a mim assusta. Eu estudei e vive na Argentina e vi o que aconteceu lá. Estou sempre no México e vejo o que acontece. E estou vendo o que está acontecendo aqui no Brasil também.

Sul21: Em que sentido, exatamente, o agronegócio deixa de ser agricultura?
Sebastião Pinheiro: Para falar sobre isso, gostaria de contar um pouco da história da soja que está muito ligada ao automóvel. Não conhecemos essa história. Quem introduziu a soja nos Estados Unidos foi Henry Ford que desenvolveu o sistema de produção de automóveis em série. Henry Ford detestava a turma do petróleo de Rockfeller e procurou um agrônomo, pois queria começar a produzir combustível a partir do amendoim. Esse agrônomo disse que o amendoim não era a melhor escolha, pois não permitia o uso de máquinas e era um cultivo utilizado basicamente como alimento. Ao invés do amendoim, ele sugeriu que Ford introduzisse nos Estados Unidos esse feijão cultivado em países asiáticos, chamado de soja. Ford promove, então, a introdução nos Estados Unidos de dez mil variedades coreanas, chinesas e de outros países asiáticos. Ele não queria ficar na dependência do petróleo.

Já no caso do Brasil, a soja ingressou, de modo mais significativa como uma doação da Fundação Rockfeller. As primeiras variedades têm nomes americanos como Jackson, Lee, Kent. O Instituto Agronômico de Campinas vai se encarregar de desenvolver a grande produção de soja no país. Em 1956, o Rio Grande do Sul praticamente não tinha soja. Em 1960, o Estado passou a ter cerca de 100% da soja nacional. Hoje tem 12%. Se chegou a ter 100 e hoje tem 12 o que aconteceu? Ela se expandiu pelo Brasil e é preciso estudar essa expansão. O fato é que a soja acabou se tornando um instrumento do capital financeiro. Em torno dela, gira um esquema muito poderoso e difícil de ser enfrentado. Hoje, ser ambientalista tornou-se algo dolorido.

Sul21: Há quantos anos você já está nesta luta como ambientalista e como avalia a evolução, neste período, do debate sobre o uso de agrotóxicos?
Sebastião Pinheiro: Eu comecei em 71, ainda na faculdade. Em 67 eu saí do Brasil e fui para a Argentina. Na faculdade, um livro chamado “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson, teve muita influência naquela época. É um livro fabuloso e revolucionário para quem vai trabalhar com agricultura. Sobre o tema dos agrotóxicos e de outros produtos usados na agricultura, gostaria de fazer uma digressão. Em 1893, a Bayer desenvolveu um produto, feito a partir de extrato de esterco bovino fermentado, que evitava doenças e pragas, aumentando a produção. Em 1915, vinte e dois anos depois portanto, o cientista alemão Fritz Haber desenvolveu uma arma para ser utilizada na Primeira Guerra Mundial, que, como se sabe, foi uma guerra de trincheiras. Era um grande ventilador na frente do qual eram abertas garrafas com uma substância que ficou conhecida como gás mostarda. Haber também foi o responsável pela descoberta da síntese do amoníaco, utilizada para a fabricação de fertilizantes e explosivos

A partir deste período, a ideologia militarista tornou-se dominante na indústria química, estabelecendo uma relação sombria com a agricultura. Não há nenhum agrotóxico que não seja, na sua origem e na sua função principal, uma arma militar. Vou dar outro exemplo envolvendo a borracha sintética. Toda borracha sintética tem que ter dentro dela, para não fermentar. Esse fungicida é o mais utilizado em hortaliças e frutas. Eu pergunto: é possível fazer uma campanha de conscientização junto aos agricultores contra o uso do fungicida quando este é sustentado por uma ideologia militarista? Não. Toda campanha que nós fizemos era uma campanha de dar murro em ponta de faca. Conseguimos muitas coisas, mas adiantou? Qual foi o efeito? É de ficar meio desacorçoado, para usar uma palavra antiga.

Em 2016, a Bayer lança o mesmo produto que lançou em 1893, com outro nome. Ele agora se chama Serenade e é vendido como um produto ecológico, propaganda que não havia lá em 1893. É o mesmo produto feito a partir do Bacillus subtilis. Quanto custa o litro de esterco fermentado? 80 dólares. Em 1980, nós ensinamos esse processo aos agricultores, sem apoio de ninguém, a não ser de alguns padres ligados à Teologia da Libertação e de movimentos sociais como o MST, o MPA e Mulheres Camponesas. Não houve nenhuma política pública de apoio a esse trabalho.

Nos anos 80 muito se falou e escreveu sobre o baculovirus. Deixamos de usar vários venenos baseados nele. Por que paramos de utilizar? Quem fez o bloqueio? Hoje todo o conhecimento sobre o baculovirus está na mão de grandes empresas de biotecnologia, como Syngenta, Bayer e Monsanto. Como é que a gente vai brigar com uma máfia dessas? Não estou falando do ponto de vista do conhecimento, mas das estratégias de enfrentamento. São estruturas corruptoras que impedem qualquer possibilidade de avançar.

Sul21: E ainda temos o capítulo dos transgênicos. Recentemente, alguns artigos publicados na imprensa internacional afirmam que essas grandes corporações estariam começando a desistir desta tecnologia, pois não estaria dando os resultados esperados. Isso está ocorrendo de fato?
Sebastião Pinheiro: É verdade. Há coisas muito estranhas e desconhecidas pela maioria das pessoas sobre esse tema. Vou dar um exemplo. Estados Unidos, Grã Bretanha, Austrália e Canadá são gigantes que detém o monopólio de trigo no mundo. Esses países têm um pacto para não usar trigo transgênico, criado há mais de vinte anos. Nunca foi plantada uma grama. A Monsanto requereu ao USDA, o ministério da Agricultura americano, autorização para plantar. O pedido foi negado. Por quê? Pelo acordo firmado pela Câmara de Comércio Internacional do Trigo.

Sul21: Por que esse acordo foi firmado?
Sebastião Pinheiro: Porque a União Europeia é o grande comprador do trigo deles e não aceita esse tipo de tecnologia. Antes de ser uma briga relacionada à saúde, é uma briga econômica e de tecnologia. O problema mais sério é esse. Você sabe quem é o maior produtor de soja não transgênica hoje? Estados Unidos e Inglaterra. A quem pertence a cadeia do algodão orgânico no mundo? Aos peruanos ou cearenses que plantam algodão? Não. A cadeia do algodão orgânico é dominada pela Alemanha que não planta um pé de algodão. E a cadeia do café orgânico? Pertence aos mexicanos, peruanos, bolivianos ou nicaraguenses. Não. Pertence aos mesmos norte-americanos, alemães, ingleses e franceses.

Sul21: Aqui, no Rio Grande do Sul, há um relativo crescimento da agroecologia nos últimos anos. Temos a experiência do MST que se tornou o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Como avalia essa capacidade de resistência e de criação de um modelo de agricultura diferente deste hegemonizado pelo agronegócio?
Sebastião Pinheiro: Entre os anos 70 e 2000 nós tivemos o maior centro de agricultura orgânica do planeta. As maiores autoridades alemãs estiveram aqui em Porto Alegre e em várias cidades do interior. Lutz (José Lutzenberger) acompanhou um catedrático alemão por essas andanças e eu fui junto. Quando ele viu, num sábado, a feirinha ecológica da José Bonifácio, olhou para o Lutz e disse: ‘Nós não temos isso na Alemanha’. Então o Elemar Schmitt, dos moranguinhos, disse para ele em seu alemão colonial: ‘Nem vão ter nunca. Vocês não têm mais futuro’. Eu só ri. É uma grande verdade. Eles não têm como sair daquilo.

Naquele momento, nós tínhamos não só a pretensão e a vontade, mas o exercício para sair. No entanto, nós perdemos grandes oportunidades e enfraquecemos por falta de visão. Tínhamos a cooperativa da Coolmeia, o pessoal da Agapan, técnicos dentro do Ministério da Agricultura e muitas outras pessoas trabalhando em outros espaços. Nós começamos a trabalhar com o projeto de arroz orgânico do MST. Nós idealizamos com eles o projeto da Bionatur Sementes Agroecológicas. Dizíamos na época: dentro de 20 ou 30 anos, quem tiver uma semente agroecológica terá uma importante trincheira de resistência. Só que aí vieram aquelas coisas nossas gaúchas. Há sementes que só nascem no Sul, assim como há sementes que só se multiplicam no Nordeste. Aqui na zona sul do Estado, onde está a Bionatur, temos as sementes mais complexas que são as de hortaliças. Desenvolver sementes de cebola e cenoura, por exemplo, é uma coisa muito complicada. Mas o ideal é que essa capacidade que o gaúcho tem de se organizar socialmente seja levada para outras regiões do país. Poderíamos ter cinco bases brasileiras de produção de sementes agroecológicas. Mas aí se decidiu fazer tudo aqui.

Sul21: Você não acha que houve uma evolução nos projetos de agroecologia nos últimos anos?
Sebastião Pinheiro: Posso ser radical na resposta? Serei radical. A velocidade da evolução foi prejudicada pelo freio de mão puxado. Essa evolução teria que ser baseada, em primeiro lugar, em educação, não em mercado. Em segundo lugar, a organização teria que ser estendida em nível nacional e não ficar restrita a uma região. O Brasil tem 25 mil hectares de arroz orgânico que é destinado para a merenda escolar. Uma das últimas aberturas da colheita foi feita com a presença da presidente da República. Mas o ideal seria que todo o Brasil fizesse isso. Este projeto já tem mais de 20 anos. Posso estar sendo radical, mas creio que deveríamos ter isso como pauta prioritária.

Sul21: Para fazer essa expansão nacional tem que haver políticas públicas de apoio, não?
Sebastião Pinheiro: Sim. Essas políticas públicas deveriam ser a primeira exigência de quem é organizador, o que não aconteceu. Se fizessem isso, aqui no Rio Grande do Sul por exemplo, teria como enfrentar o Irga (Instituto Riograndense do Arroz), que é um posto da Farsul, a Embrapa e todo o agronegócio.

Sul21: Você coloca a Embrapa neste pacote?
Sebastião Pinheiro: Sim, não é brinquedo. A Embrapa como instituição ideológica é uma estrutura de poder muito forte. Na Embrapa tem gente boa, assim como o Exército e a Igreja, mas o poder está na mão de quem? Esse é o problema.

Sul21: Falando em estruturas de poder, o agronegócio, enquanto conjunto de crenças e valores, representa uma ideologia muito forte e enraizada na sociedade. Agora mesmo, temos uma campanha publicitária na mídia dizendo que o “agronegócio é pop”. Quais ideias e valores, na sua opinião, têm força para se contrapor a essa ideologia na sociedade?
Sebastião Pinheiro: Uma das coisas mais importantes que existiu no Rio Grande do Sul, no trabalho da agricultura orgânica, foi a participação de técnicos junto à sociedade como educadores. Isso é fundamental. Se você pretende sensibilizar para elevar a consciência, precisa ter em mente que isso envolve um projeto pedagógico. Sem isso não adianta. Se você conseguir transformar essa sensibilização em consciência, ganha a guerra. Não há poder no mundo que consiga parar uma sociedade consciente. Nós não fomos capazes de fazer isso. É lógico que o poder das grandes transnacionais é muito grande. O que eles gastaram de dinheiro nos últimos 30 anos em propaganda na mídia é algo espantoso.

Para quebrar a espinha dorsal deste modelo é preciso priorizar a agroecologia, não para o mercado, mas para a saúde de todos. Esse é o biopoder camponês que o MST tem a obrigação de criar. A obrigação não é a de produzir orgânicos para uma elite. O princípio deve ser: a hortaliça orgânica tem que ser mais barata porque é melhor e é para todos. Não é para uma elite. Isso é o revolucionário. Mas se você disser isso hoje na feirinha da José Bonifácio, corre o risco de ser apedrejado. A consciência, de um modo geral, passou a ser o bolso. O MST tem aí um exemplo para dar não ao Rio Grande do Sul ou Brasil, mas para o mundo, tanto para os indígenas latino-americanos e de outras regiões do mundo como para os europeus.


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Centrais e movimentos sociais divulgam nota sobre julgamento de Lula

Centrais e movimentos sociais divulgam nota sobre julgamento de Lula

Divulgação
  

"Para impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das alternativas elencadas estão fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia", diz trecho da nota assinada por diversas entidades, entre elas, Conam, UNE, Marcha Mundial de Mulheres, UGT e CTB.

Confira a nota na íntegra:

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região que se localiza em Porto Alegre marcou para 24 de janeiro o julgamento em segunda instância do ex-presidente Lula sobre o caso do tríplex. O caso está sendo julgado em tempo recorde e configura perseguição política com o intuito de impedir a candidatura de Lula em 2018.

Resistir e lutar em defesa da democracia e pelo Estado Democrático de Direito é o que precisamos continuar fazendo, ocupar as ruas e dialogar cada vez mais com o povo, para que juntas (os) possamos atravessar este período de barbárie, acirramento da luta de classes e retirada de direitos.

O plano estratégico em curso, depois de afastar Dilma da Presidência da República, retira os direitos dos trabalhadores(as), ameaça a previdência pública, privatiza a Petrobras, a Eletrobrás e os bancos públicos, além de abandonar a política externa que visava fortalecer as relações entre países em desenvolvimento.

A reforma trabalhista e o teto de gastos não atraíram os investimentos externos prometidos, que poderiam sustentar a campanha em 2018 de um governo alinhado ao neoliberalismo.

Diante de tantos ataques aos trabalhadores(as), de entrega do patrimônio público e escândalos de corrupção em que estão envolvidos Ministros e Partidos do governo Golpista de Temer - (P) MDB, o presidente tem apenas 3% de aprovação. Um governo sem legitimidade e sem candidatura entre os partidos dos golpistas tenta de todas as formas inviabilizar​ a presença de Lula nas eleições.

Por isso, para impedir a candidatura do Lula vale tudo: condenação no tribunal de Porto Alegre, instituição do semiparlamentarismo e até adiar as eleições. Nenhuma das alternativas elencadas estão fora de cogitação. Compõem o arsenal de maldades de forças políticas que não prezam a democracia.

Foi lançada nesta segunda-feira, em São Paulo, a campanha "Cadê a prova?", iniciativa de sindicalistas e representantes de movimentos sociais para denunciar a perseguição judicial sofrida pelo ex-presidente Lula, condenado pelo juiz da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Moro.

No RS entendemos ser importante aderir a Campanha "Cadê a Prova? Porque esta tem por objetivo dialogar e esclarecer o que está por traz da campanha liderada pela grande mídia em torno do julgamento do ex-presidente que consideramos uma fraude e sua condenação é parte do golpe contra a democracia e os direitos da classe trabalhadora no Brasil.

Assinam esta nota:

CTB

CUT

Intersindical

Nova Central

UGT

Simpa

UBM

MTST

Marcha Mundial de Mulheres

Unegro

Nuances – Grupo pela Livre Expressão Sexual

UNALGBT

Coletivo da Parada de Luta LGBTI de Porto Alegre

Grupo Desobedeça LGBT

Outravisão LGBT

UNE

UBES

UJS

DCE UFRGS

UEE Livre

DCE ULBRA

CONAM

UAMPA

FEGAM
 

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Ataques ao meio ambiente - Resoluções de Temer: lotear Fernando de Noronha

Resoluções de Temer: lotear Fernando de Noronha

 O "MP da grilagem" permite, na prática, a privatização em massa de bens públicos O "MP da grilagem" permite, na prática, a privatização em massa de bens públicos
Divulgação

Foi a terceira grande vitória da população, acostumada a lutar contra ataques. Na década de 1980, lutaram contra projeto de construção de usina nuclear na região. Além da derrota da ideia, conquistaram legislação específica, que criou a estação ecológica Juréia-Itatins. Em 2013, botaram para correr o projeto do então bilionário Eike Batista de construir ali um grande porto. "Nosso grande trabalho agora será mostrar para as pessoas que, embora não tenhamos dinheiro como o poder econômico, somos fortes porque somos muitos", disse o presidente da ONG Mongue Proteção ao Sistema Costeiro, Plínio Melo.

Outra grande vitória da pressão popular foi o arrego de Michel Temer (PMDB), que em 25 de setembro assinou decreto revogando seu próprio decreto em que extinguia a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), no interior da floresta amazônica, em área protegida.

A extinção da Renca pegou mal porque a Amazônia é um santuário defendido até por celebridades pouco engajadas politicamente, como a modelo brasileira Gisele Bündchen. Houve manifestações contrárias em todo o mundo. A organização WWF-Brasil havia publicado em julho um relatório abordando a situação legal dos direitos minerários da Renca, ressaltando a possibilidade de conflito entre os interesses do setor mineral e a conservação das áreas protegidas.

No entanto, a mobilização não foi suficiente para impedir, em 11 de julho, a aprovação da Lei 13.745, originária da Medida Provisória 759. Mais conhecida como "MP da grilagem", o projeto que havia sido enviado ao Congresso no dia 22 de dezembro de 2016 trata aspectos do licenciamento ambiental com base no antigo Código Florestal, já revogado, e permite, na prática, a privatização em massa de bens públicos, o aumento da concentração fundiária e dos conflitos no campo e na cidade, além da concessão de anistia a grileiros e desmatadores. Sem contar a redução da regularização à simples titulação, desobrigando infraestruturas básicas, quando o conceito anterior previa uma série de medidas associadas a condições dignas de moradia e acesso à infraestrutura adequada. Exemplo prático do que passa a ser permitido é o loteamento, com condomínios fechados, no arquipélago de Fernando de Noronha.

Os riscos de ampla privatização das terras públicas, florestas, águas e ilhas federais na Amazônia e em toda a zona costeira brasileira, aliás, levaram o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a ingressar com a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.771, no último dia 31 de agosto. A ação contempla o questionamento de 61 entidades de diversas áreas, que protocolaram na PGR pedido de inconstitucionalidade.

Falando em terras, em 2017 houve retorno do aumento do desmatamento. Até houve redução na Amazônia, na ordem de 16% entre agosto de 2016 e julho de 2017. Mesmo assim, a área desmatada é grande: do tamanho de duas cidades como São Paulo. Em compensação, aumentou o desmatamento em unidades de conservação em todo o país em 22%.

Massacre
Os ataques ao meio ambiente atingiu também aqueles brasileiros que só sabem viver em harmonia com a natureza. Em meio aos conflitos ao longo do ano, chamou atenção do Ministério Público Federal (MPF) massacres de índios Warikama Djapar, mais conhecidos como "flecheiros", isolados na Terra Indígena Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas. Segundo a ONG inglesa Survival International, que atua na região, um massacre em maio, por garimpeiros, matou mais de dez indígenas.

Outro, em agosto, segundo jornais da região, teria sido cometido por um produtor agrícola da região. O MPF não divulgou o número de vítimas. Mas a ONG estima que sejam pelo menos 10, inclusive crianças. Este seria um dos maiores massacres de indígenas não contatados desde o assassinato de 16 índios Yanomami em Roraima, em 1993. Os ataques, segundo lideranças indígenas, só aconteceram por causa do abandono e sucateamento das bases de vigilância da Funai pelo governo de Michel Temer.

No dia 30 de abril, no povoado de Bahias, no município de Viana, no Maranhão, indígenas do grupo Gamela foram atacados quando estavam de saída de uma área tradicional retomada, por dezenas de homens armados de facões, paus e armas de fogo. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Aldeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, teve mãos decepadas e joelhos cortados. Seu irmão, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito. Um terceiro atingido foi o indígena e integrante da CPT no Maranhão Inaldo Gamela, com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.

No dia 2 de novembro, a indígena Ivete de Souza, 59 anos, teve a mão esquerda decepada a golpes de facão, desferidos por dois adolescentes durante um ataque à aldeia guarani de Morro dos Cavalos, a 30 km de Florianópolis, onde vivem cerca de 300 guaranis. Ela sobreviveu porque os agressores acreditaram que ela sangraria até morrer. Além de perder a mão esquerda, levou vários golpes pelo corpo.

Lama e veneno
No final de outubro, o Ibama publicou relatório em que 20 dos 109 afluentes do Rio Doce ainda recebiam lama e rejeitos minerais vindos do rompimento da barragem de Fundão. Operada pela Samarco, a barragem rompeu em 5 de novembro de 2015, matando 19 pessoas e contaminando rios de Minas Gerais e Espírito Santo, onde chegou ao mar. O maior desastre ambiental da história do país deu novo golpe em 2017: no início de agosto, o processo criminal foi suspenso pela Justiça Federal após pedido da defesa de ex-diretor da empresa. A alegação: provas ilícitas.

Para completar, em 8 de novembro a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o agrotóxico benzoato de emamectina. A decisão foi considerada mais uma das doses "homeopáticas" com que o governo de Michel Temer vem introduzindo o chamado "Pacote do Veneno". De interesse direto de seu ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o pacote pretende facilitar o registro e incentivar o aumento do uso de agrotóxicos no Brasil – país que mais consome esses venenos em todo o mundo.

Para os analistas do setor, houve grande pressão sobre a Anvisa para liberar esse agrotóxico, que a própria agência havia recusado registro em 2010, por considerá-lo tóxico em relação a outros disponíveis. O "aval" da liberação foi dado por uma consulta pública mal divulgada e que ficou aberta por apenas 20 dias e contou com oito questionamentos, a maioria por pessoas ligadas às empresas interessadas. 


Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada