sábado, 30 de junho de 2018

Com a flexibilização da Lei dos Agrotóxicos querem envenenar você

Com a flexibilização da Lei dos Agrotóxicos querem envenenar você

A aprovação na Comissão Especial da Câmara Federal do Projeto de Lei 6299/2002, que flexibiliza a Lei dos Agrotóxicos, é um crime patrocinado por parte da base do Governo Temer. Como médica e militante do PCdoB, que tem como marca a defesa de um projeto nacional, mas com desenvolvimento sustentável, é inadmissível aceitar sua aprovação. 

Por Jandira Feghali*

Divulgação
A Câmara dos Deputados não pode permitir esse crime contra o povo brasileiroA Câmara dos Deputados não pode permitir esse crime contra o povo brasileiro
Aqueles que defendem a mudança na Lei dos Agrotóxicos põem a saúde do povo submetida aos interesses por lucro de poucos, no geral, grandes latifundiários e grandes empresas estrangeiras de produção agroquímica.

Estar contra o PL 6299 não é estar contra o desenvolvimento de nosso país. Sabemos da participação do agronegócio na economia, como também da agricultura familiar, responsável por 70% do consumo interno brasileiro. Mas vale lembrar que ONU, OMS, Anvisa, Inca, Fiocruz, MPT e diversos órgãos públicos e mais de trezentas entidades rejeitam o texto do projeto, observando a saúde humana e a preservação ambiental. 

Para ter ideia do impacto no país, o projeto retira os órgãos de saúde e meio ambiente, como a Anvisa e Ibama, como mandam a Constituição e leis infraconstitucionais, da análise de risco toxicológico dos produtos a serem utilizados na agricultura, passando a competência exclusivamente ao Ministério da Agricultura, na perspectiva de uma liberação irresponsável e produtivista. Mudança sustentada por interesses de mercado, colocando em grave risco a saúde do povo, dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, alimentos, recursos hídricos e reflexos por todo ecossistema. 

É o vale tudo pelo lucro? É o custe o que custar, mesmo em detrimento da saúde de crianças, algumas ainda na barriga da mãe, idosos e trabalhadores rurais?

Pelo menos nove substâncias proibidas no mundo (Endossulfam, Cihexatina, Tricloform, Monocrotofós, Pentaclorofenol, Lindano, Metamidofós, Parationa Metílica e Procloraz) serão autorizadas caso o Parlamento incorpore o projeto aprovado na Comissão Especial. Segundo a Anvisa, os efeitos na população podem ser de aumento cancerígeno, desregulação dos hormônios, ativação de mutações e danos ao aparelho reprodutor. Acrescente aí a contaminação do leite materno com a exposição de trabalhadoras grávidas como benesse da reforma trabalhista e o aumento de má formação de fetos e abortos espontâneos.

E os deputados, muitos da bancada ruralista, usam a Ciência como mote para defender tal absurdo. Que autoridade tem esses senhores, que são base do atual Governo, uma gestão responsável por destruir os centros de ciência, as universidades públicas e os institutos de pesquisa do país? Cientistas, pesquisadores, professores e estudantes de todo o Brasil gritam por socorro, asfixiados sem orçamento. E isso graças à emenda constitucional 95, do Teto de Gastos, patrocinada pelos mesmos que votaram o PL 6299, numa hipocrisia e desfaçatez sem limites.

Depois de, na calada da noite, entregarem 15 bilhões de barris de óleo cru às multinacionais estrangeiras – no chamado capitalismo sem risco – os deputados agora entregam a saúde do brasileiro para as empresas estrangeiras que produzem agrotóxicos. Não serão eles que irão aspirar o veneno diariamente em seus pulmões, atingindo os tecidos de seus corpos, contaminando órgãos, gerando câncer de mama, de próstata e metástase no cérebro.

E mesmo com tanto risco alertado, irão esperar 10 anos para provar que estavam errados? A Câmara dos Deputados não pode permitir esse crime contra o povo brasileiro. Vamos continuar nossa resistência contra o pacote do veneno nas próximas etapas de tramitação do parlamento brasileiro. Avisem seus amigos, familiares e mobilizemos juntos contra o PL 6299/2002.
*Jandira Feghali é deputada federal pelo PCdoB-RJ

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

Renúncia fiscal com agrotóxicos é de R$ 9 bilhões no Brasil, diz TCU

Renúncia fiscal com agrotóxicos é de R$ 9 bilhões no Brasil, diz TCU

O Brasil deixou de arrecadar R$ 9 bilhões no período de 2010 a 2017 somente com a isenção fiscal da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do PIS/Pasep para o setor de agrotóxicos. Esses tributos têm papel relevante para subsidiar a seguridade social, que inclui as áreas de saúde, educação e assistência social.

Embrapa
O cálculo do TCU é a ponta do iceberg. Como são considerados insumos agrícolas, despesas com agrotóxicos são 100% abatidas no imposto de renda pessoa física e jurídica e contribuição social sobre o lucro líquidoO cálculo do TCU é a ponta do iceberg. Como são considerados insumos agrícolas, despesas com agrotóxicos são 100% abatidas no imposto de renda pessoa física e jurídica e contribuição social sobre o lucro líquido
O dado consta de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), para avaliar a preparação do governo brasileiro para implementar e monitorar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Agenda 2030. Trata-se de compromisso assumido pelo Brasil com a Organização das Nações Unidas (ONU) para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta.

Os dados são incompletos. Trata-se de estimativas calculadas a partir das informações disponíveis. Além disso, não contemplam o Imposto de Importação (II) e nem o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), já que as desonerações desses produtos não configuram gasto tributário. E o cálculo não abrange a redução na base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por ser um tributo estadual.

Para os auditores, as desonerações não são acompanhadas nem avaliadas pelo governo federal "devido às falhas de governança" e são concedidas independentemente de seu nível de toxicidade à saúde e de periculosidade ambiental.

"O dado é a ponta do iceberg. Só no estado de São Paulo, o governo abriu mão de R$ 1,2 bilhão em 2015. Então, para chegar mais perto da realidade, a estimativa do TCU deveria ser multiplicada pelo menos por três, já que há outros grandes consumidores estaduais, como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Além disso, agrotóxicos são considerados insumos agrícolas e, nessa condição, a despesa é abatida integralmente na declaração de rendimentos do imposto de renda pessoa física (IRPF) e pessoa jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)", disse o defensor público Marcelo Novaes, da Defensoria Pública do Estado de São Paulo em Santo André, no ABC paulista, e integrante do Fórum Paulista de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos.

"Importante lembrar que além da carga de tributos federais baixíssima, é enorme a desoneração de ICMS. Uma perda tributária absurda em razão da integral dedutibilidade nos impostos sobre a renda. Uma desoneração sem nenhuma seletividade. Produtos mais perigosos à saúde têm tratamento tributário idêntico ao menos agressivo."

Os R$ 9 bilhões estimados da renúncia fiscal correspondem à receita que municípios como Macaé (RJ) levam quatro anos para arrecadar. Com 244 mil habitantes, tem em seu território empresas da cadeia do petróleo. O montante é suficiente para adquirir 130 mil unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida em Curitiba.

Pacote do Veneno
A concessão de benefícios tributários à indústria dos agrotóxicos foi um dos principais temas discutidos em seminário realizado ao longo desta sexta-feira (29) no Sindicato dos Químicos de São Paulo. Realizado pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, o encontro integra a agenda de fortalecimento da articulação dos movimentos sociais para a resistência ao avanço de políticas que pretendem ampliar o uso de agrotóxicos no país.

Na segunda-feira (25), o Pacote do Veneno foi aprovado em comissão especial da Câmara. Agora está nas mãos do presidente da casa, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deverá estudar o momento mais estratégico para colocar em votação.

"Vivemos uma conjuntura difícil, e os trabalhadores são a parte mais frágil, os que vão sofrer mais com mais agrotóxicos. Aqueles que vivem na cidade e, principalmente, os que vivem no meio rural. Vamos fortalecer a nossa rede", disse a agrônoma Carla Bueno, da coordenação da Campanha Permanente.

O apoio ao Projeto de Lei 6.670/2016, que estabelece a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara), é outra frente de combate ao avanço Pacote do Veneno. A comissão especial já está instalada. O presidente é o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e o relator, Nilto Tatto (PT-SP). 

Participaram ainda da mesa de debates Kelli Mafort, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), a pesquisadora e professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Mies Bombardi, autora do atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, e Susana Prizendt, coordenadora da campanha contra os agrotóxicos no estado de São Paulo. Na plateia, estiveram agricultores, ativistas, estudantes, cozinheiros, professores e parlamentares.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

Lucro bilionário de supermercados contribui para pobreza no campo

Lucro bilionário de supermercados contribui para pobreza no campo

O lucro bilionário de grandes redes de supermercado contribui para a baixa remuneração e condições precárias de trabalho na cadeia de fornecedores de alimentos. A constatação é do relatório Hora de Mudar, lançado pela organização não governamental Oxfam. No Brasil, três grandes redes de supermercados concentram 46% do setor. Há produtos em que a fatia do preço final que fica para trabalhadores rurais e pequenos e médios agricultores é inferior a 5%.

  
Segundo o estudo, cujo subtítulo é “Desigualdade e sofrimento humano nas cadeias de fornecimento dos supermercados”, as grandes redes varejistas ficam com uma quantidade cada vez maior do dinheiro que seus consumidores gastam em suas lojas. Em alguns casos, esse valor chega a 50%. 

Enquanto muitos trabalhadores rurais e pequenos agricultores vivem na pobreza, as oito maiores cadeias de supermercados de capital aberto geraram quase US$ 1 trilhão em vendas, US$ 22 bilhões em lucros e US$ 15 bilhões em dividendos a seus acionistas em 2016. As quantias vultuosas, contudo, são baseadas em baixos salários e trabalho precário, gerando uma crescente desigualdade, denuncia a ONG.

“O resultado é o sofrimento humano generalizado entre mulheres e homens que produzem alimentos para supermercados em todo o mundo. Do trabalho forçado a bordo de navios de pesca no Sudeste Asiático, passando pelos salários miseráveis nas plantações de chá indianas, até a fome enfrentada por trabalhadores das fazendas de uva na África do Sul, o desrespeito aos direitos humanos e trabalhistas é muito comum nas cadeias de fornecimento alimentar”, diz o relatório.

A consultoria de pesquisa Bureau for the Appraisal of Social Impacts for Citizen Information, contratada pela Oxfam, estudou a cadeia de 12 produtos de países em desenvolvimento que são vendidos nos supermercados europeus e norte-americanos. São eles: suco de laranja (Brasil), café (Colômbia), chá (Índia), cacau (Costa do Marfim), banana (Equador), uva (África do Sul), vagem (Quênia), tomate (Marrocos), abacate (Peru), arroz (Tailândia), camarão (Indonésia, Tailândia e Vietnã) e atum (Indonésia, Tailândia e Vietnã).

A conclusão é a de que pequenos agricultores e trabalhadores rurais nas cadeias de fornecimento desses produtos básicos de supermercados sofrem para conseguirem sobreviver com a renda obtida. Para alguns produtos, como o chá indiano ou vagem queniana, a renda média é menos da metade do que seria considerado ideal para assegurar uma vida digna.

Um exemplo assustador: seriam necessários mais de 4 mil anos para um trabalhador que atua no processamento de camarão na Indonésia ou Tailândia ganhar o mesmo que um típico executivo de um supermercado norte-americano ganha em um ano.

Segundo o relatório, atualmente, um em cada quatro copos de suco de laranja consumidos no mundo vem do Brasil. O preço do produto brasileiro aumentou mais de 50% nos supermercados americanos e europeus desde a década de 1990. No entanto, o valor pago a pequenos produtores e trabalhadores rurais no Brasil chega a apenas 4% do valor de venda final.

O documento é a base para uma nova campanha global da organização, que cobra mudanças urgentes na distribuição dos ganhos deste segmento, para melhorar a remuneração dos trabalhadores rurais e pequenos produtores, as condições de trabalho e a desigualdade de gênero na cadeia de fornecedores de alimentos na América Latina, África e Ásia. 

A ideia é pressionar supermercados e governos de todo o mundo a atuarem com firmeza contra a precariedade do trabalho no campo, exigindo maior transparência sobre a procedência dos alimentos, fim da discriminação contra as mulheres e garantia de que agricultores e produtores recebam uma parcela mais justa do que é pago pelos consumidores no varejo. 

A Oxfam informa ainda que, onde governos (como no caso de Vietnã, Equador, Marrocos e Peru) estabeleceram salários mínimos de pelo menos metade do PIB per capita mensal, os salários dos trabalhadores se aproximaram mais das referências de salários dignos. No Brasil, onde o piso salarial hoje é de R$ 954,00, isso daria em torno de R$ 1.316 por mês, em valores de 2017, um valor ainda bem distante do que é indicado pelo Dieese como ideal. 

“Reequilibrar a distribuição de poder entre os supermercados, de um lado, e agricultores e trabalhadores, de outro, incentivaria uma divisão mais justa das enormes receitas da indústria e abriria espaço para o crescimento de alternativas ao atual modelo de supermercado”, afirma o relatório.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Paulo Kliass: O poder do agronegócio

Paulo Kliass: O poder do agronegócio

Estamos chegando ao final de junho e seguimos com essa aparente falta de entusiasmo da população para com a Copa do Mundo e com a seleção brasileira. É bem verdade que tudo isso pode mudar caso a equipe comandada por Tite melhore seu desempenho e avance para as novas etapas da competição. No entanto, o clima geral sugerido pelos grandes meios de comunicação é de antecipação das férias do meio do ano.

Por Paulo Kliass*

  
Aproveitando esse período de anestesia generalizada, quase passou desapercebido da maioria da população um dos raros momentos de deliberação do legislativo federal. Em uma plena segunda-feira, a comissão especial da Câmara dos Deputados encarregada de discutir e votar projetos relacionados ao uso de agrotóxicos reuniu-se com quórum e aprovou um parecer do relator que libera o uso de vários tipos de defensivos em nosso país. Mais uma das inúmeras loucuras perpetradas nesse quesito!

É bem verdade que o assunto ainda precisa ser votado no plenário da Câmara e depois seguir para ser apreciado novamente pelo Senado Federal. Assim, haveria maior espaço para que sejam divulgados mais amplamente todos os absurdos e as atrocidades contidas no texto, que foi consolidado pelo deputado Luiz Nishimori (PR/PR). Na verdade, trata-se de um projeto que teve sua tramitação iniciada ainda no Senado Federal, de autoria do Senador Blairo Maggi, conhecido defensor dos interesses do agronegócio. O Projeto de Lei nº 6299 foi apresentado em 2002 pelo então maior plantador de soja do mundo, antes que o mesmo fosse eleito governador por 2 mandatos para dirigir o estado de Mato Grosso.

Da UDR à bancada ruralista

O êxito obtido em mais essa etapa no interior do legislativo deve ser creditado ao poder exercido pela chamada bancada do agronegócio. A articulação dos ruralistas no interior do Congresso Nacional nos remete à formação da União Democrática Ruralista (UDR), ainda na década de 1980. A iniciativa visava defender os interesses dos fazendeiros, em especial por conta das perspectivas da Assembleia Nacional Constituinte, que iniciou seus trabalhos em 1986. À época, o seu principal foco era evitar que o tema da reforma agrária progredisse naquele espaço, além de estimular a classe dos proprietários de terra em seu endurecimento frente ao movimento dos sem terra. A maior lidernaça da UDR, Ronaldo Caiado, ganhou notoriedade a partir de então e tornou-se uma referência da violência patronal contra os agricultores em nosso país. Foi eleito deputado federal em 1991 e exerceu 5 mandatos consecutivos, antes de tornar-se senador em 2015.

A forte presença dos lobistas em favor da categoria se revela nos corredores do Poder Legislativo e também do Poder Executivo. Em função de sua capacidade de articulação e do número expressivo de integrantes com poder de voto nos plenários das duas casas do Congresso Nacional, os sucessivos governos terminaram por ceder aos seus pleitos. Assim foi com a votação do Código Florestal, com as concessões feitas para ampliar o aceso de estrangeiros às terras, com a liberação sistemática de defensivos/trasngênicos/similares, no tratamento flexível concedido ao trabalho escravo, nas periódicas renegociações das dívidas tributárias do setor, na concessão de crédito subsidiado para as atividades agrícolas pelo Banco do Brasil, entre tantas outras facilidades.

Além de operar pela aprovação de matérias que satisfaçam os interesses do agronegócio, o trabalho de “lobby” também inclui a tarefa de evitar que sejam apreciadas ou votadas medidas que possam contrariar os ganhos desse setor. Para tanto, contam com o florescimento da imagem de um ramo da economia que tem contribuído para evitar que a recessão econômica fosse ainda mais desastrosa, em razão da opção que o comando econômico fez pela estratégia do austericídio.

Agropecuária: benesses e isenção

Assim, é fato que a queda do PIB só não foi mais acentuada em função da presença da agricultura e da pecuária, uma vez que o foco das suas atividades está nas exportações. Como os mercados estrangeiros não são afetados pela crise interna brasileira, o fluxo de venda de commodities no mercado internacional segue firme e forte. Porém, essa visão de “salvadores da pátria” que eles mesmos tentam se auto atribuir não pode significar a isenção em relação ao enorme sacrifício que vem sendo imposto ao conjunto dos demais setores de nossa sociedade.

Além de todos os aspectos gritantes das medidas anacrônicas e injustas acima apontadas, salta os olhos também a enorme facilidade com que os interesses do agronegócio escapam da tributação. Como fazem parte de uma estrutura de impostos marcada por profunda regressividade, a classe de proprietários agrícolas mantém os mesmos privilégios dos seus parceiros das demais frações do capital. Como as altas rendas e o patrimônio permanecem intocáveis “vis-à-vis” os instrumentos de arrecadação tributária, o agronegócio não contribui em nada nesse quesito para nosso orçamento. 

A ausência de regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, tal como previsto no art. 153 da Constituição Federal, mantém o setor intocável a esse respeito. O caráter irrisório e pouco utilizado da legislação sobre heranças também o beneficia e contribui para reforçar o caráter de injustiça da tributação tupiniquim. A absurda isenção concedida a lucros e dividendos das empresas faz com que os rendimentos obtidos por cada um dos empresários do agronegócio sigam sendo ignorados pelo sistema de impostos, ao contrário da maioria da população.

Por outro lado, os tributos específicos do setor tampouco se fazem presentes. O Imposto Territorial Rural (ITR) é muito pouco utilizado e o Brasil está muito atrasado em termos de sistemas de geo-referenciamento para mapear e tributar a imensidão das propriedades agrícolas conhecidas por todo o território nacional. A União praticamente abriu mão de tributar a propriedade rural e se propôs a realizar convênios com as prefeituras para esse fim. Sabemos muito bem qual será o resultado dessa aventura liquidacionista, uma vez que a capacidade de pressão dos fazendeiros junto aos prefeitos é muito maior.

Finalmente, o governo federal sempre teve à sua disposição o Imposto sobre Exportações. Tributar as vendas de commodities para o exterior não exige nem mesmo a aprovação de nova lei. Basta uma portaria do Ministério da Fazenda, estabelecendo o valor da alíquota que deverá incidir sobre a tonelada de soja, o litro de suco de laranja, a tonelada de carne e assim por diante.

A gravidade da crise fiscal e a discussão a respeito das perspectivas de arrecadação tributária para 2019 deve ser um dos pilares do debate eleitoral. Não se pode continuar a exigir sacrifício da absoluta maioria da população e manter os privilégios para uma minoria. Já passou da hora para que o agronegócio passe a dar sua cota de contribuição no que se refere à recuperação da capacidade de arrecadação do Estado brasileiro.


* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

domingo, 24 de junho de 2018

Vítimas dos agrotóxicos são 25% de crianças e adolescentes

Vítimas dos agrotóxicos são 25% de crianças e adolescentes

As crianças e os adolescentes brasileiros estão entre as principais vítimas dos agrotóxicos no Brasil. Segundo dados oficiais, entre 2007 e 2014 foram registradas 25 mil intoxicações relacionadas a esses produtos, um dado que pode ser dezenas de vezes maior, dada à subnotificação das ocorrências. Desse total, 20% – 2.181 casos – têm idades entre 0 e 14 anos. Em estados como Minas Gerais e Mato Grosso, 30% das vítimas têm entre 0 e 4 anos.

Pixabay
  
"Os dados são chocantes quando a gente olha para o conjunto das intoxicações no Brasil e vê os dados por faixa etária. A gente tem no Brasil uma lei muito importante, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). E quando vê dados de agrotóxicos fica pasmo porque, em alguns estados, até 25% da população intoxicada é de crianças e adolescentes", afirma a professora e pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Mies Bombardi, autora do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia.

Em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Larissa traz dados ainda mais estarrecedores. "Em estados como Minas Gerais e Mato Grosso, 30% do total de crianças e adolescentes intoxicados (343) tinha entre 0 e 4 anos, ou seja, ainda na primeira infância", afirma.

Outro dado alarmante é que na faixa dos 10 aos 14 anos, a segunda maior causa de intoxicação por agrotóxicos no período foi a tentativa de suicídio. "São mais de 300 crianças e adolescentes no Brasil que tentaram se matar com agrotóxicos".

Larissa também relata que pesquisas mostram que a exposição frequente a uma classe específica desses produtos – os organofosforados, que são tóxicos ao sistema nervoso central – provoca depressão que se aprofunda a ponto de a pessoa doente tentar tirar a própria vida. "O suicídio é a ponta da cadeia de um quadro tóxico encadeado pela exposição frequente", diz.

De acordo com a professora, há 54 casos registrados de intoxicação por alimentos nesse período e 343 de bebês intoxicados. Entre as hipóteses para explicar a contaminação dos bebês estão o contato com os pais trabalhadores na agricultura e diretamente expostos a esses produtos, além da ingestão de alimentos com resíduos e também a exposição aos agrotóxicos durante pulverizações, principalmente aéreas.

"Nunca é demais lembrar que permitimos no Brasil limites de glifosato na soja duzentas vezes maior que o limite aceito na União Europeia. O glifosato é cancerígeno e a soja é usada em qualquer alimento industrializado. E no feijão, clássico alimento de norte a sul do país, temos índices do inseticida malationa quatrocentas vezes maior que o permitido na União Europeia. Se uma criança pesando dez quilos consumir em um dia 125 gramas de feijão e 125 gramas de arroz, dentro dos limites máximos permitidos, ela terá extrapolado em 12% o que o seu peso corpóreo poderia tolerar desse veneno, o malationa. Essa permissividade explica porque essas crianças teriam se contaminado", diz. 

Fonte: Portal Vermelho A esquerda Bem Informada

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Mais de 95% do lixo nas praias brasileiras é plástico, indica estudo

Mais de 95% do lixo nas praias brasileiras é plástico, indica estudo

Mais de 95% do lixo encontrado nas praias brasileiras é composto por itens feitos de plástico, como garrafas, copos descartáveis, canudos, cotonetes, embalagens de sorvete e redes de pesca.

  
Esta é uma das principais conclusões de um trabalho de monitoramento realizado desde 2012, em 12 delas, pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), em parceria com o Instituto Socioambiental dos Plásticos (Plastivida), uma associação que reúne entidades e empresas do setor.

As pesquisas sobre a questão do lixo no mar ainda são escassas e incipientes, tanto no Brasil como no exterior. Mas, em termos mundiais, sabe-se que os resíduos sólidos nos oceanos possuem diversas proveniências.

Estima-se que 80% deles tenham origem terrestre. Entre as causas disso estão a gestão inadequada do lixo urbano e as atividades econômicas (indústria, comércio e serviços), portuárias e de turismo. A população também tem parte da responsabilidade pelo problema, devido principalmente à destinação incorreta de seus resíduos que, muitas vezes, são lançados deliberadamente na rua e nos rios, gerando a chamada poluição difusa.

Os 20% restantes têm origem nos próprios oceanos, gerados pelas atividades pesqueiras, mergulho recreativo, pesca submarina e turismo, como os cruzeiros, por exemplo.
No ranking dos países mais poluidores dos mares, o Brasil ocupa a 16ª posição, segundo um estudo realizado por pesquisadores americanos e divulgado em 2015.

Eles estimaram a quantidade de resíduos sólidos de origem terrestre que entram nos oceanos em países costeiros de todo o mundo. Aqui, todos os anos são lançados nas praias entre 70 mil e 190 mil toneladas de materiais plásticos descartados.

Ainda de acordo com o mesmo levantamento, a China, a Indonésia e as Filipinas são as nações que mais jogam lixo nos oceanos, com até 3,5 milhões de toneladas de plásticos por ano. Esses três países também aparecem nos primeiros lugares de outro estudo, realizado pela ONG americana Ocean Conservancy. Ao lado da Tailândia e do Vietnã, são responsáveis pelo descarte de 60% dos resíduos plásticos encontrados nos mares do mundo.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

terça-feira, 5 de junho de 2018

No Dia do Meio Ambiente, ONU alerta para perigo da poluição plástica


No Dia do Meio Ambiente, ONU alerta para perigo da poluição plástica


O Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta terça-feira (05), tem como tema este ano “#AcabeComAPoluiçãoPlástica”. O objetivo da ONU Meio Ambiente é chamar a atenção da sociedade para reduzir a produção e o consumo excessivo de produtos plásticos descartáveis.

Martine Perret/ONU Meio Ambiente/Direitos reservados
Poluição provocada pelos plásticos é tragédia ambiental global que contamina o solo e os mares.Poluição provocada pelos plásticos é tragédia ambiental global que contamina o solo e os mares.
Em 2018, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a data soma esforços à campanha #MaresLimpos (http://cleanseas.org/), para combater o lixo marinho e mobilizar todos os setores da sociedade global no enfrentamento deste problema, que se não for solucionado poderá resultar em mais plástico do que peixes nos oceanos até 2050.

Segundo as Nações Unidas, a poluição plástica é considerada uma das principais causas atuais de danos ao meio ambiente e à saúde. Por ano, são consumidas até 5 trilhões de sacolas plásticas em todo o planeta.

Ainda segundo a ONU Meio Ambiente, a cada minuto, são compradas 1 milhão de garrafas plásticas e 90% da água engarrafada contêm microplásticos. De acordo com o organismo internacional, metade do plástico consumido no mundo é descartável e pelo menos 13 milhões de toneladas vão parar nos oceanos anualmente, afetando 600 espécies marinhas, das quais 15% estão ameaçadas de extinção.

Mais de 100 países se uniram sob o slogan do Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano e se comprometeram com atividades, como mutirões de limpeza de praias e florestas, e anúncios de políticas públicas voltadas ao descarte e consumo responsável do plástico.

Para o diretor executivo da ONU Meio Ambiente, Erik Solheim, este é um momento crucial para reverter a maré de poluição global. “Precisamos encontrar soluções melhores e mais rápidas do que nunca. Desistir não é uma opção para nós. Agora é a hora de agir juntos - independentemente da nossa idade - pelo bem do nosso planeta”, disse, em nota.

Lixo Zero

De hoje até quinta-feira (07), Brasília vai sediar o 1º Congresso Internacional Cidades Lixo Zero. O evento reunirá especialistas estrangeiros e brasileiros para apresentar e debater as melhoras práticas e tecnologias usadas para o gerenciamento de resíduos sólidos.

O presidente do Instituto Lixo Zero Brasil e coordenador do evento, Rodrigo Sabatini, disse que o objetivo do congresso é mostrar para as prefeituras que podem adotar uma política de lixo zero. “Lixo zero quer dizer que vamos fazer de tudo para que os resíduos não sejam enviados para aterros. Vamos reciclar, compostar, reduzir”.

Fonte: Portal Vermelho A Esquerda Bem Informada

Parque DOIS IRMÃOS - Semana do Meio Ambiente

Parque DOIS IRMÃOS - Semana do Meio Ambiente







































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MOVIMENTO EM DEFESA DA MATA DO ENGENHO UCHOA

Coordenadores ( ras ):
Luci Machado - 98637.1747
José Semente - 98595.8666
Jacilda Nascimento - 99965.0916
Arlindo Lima - 98622.9518
Patricia Maria 99183.9762
Augusto Semente - 99258.7195


Recife Merece Mais um Parque!

Foto aérea da Mata do Engenho Uchoa 192ha de Mata Atlântica

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Recife - Semana do Meio Ambiente

Recife - Semana do Meio Ambiente










































































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MOVIMENTO EM DEFESA DA MATA DO ENGENHO UCHOA
Coordenadores ( ras ):
Luci Machado - 98637.1747
José Semente - 98595.8666
Jacilda Nascimento - 99965.0916
Arlindo Lima - 98622.9518
Patricia Maria 99183.9762
Augusto Semente - 99258.7195


Recife Merece Mais um Parque!

Foto aérea da Mata do Engenho Uchoa 192ha de Mata Atlântica

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Convite - Reunião ordinária do mês de junho


C O N V I T E 


O Movimento em Defesa da Mata do Engenho Uchoa convida para participar da reunião ordinária do mês de junho de 2018.


PAUTA:  1. Informes; 2. Encaminhamentos para continuação da luta pela implantação do Parque Natural Rousinete Falcão 2.1. Convocação da reunião do Conselho Gestor da U.C. Reserva de Vida Silvestre; e 3. Congresso do Povo. 


Data: 04/06/2018 ( segunda-feira )
Hora: 19h30min
Local: Associação dos Moradores do Barro - AMB
           Rua Manuel Salvador, 361 - Barro – Recife/PE.
           (próximo as Escolas: Municipal do Barro e Profª Olinda A. Semente)

Sua presença será necessária para o desenrolar da luta pelo Parque Natural Rousinete Falcão nos CENTO E NOVENTA E DOIS HECTARES remanescente de Mata Atlântica, reconhecida pela ONU como RESERVA DA BIOSFERA MUNDIAL


Coordenadores ( ras ):
Luci Machado - 98637.1747
José Semente - 98595.8666
Jacilda Nascimento - 99965.0916
Arlindo Lima - 98622.9518
Patricia Maria 99183.9762
Augusto Semente - 99258.7195

Mata Atlântica Sim!
Recife Merece Mais um Parque!


Foto aérea da Mata do Engenho Uchoa 192ha de Mata Atlântica