Projeto Caminho das Capivaras abre nova lógica de mobilidade
O Recife vai ganhar um novo corredor para pedestres e ciclistas às margens do Rio Capibaribe, que integrará parques, praças e equipamentos públicos, do bairro da Várzea até a Boa Vista.
Foto: Ascom UFPE
Nesta segunda-feira (14), às 9h, o prefeito Geraldo Julio assinou convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para elaborar o projeto do Parque Linear do Capibaribe – Caminho das Capivaras. O equipamento, além de ser uma alternativa para a mobilidade, vai resgatar a paisagem de um dos principais cartões postais cidade e estreitar os laços dos moradores com o rio.
O parque linear será composto por passeios, ciclovias, passarelas, pontes de pedestre, áreas verdes e de lazer. Ele ocupará as bordas de terra firme do rio, mas onde houver trecho obstruído, serão implantadas passagens aéreas sobre o leito do curso d’água. Ao todo, o corredor terá 30,64km de extensão, que vai do Instituto Ricardo Brennand até a Ponte 6 de Março, passando por 21 bairros (Várzea, Caxangá, Dois Irmãos, Iputinga, Apipucos, Monteiro, Poço da Panela, Santana, Cordeiro, Torre, Parnamirim, Jaqueira, Graças, Derby, Madalena, Ilha do Retiro, Ilha Joana Bezerra, São José, Ilha do Leite, Coelhos e Boa Vista).
Estreitar a convivência
O prefeito do Recife ressaltou a necessidade de políticas públicas que aproximem os recifenses do Rio Capibaribe. “Com o tempo, a convivência das pessoas com o rio foi se perdendo. O parque linear vai resgatar essa aproximação e oferecer uma rota para ciclistas e pedestres com acesso a pontos turísticos da cidade. A assinatura do convênio com a UFPE será um passo relevante para a implantação desse equipamento”, argumentou Geraldo Julio.
Para projetar a via parque, a UFPE estudará, por nove meses, as duas margens do rio, sendo o trabalho acompanhado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade. A equipe da universidade identificará as áreas propícias para implantar equipamentos de recreação (playgrounds, espaços de aventura, etc), parques nodais, estacionamento de bicicletas, caminhos de pedestres e novos pontos de travessia. Também serão levantados os equipamentos de educação, saúde, lazer e serviços públicos já existentes no percurso, visando à articulação deles com o novo corredor. Para isso, vai se buscar compatibilizar os acessos ao parque com o sistema viário.
Perfil inovador
Segundo a secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa, o projeto terá um perfil inovador, proporcionando uma nova logística de mobilidade e lazer. “Com o Parque Linear, queremos estabelecer uma maior integração entre os recifenses, o rio e a dinâmica urbana da cidade. Por isso, a UFPE é uma parceira importante neste processo de inovação, reunindo uma equipe de docentes e consultores em diversas áreas, como arquitetura, paisagismo, ambiental, estruturação urbana, desenvolvimento econômico e outras”, destacou.
Durante a solenidade de assinatura do convênio, Cida emocionou a todos ao ler o poema Lama = Alma, de autoria de Francisco Pedrosa, seu filho.
Lama = Alma
"O Capibaribe se veste do Recife
E o Recife se despe do Capibaribe
Há muito mais que lama neste mangue
E eu como uma alma presa
Vejo o intestino da cidade
Fugir com a correnteza.
Mobilidade intermodal
Orçado em R$ 2,9 milhões, o convênio do Caminho das Capivaras ainda prevê uma interface direta com o projeto de navegabilidade, que tem uma rota de 11km na direção oeste do Rio Capibaribe. A ideia é permitir a articulação da via parque com as estações de embarque e desembarque e, consequentemente, com o sistema de transporte público convencional. Assim, o rio assumiria um papel de eixo estruturador de uma nova lógica de mobilidade intermodal, permitindo o elo entre o transporte não motorizado, ônibus e barco. Essa dinâmica facilitará o deslocamento das pessoas dentro da cidade.
Afora o incentivo ao uso de bicicleta e a caminhadas, o componente de sustentabilidade vai estar presente em outros aspectos do planejamento do parque linear. A equipe da universidade deve apontar os locais favoráveis à preservação e ao reflorestamento da mata ciliar na beira-rio. Também deve fazer um plano de arborização para o equipamento, que contribua para o controle de calor no local. As espécies nativas da Mata Atlântica ou bem adaptadas à região serão priorizadas. Ainda constam como diretrizes a serem seguidas: a acessibilidade para as pessoas com deficiência, utilização de materiais recicláveis e de fácil manutenção e limpeza.
Fonte: Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife